Irrigação inteligente no campo é caminho para aumento da produtividade agrícola
Eduardo Porto Navarro*
A crescente preocupação
com a utilização sustentável dos recursos hídricos, demanda a aplicação de
novas tecnologias que utilizem a água de forma racional, enquanto aumentam a
produtividade no campo.
Em seu discurso na
cerimônia de abertura na AGRISHOW, o presidente do Conselho de Administração da
ABIMAQ, João Carlos Marchesan, disse textualmente que menos de 15% da área
total cultivada no Brasil utiliza a tecnologia da irrigação, no entanto,
representa mais de 40% dos alimentos produzidos, explicando assim a importância
do setor, uma vez que a China irriga 70 milhões de hectares, os Estados Unidos
17, e no Brasil 7. Por isso que necessitamos de investimento. Para continuar
produzindo, alimentando o povo brasileiro, e gerando divisas para o País.
Assim, foi sugerido que o Proirriga - Programa de Financiamento à Agricultura
Irrigada e ao Cultivo Protegido tenha uma ampliação do volume de recursos para
R$ 5 bilhões.
Com clima tropical,
água em abundância – 14% do total de água potável do mundo –, e utilizando-se
menos de 10% do solo para plantio sem a necessidade de desmatar, o país tem
vantagens naturais que se sobressaem em relação a outros países. Conforme um
levantamento realizado pela Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação (CSEI),
da ABIMAQ, a área total irrigada em 2020 foi de 249.225 mil hectares contra
209.500 mil, em 2019 – aumento de 18,96%. Desse total, 117 mil hectares foram
de irrigação por aspersão com pivô central, contra 97,5 mil, no mesmo período
comparado – aumento de 20%.
A produção nacional
segue um padrão global de qualidade elevada, que passa pela evolução da
inteligência artificial aplicada às máquinas, cada vez mais precisas,
conectadas e baseadas em dados. Essa nova realidade do setor ajuda a acelerar
os processos e facilita a vida do produtor.
2020 foi um ano
interessante para o produtor, que promoveu mais investimentos em tecnologia. As
projeções indicam ainda que o setor de irrigação no Brasil poderia crescer
muito mais para chegar perto de países como a China, que irriga 70 milhões de
hectares por ano; e a Índia, que irriga 76 milhões de hectares por ano.
A Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agriculgura (FAO) prevê um aumento de 47%
na demanda mundial por alimentos até 2050. Assim, a irrigação no Brasil deve
contribuir para aumentar a produção de alimentos, mas deve melhorar a sua
eficácia (o que fazer) e sua eficiência (como fazer). E temos tecnologia para
isso.
A agricultura irrigada
no Brasil vem crescendo ano a ano. Em 2019, a média de área incrementada foi de
200 mil hectares, e em 2020, o crescimento foi para 250 mil hectares, com
potencial de expansão acima de 350 mil hectares ano a ano. Para tanto, julgo
ser necessário fazer pequenos ajustes, como incremento de turnos, layout na instalação
de equipamentos de irrigação e logística para escoamento da produção. Afinal,
não se pode perder de vista que a história do surgimento da irrigação no mundo
se confunde com a história da agricultura e da prosperidade econômica de
inúmeros povos antigos. Muitas das civilizações se originaram em regiões
áridas, onde a produção só era possível com o recurso da irrigação.
Esse é o caso do Nilo,
no Egito; do Tigre e do Eufrates, na Mesopotâmia e do Ganges, na Índia (ano
1.000 a.C.), locais em que populações nasceram e cresceram graças ao uso
eficiente de seus recursos hídricos
*Eduardo Porto Navarro, é engenheiro agrônomo, graduado pelo Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal em 2000, e cursou MBA em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA USP) em 2005 e presidente da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação
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