Diversidade na pauta corporativa: o que você faz para mudar a realidade ao seu redor?
* Bárbara Nogueira
Estamos vivendo um contexto mundial de
mudança rápida, constante e inevitável. Nesse cenário, está cada vez mais
acentuado o olhar para temas relacionados às pessoas dentro das organizações,
como a diversidade. Esse ainda é um tema sensível e que precisa, sim, ser
colocado em pauta de alguma maneira nas empresas. Trabalhar internamente
questões sobre orientação sexual, gênero, raça e cor nunca esteve tão em alta –
é preciso trazer os temas para o ambiente corporativo, para desmitificá-los e
para erradicar preconceitos e olhares julgadores, que ainda existem em nossa
sociedade. Afinal, sempre importante lembrar que os resultados das organizações
são entregues por pessoas, que devem ter respeitadas suas opções de vida e de
ser como são.
Com relação à questão de diferença dos
gêneros masculino e feminino nas estruturas organizacionais, de remuneração e
cargos de liderança, é importante reconhecer que as mulheres já conquistaram
muitas posições, se partirmos de sua inserção no mercado de
trabalho nos idos da primeira e segunda guerras mundiais (1914 – 1918 e
1939 – 1945, respectivamente), quando os homens iam para as batalhas e elas
passaram a assumir os negócios da família e ocupar espaço dos homens
no mercado de trabalho. Mas ainda existe uma longa caminhada a trilhar.
Qualquer mudança nesses sentidos depende
da atitude das pessoas que compõem o ambiente da organização. Não basta
apenas querer implementar uma mudança numa empresa cuja cultura está pautada em
práticas trabalhistas antigas, que não se atualizou. Essa mudança de pensamento
e de hábitos continuamente no dia a dia precisa estar no modus operandi do(a) CEO,
dos(a) gestores (a), para envolver a todos os colaboradores de uma instituição.
A relevância de cada um, dentro de
sua especificidade e da sua pluralidade, se dá quando nos tornamos
protagonistas e relevantes na entrega de nossos resultados e na execução do
nosso trabalho, em qualquer papel desempenhado. O processo de transformação de
uma cultura organizacional para uma cultura mais diversa é de responsabilidade
de todos, pois todos nós somos protagonistas desse processo e podemos atuar
como embaixadores da diversidade.
Pense comigo: “Se queremos mudar o
mundo, precisamos mudar primeiro a gente. Ser protagonista da nossa vida e da
nossa carreira, é não terceirizar isso para ninguém, nem para a empresa que
trabalhamos.”
Para isso, é preciso muita atitude,
ação, autoconhecimento, para, desta forma, conhecer suas habilidades e suas
competências, conhecer suas escolhas, o que ainda é necessário você
desenvolver, independentemente de quem se é. A transformação tem que ser
genuína, de dentro para fora, primeiro em nós e, depois, no ambiente que nos cerca.
Vale pontuar que “o autoconhecimento é
importantíssimo, pois é por meio dele que temos acesso ao nosso inconsciente,
ao nosso modelo mental, o que inclusive nos auxilia a minimizar aos poucos os
vieses inconscientes que existem em todos nós, que afetam diretamente na
jornada da diversidade”.
Para melhor entendimento, vieses
inconscientes são preconceitos ou pensamentos tendenciosos a respeito de uma
ideia, grupo ou indivíduo, tendo como base os próprios julgamentos e formas de
enxergar, devido a experiências passadas que permanecem armazenadas no
subconsciente, influenciando as atitudes sem que possamos perceber. É um
julgamento automático; crenças que foram incorporadas inconscientemente ao
longo da vida, isto é, sem que as pessoas se dessem conta, e que acabam ditando
muitos comportamentos do dia a dia, como se fosse algo natural.
Existem alguns tipos de vieses que podem
ser desencadeados por características como: gênero; raça; orientação sexual;
deficiência; origem; religião e físicas (visíveis ou invisíveis). Todas as
pessoas são "enviesadas" devido à forma como o conceito de
autoconsciência e existência são construídos à medida que vivemos nossas vidas.
Isso significa que somos todos suscetíveis aos vieses porque somos humanos.
Todavia, podemos nos atentar para que seja possível identificar situações e
raciocínios do cotidiano em que os preconceitos tendem a comandar nossa postura
ou pensamento.
Empresas mais desenvolvidas em relação
ao tema da diversidade já deram o primeiro passo na implementação de programas
e comitês específicos para discussão sobre o tema internamente. Elas falam
abertamente sobre o assunto, desafiam constantemente o pensamento de seus
colaboradores, para assim começar a desenvolver o processo de mudança. Sem
dúvida, ao conseguir identificar e evitar os vieses inconscientes, os
benefícios virão para todos. A empresa terá resultados e será um lugar
disputado pelos profissionais de alta performance.
Logo, os colaboradores vão perceber mudanças no clima
organizacional e poderão se desenvolver melhor como
seres humanos.
É de fato uma longa jornada, não ocorre
da noite pro dia. O processo de mudança acontece com a comunicação humanizada e
aprendizado constante. Por fim, cada um pode e deve colaborar dentro da sua
realidade com ações e atitudes que fazem a diferença no ambiente corporativo,
dentro de um processo de aprendizagem, afinal, a mudança é o resultado de
nossas ações. O que você faz para mudar a realidade ao seu redor? Você está
aberto pra desaprender o que for preciso e reaprender de novo o que for
necessário? Esse é o primeiro passo!
*Bárbara Nogueira é diretora, carreer
advisor e headhunter da Prime Talent
Executive Search. É também conselheira
de administração pela Fundação Dom
Cabral (FDC) e embaixadora da ONG
ChildFund Brasil. Formada em psicologia,
já avaliou mais de 10 mil executivos em
toda a America Latina. Instagrams:
@prime.talent e @barbaranavesnogueira.
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