Por que investir em interoperabilidade na saúde?
Por Daniel Rocha
As instituições de saúde estão cada vez mais investindo em ferramentas e
soluções tecnológicas a fim de otimizar o atendimento aos pacientes. De acordo
com um levantamento realizado pela Associação Paulista de Medicina (APM), com 2,2 mil profissionais brasileiros da área da saúde de 55
especialidades diferentes, 65,19% revelaram utilizar algum tipo de ferramenta
tecnológica durante seu dia a dia de trabalho.
Além disso, a pesquisa apontou os prontuários digitais, onde estão
concentradas grande parte das informações do estado de saúde dos pacientes,
como uma das tecnologias mais utilizadas pelas instituições médicas, 48,10%. Já
os programas de gerenciamento de consultório, que auxiliam na organização dos agendamentos, lembretes
e estoques de medicamentos, por exemplo, são rotineiros em 18,40% das
organizações.
Mas, de nada adianta tanta tecnologia nos processos médicos, se elas não
se conversarem entre si e oferecem maior visibilidade dos dados e clareza nas
operações.
E, é neste contexto, que a interoperabilidade ganha espaço. De maneira
geral, interoperabilidade é a capacidade de dois ou mais sistemas interagirem
entre si, sem ter que criar uma dependência em relação ao outro. Ou seja, ao
interoperarem, os sistemas seguem um padrão em comum, mas que não tenha sido
imposto nem por um e nem pelo outro, e sim definido de forma imparcial.
A interoperabilidade na saúde
Nas instituições de saúde, a interoperabilidade permite a troca de dados
entre diferentes ferramentas utilizadas para armazenar informações dos
pacientes, proporcionando resultados mais significativos no cuidado clínico.
Pode-se dizer que a interoperabilidade na saúde funciona como um ecossistema de informações, no qual o objetivo é
prover um atendimento de ponta a ponta entre médico e paciente, por meio de
soluções tecnológicas integradas com fácil acesso aos dados.
Em um exemplo prático, é comum que os hospitais e as operadoras de
planos de saúde tenham que trocar informações diariamente, porém cada um possui
seu próprio software e sua própria solução tecnológica para a troca de
informações internas. Portanto, para que ocorra a interoperação
hospital-operadora, é adotado um terceiro padrão comum, no qual é possível
compartilhar e extrair de maneira segura e dentro da Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD) todas as informações necessárias para prosseguir com os
atendimentos e procedimentos médicos diários.
Neste cenário, não há dúvidas de que a interoperabilidade na saúde
oferece diversos benefícios aos profissionais da área e aos pacientes, como
atendimentos mais ágeis e qualificados, mais segurança e confiabilidade em
relação às informações, além de maior praticidade nos processos. Para as
instituições de saúde, sistemas interoperáveis garantem uma visão mais ampla
dos processos, uma comunicação eficiente, redução de custos com a diminuição de
retrabalhos e duplicidades de atividades, bem como uma padronização dos dados
dos pacientes.
Desafios a serem superados
Apesar dos diversos benefícios, a interoperabilidade na saúde ainda
apresenta desafios para se tornar totalmente eficiente no sistema de saúde
brasileiro. O primeiro deles diz respeito a tecnologias legadas que ainda
possuem um pouco mais de dificuldade de acompanhar e interoperar em novos
padrões e, para isso, precisam primeiro passar por uma modernização ou troca.
Além disso, durante ou após o processo de interoperação entre duas ou
mais soluções, é preciso realizar a padronização de estruturas para a
representação dos itens adotados, como a atualização do vocabulário, dados e
mensagens, o que é muito mais lento e trabalhoso no setor da saúde, que possui
um nível mais alto de complexidade e exige mais cuidado por tratar-se de dados
sensíveis.
Com os desafios superados, o próximo passo é difundir a
interoperabilidade no sistema de saúde, integrando hospitais, operadoras, laboratórios, clínicas e drogarias, com as
tecnologias atuais disponíveis no mercado, uma vez que somente por meio da
interoperabilidade é possível extrair as informações dos silos de onde elas
estão, ilhadas em softwares, e fazer com que elas conversem entre si.
Sendo assim, as instituições de saúde devem pensar em suas informações
como um ecossistema transitável e a interoperabilidade como uma questão de
sobrevivência para oferecer o melhor atendimento ao paciente.
Daniel Rocha é Diretor Executivo de Saúde da Digisystem, empresa 100% brasileira com 31 anos de experiência em serviços especializados em TI.
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