Como as criptomoedas afetam o combate à lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo e como os países deveriam agir?
Patricia
Punder, advogada e CEO da Punder Advogados
Para
melhorar os esforços da justiça criminal no combater à lavagem de dinheiro e
financiamento do terrorismo, os países devem, em primeiro lugar, trabalhar
conjuntamente e fazerem avaliações conjuntas.
Olhando
mais amplamente, os países deveriam também realizar as seguintes ações:
A fim de
visar o produto do crime, muitos os países devem fazer grandes ou fundamentais
melhorias nos sistemas de justiça criminal.
Em linhas
gerais, isso significa fortalecer uma cultura de investigações financeiras
entre autoridades e priorizando casos focados em risco. Isso significa que, na
prática, os países precisam olhar para as deficiências estruturais dentro e
entre as agências e trabalhar em maneiras de superar obstáculos comportamentais
e culturais que se colocam na forma eficaz de identificação, investigação e
acusação de complexo e lavagem de dinheiro.
Nos casos
de recuperação de ativos, não existe “bala de prata” para resolver tais
questões com resultados imediatos. Os sistemas de justiça são complexos e
requerem coordenação com compromisso e buy-in
em todos os níveis de governo (incluindo o político) para alcançar resultados
positivos. Infelizmente, não temos visto isto acontecer. Existem situações
reais onde o uso de criptomoedas tem sido utilizado para lavar dinheiro e
financiar o terrorismo.
Sem uma
legislação única sobre criptomoedas teremos cada vez mais, empresas e
executivos burlando as legislações de seus países, buscando não somente lavar
dinheiro para algo criminoso, mas também para evitar o pagamento de impostos.
Os paraísos fiscais deixaram de ser países e passarão a ser moedas eletrônicas,
que na maioria das vezes não são rastreáveis.
Os países
precisam melhorar significativamente seus sistemas de justiça criminal por meio
de ações concretas de coordenação. Isso inclui privar os criminosos do produto
do crime e demonstrando que o crime não compensa, impedindo terceiros e
lavadores de dinheiro profissionais, que lidam com dinheiro para grandes grupos
do crime organizado e outros infratores.
Concluindo,
os países devem melhorar seus processos contra lavagem de dinheiro e
financiamento do terrorismo implementado medidas urgentes, que podem desagradar
politicamente muitas pessoas, concentrando-se na eficácia da execução das leis
voltada para estes temas. Os países devem se concentrar em alcançar resultados
tangíveis desenvolvendo uma cultura que ‘segue o dinheiro’ que alimenta crimes
e atividade terrorista. O uso de times com alto conhecimento em tecnologia
serão fundamentais para que os resultados positivos possam ser alcançados.
Afinal, temos um novo modelo sendo utilizado – criptomoedas.
Patricia
Punder, advogada é compliance officer com
experiência internacional. Professora de Compliance no pós-MBA da USFSCAR e LEC
– Legal Ethics and Compliance (SP). Uma das autoras do “Manual de Compliance”,
lançado pela LEC em 2019 e Compliance – além do Manual 2020.
Com sólida experiência no Brasil e na América Latina, Patricia tem expertise na implementação de Programas de Governança e Compliance, LGPD, ESG, treinamentos; análise estratégica de avaliação e gestão de riscos, gestão na condução de crises de reputação corporativa e investigações envolvendo o DOJ (Department of Justice), SEC (Securities and Exchange Comission), AGU, CADE e TCU (Brasil).
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