Índice de perdas no varejo cresce em 4 setores no pós-pandemia; soma no total chega a R$ 24 bilhões
Segmentos de supermercados, esportes, magazines
e eletromóveis registraram perdas de 2,15%, 1,12%, 0,94% e 0,26%; índice médio
ficou em 1,21%, um pouco abaixo do que foi registrado nos últimos dois anos
Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe
Edilson Dias/Divulgação
Junho de 2022 – O retorno dos
consumidores às lojas após a reclusão social vivida com a pandemia do
coronavírus fez também o índice de perdas crescer em quatro setores do varejo.
Segundo a 5ª Pesquisa Abrappe de Perdas no Varejo Brasileiro, realizada pela
Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe - www.abrappe.com.br) em
parceria com a KPMG em 12 segmentos, supermercados, esportes, magazines e
eletromóveis registraram em 2021 um crescimento nos índices de perdas em
comparação a 2020. No setor supermercadista as perdas aumentaram de 2,10% para
2,15%. No varejo de artigos esportivos saíram de 0,99% para 1,12%, no de
magazines saltaram de 0,91% para 0,94% e no de eletromóveis foram de 0,11% para
0,26%.
Nos varejos
supermercadista, esportes e magazine, as perdas desconhecidas foram as
principais responsáveis pelo crescimento. “A perda desconhecida, principalmente
furtos (externos e internos), foi o fator de maior contribuição para esse
aumento, pois em 2020 tivemos controle de acesso de clientes em razão das limitações
impostas pelas prefeituras locais por conta da pandemia. Em 2021 esse cenário
se normalizou ao longo do tempo, aumentando o risco de furtos nas lojas”, diz
Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe. O crescimento das perdas no setor
de eletromóveis é decorrente, por sua vez, de quebras operacionais (avarias das
peças, por exemplo) por conta das crescentes vendas pelo e-commerce.
Na comparação dos 12
setores pesquisados, o de supermercados, com 2,15%, é, de longe, aquele com os
maiores índices de perdas do varejo. Desse total, 1,43% são oriundas de quebras
operacionais e 0,72% de perdas desconhecidas, especialmente furtos. “Porém, as
quebras operacionais geradas por produtos sem condição de vendas por
vencimento, perecibilidade e desperdício de alimentos, além de erros
operacionais na gestão de estoques, continuam sendo as principais causas das
perdas no setor (66,51%)”, argumenta Santos.
Índice médio caiu - Pelo terceiro ano
consecutivo, o índice geral de perdas caiu no varejo brasileiro, para 1,21%,
totalizando pouco mais de R$ 24 bilhões, como aponta a Abrappe. Em 2020 ele
havia sido de 1,33%, com perdas que somavam R$ 23,26 bi. Um ano antes, a média
foi de 1,36%.
O valor de R$ 24 bi em
perdas representa o percentual de 1,21% sobre as vendas líquidas do varejo
ampliado em 2021, que foi de R$ 1.990 trilhão, segundo dados extraídos do IBGE.
Parceira na pesquisa, a KPMG também informa que não há espaço para níveis
excessivos de perdas. “Uma boa gestão dos processos, logística eficiente e
abastecimento balanceado são fundamentais para atingir níveis satisfatórios”,
afirma Fernando Lage, sócio de Auditoria Interna, Risk & Compliance
Services da KPMG no Brasil.
A redução das perdas
também se deve ao aumento da maturidade das empresas varejistas em razão de
maior relevância ao tema, investimentos, equipes mais preparadas e melhoria dos
processos, como aponta o presidente da Abrappe. “Mas ainda estamos longe do
resultado ideal, existe um oceano de oportunidades de melhorias”, diz.
Novos índices e redução
em três setores - O levantamento da Abrappe também registrou, em 2020,
índices dos varejos de moda e calçados, que não haviam sido apresentados na
pesquisa anterior. Esse último registrou perdas de 1,38%, acima da média
nacional, enquanto o de moda, com 0,80%, ficou bem abaixo. Ambos os setores,
segundo o presidente da Abrappe, foram muito afetados em 2020 por serem não
essenciais. “Nesse período, a prioridade foi a proteção do caixa da empresa,
muitos processos internos não foram executados, porém, a retomada ocorreu ao
longo de 2021, o que nos permitiu divulgar os dados neste ano”, diz o
executivo.
Apesar de registrar uma
redução (de 2,04% em 2020 para 1,74% em 2021), as perdas nas perfumarias
ficaram também acima da média nacional. "Geralmente, o setor de perfumaria
é um dos mais afetados por práticas criminosas dado o apelo dos produtos
bastante cobiçados, como perfumes e maquiagens, entre outros. O segmento
precisa investir mais em boas práticas de prevenção de perdas", avalia o
presidente da Abrappe. As drogarias (de 1,08% para 0,89%) e o varejo da
construção (de 1,04% para 0,96%) foram outros setores que reduziram as perdas.
De acordo com Santos,
os setores de perfumarias e construção tiveram uma importante redução de perdas
geradas por produtos sem condição de vendas causadas por vencimento e avarias,
resultado de uma melhora na gestão de estoques. “As drogarias também tiveram
redução das perdas dos produtos sem condições de venda e também por furtos em
razão do excelente nível de maturidade que o setor possui na gestão de seus
estoques e perdas”, enfatiza o presidente da Abrappe.
SOBRE A ABRAPPE (www.abrappe.com.br)
A Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe) é uma organização independente formada por representantes de mais de 600 empresas de todos os segmentos do varejo brasileiro, que tem como propósito fomentar a cultura de prevenção de perdas por meio da capacitação profissional, geração de estudos, troca de experiências e promoção de networking. Além da presença na capital paulista, a associação está presente em 14 Estados por meio de comitês regionais.
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