Ajudar tabagista a deixar o vício exige trabalho de equipe multidisciplinar
O tabagismo é um dos principais riscos à saúde do ser humano. A nicotina possui mais de 4.700 substâncias tóxicas. Sua ação é imediata e chega ao cérebro em poucos segundos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente um terço da população mundial é fumante; mais de 8 milhões de mortes por ano são decorrentes do tabaco; e cerca de 1,2 milhão de óbitos são de fumantes passivos, ou seja, de pessoas que convivem com quem tem esse hábito. “O papel de vilão da saúde pública parece não ser suficiente para convencer os adeptos do cigarro a largarem o vício. Para conscientizar a todos sobre os malefícios do tabaco à saúde, é celebrado no próximo dia 31, o Dia Mundial Sem Tabaco. A data, criada pela OMS, é um alerta importante à população”, comenta o pneumologista da Fundação São Francisco Xavier, Marcos de Abreu.
O pneumologista explica como o tabaco atinge um dos órgãos mais importantes do organismo. “O pulmão é um órgão vital para o ser humano. Ele é o epicentro do nosso sistema respiratório. O tabaco prejudica os mecanismos de defesa do organismo. Quando uma pessoa inala a fumaça do cigarro está mais suscetível a infecções por vírus, bactérias e fungos. Uma das principais doenças associadas ao tabagismo é a pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), caracterizada pela presença de enfisema pulmonar e bronquite crônica”. Entre os principais sintomas, de acordo com o médico, estão a falta de ar, tosse e chiado no peito. A enfermidade aumenta o risco de infecção, pneumonia, internação – inclusive na UTI, intubação e ventilação mecânica.
Além da DPOC, mais de 50 doenças estão associadas ao tabagismo. Entre as principais estão as doenças pulmonares, cardíacas e cancerígenas. Marcos de Abreu pontua que, apesar de nocivo, o processo para largar o vício é muito difícil para o paciente. “A relação do tabagista com o cigarro costuma ser de amor e ódio. Ele oferece uma sensação de prazer, o que dificulta o abandono do vício. Em contrapartida, também pode destruir relações com a família, os amigos e no trabalho”.
Segundo o pneumologista, grande parte dos fumantes sabem exatamente os riscos, quais doenças estão associadas e os malefícios para outras pessoas. “O tabagista sente na pele, no olfato, nas relações sociais, na dificuldade em respirar e em tantos outros momentos, os efeitos do tabaco. Todavia, a dificuldade em parar é notória na maioria dos pacientes que vêm ao consultório”, frisa.
Convencer um tabagista a largar o vício vai além da explicação das causas nocivas de seu ato. “Muitos param de fumar depois que passam por um evento crítico, seja infarto ou pneumonia. Outros tantos querem parar por causa da família”, comenta.
Na maioria dos casos, largar o cigarro necessita de planejamento e forte apoio da família e de amigos. “É preciso querer muito, mas bons motivos não faltam. Uma lista da OMS destaca 100 motivos para deixar de fumar. Os benefícios à saúde são imediatos. A cada 20 minutos após a cessação, a pressão sanguínea volta ao normal. Depois de duas horas não há mais nicotina no sangue. Após 24 horas os pulmões já funcionam melhor”, ensina o médico.
Marcos de Abreu recomenda que, independentemente do motivo, se uma pessoa não consegue deixar o vício por conta própria é fundamental buscar auxílio de uma equipe multidisciplinar para o tratamento que envolva psicólogo, psiquiatra, pneumologista e médico da família. “Além de ganhar em saúde, o ex-tabagista terá o controle da sua vida, viverá melhor, mais feliz e saudável”, conclui.
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