Mudanças na educação: 7 métodos de ensino que já existem e vão além do tradicional
A previsão é que até 2030 ocorram mudanças
expressivas no cenário educacional mundial
Quando o assunto é educação, o que vem
em mente para a maioria dos brasileiros é aquela visão tradicional de uma sala
de aula, em que os alunos estão em suas mesas e cadeiras e o professor à frente
discorrendo sobre determinada matéria. Mas, graças à tecnologia, à
necessidade nas mudanças em educação e ao aparecimento de startups e empresas
dispostas a mudar o mercado, outras metodologias já vem sendo aplicadas na
formação de estudantes e profissionais brasileiros.
O último relatório do World Innovation
Summit for Education (WISE) mostrou, inclusive, que até 2030 devem ocorrer
mudanças expressivas no cenário educacional mundial, impactando professores e
alunos. Abaixo você confere sete métodos de ensino que já existem e estão
em prática, transformando a educação no Brasil e no mundo.
- Design thinking
Ao aprender por meio desse método, a
pessoa busca a resolução de problemas por meio do pensamento visual. Ele também
estimula o trabalho em equipe, a colaboração e a coletividade, uma vez que seu
processo une aspectos sociais, como visão de mundo e cultura, com o intuito de
obter uma solução mais completa para os problemas enfrentados. A partir do
design thinking, o estudante é convidado a compreender as necessidades “humanas”
do sujeito a ser impactado pela solução proposta. E ainda mais interessante é
que essa metodologia pode ser utilizada em qualquer área, visto que visa a
satisfação do “agente problema”, o que só pode ser alcançado quando trabalhado
tendo a empatia com base da solução da questão. No Brasil, esse tipo de ensino
é muito aplicado em empresas, uma vez que foi identificado seu poder para a
transformação no trabalho, elevando a criatividade. Exemplo disso é o trabalho
que a Isvor executa em suas consultorias de educação corporativa.
- Streaming
para o Novo Ensino Médio
Em um catálogo de cursos contendo opções
como "Novas Mídias: Podcast + Cinema + YouTube" e "Money:
Educação Financeira”, o estudante do ensino médio escolhe o conteúdo que
considerar mais relevante, pode pausar para continuar a assistir depois e ainda
descobrir novas habilidades pelo caminho. Esse recurso é uma das opções de
aprendizado criadas após as mudanças na lei para o Novo Ensino Médio e foi
desenvolvido pela edtech ICE Play. “A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional estabeleceu novas carga horária e modalidade de aulas a serem
totalmente aplicadas até 2023, mas muitas escolas já escolheram começar em
fevereiro deste ano para que seus alunos não tenham acúmulo de disciplinas. São
600 horas a mais, totalizando 3 mil horas/aula durante todo o Ensino Médio, com
60% de conteúdos tradicionais (como Português, Matemática e História) e 40% de
novos conteúdos (os chamados, itinerários formativos), o que significa que as
escolas devem ofertar novas disciplinas, capacitar ou contratar novos
professores e providenciar a infraestrutura necessária”, explica o professor e
CEO da startup Gabriel Gonçalves. O formato de streaming de cursos para o
Ensino Médio da ICE Play é voltado às habilidades do futuro e conta com 10
cursos por semestre. Alguns dos mais procurados dentre os disponíveis para os
1200 alunos que já usufruem do sistema, estão o "We Program I: Programação
de Websites" e "Solta o Verbo: curso de oratória".
- “Work
base learning”
Imagine que você é um estudante e tem a
oportunidade de experimentar solucionar a questão de uma grande empresa antes
de estar inserido no mercado de trabalho. Seria no mínimo interessante, não?
Muito utilizada no Canadá e nos Estados Unidos, a metodologia de
“aprendizagem baseada em trabalho” tem como objetivo preparar os alunos para o
mercado de maneira eficaz, indo além do ensino teórico e técnico como os
modelos tradicionais fazem. No Brasil, esse método é utilizado pela Escola Korú (www.escolakoru.com.br). Os estudantes
devem desenvolver soluções para problemas reais das empresas parceiras da Korú.
As práticas de trabalho funcionam da seguinte forma: começam com o processo de
‘discovery’ [descoberta], que é investigar o problema que deve ser solucionado;
depois, os estudantes criam um MVP [produto mínimo viável] e, por fim, realizam
um pitch para a empresa parceira, que pode aceitar ou ajustar a solução em
diálogo com os alunos. “Tal prática permite o desenvolvimento e a
aprendizagem de habilidades interpessoais e aumenta a possibilidade de
empregabilidade”, diz Raíssa Florence, cofundadora da Korú.
- Ágil
Ir além da tarefa e exercer a
pró-atividade é desafiador, mas mais fácil do que você imagina para a
metodologia de ensino Ágil. Tal método foi criado como uma resposta aos
formatos tradicionais, mais pesados, para o desenvolvimento de softwares e é
baseada em quatro pilares: (1) indivíduos e interações são mais que
processos e ferramentas; (2) softwares em funcionamento são mais que
documentação abrangente; (3) colaboração com o cliente é mais que
negociação de contrato; e (4) responder às mudanças deve ser mais do que
seguir o plano. Deste modo, essa metodologia prevê que o aluno seja o
protagonista de seu aprendizado, dispondo de um ensino menos conteudista e mais
prático.
- Método
Montessoriano
Febre entre os influenciadores digitais
que compartilham a rotina dos processos educativos dos filhos pelas redes
sociais, o Método Montessoriano é aplicado em também em escolas infantis no
Brasil e se estende até as residências das famílias adeptas. A ideia é dar mais
autonomia e liberdade individual às crianças como, por exemplo, com mobiliário
compatível com a estatura dos pequenos. Em busca de sempre manter o respeito
aos limites do desenvolvimento de cada um, o método desenvolvido pela médica
italiana Maria Montessori, engloba as habilidades sociais, físicas e
psicológicas da criança. Para isso, dois pontos podem ser destacados como
fundamentais: (1) o aprendizado por si mesmo, de acordo com o desenvolvimento
natural e períodos sensíveis da criança, respeitando o próprio ritmo como seres
individuais; e (2) o ambiente propício ao aprendizado, pensado para atender as
necessidades específicas dos pequenos.
- Educação Maker
Você acredita que pode construir ou, se
preciso, consertar seus próprios objetos? Então você é parte da cultura maker e
pode se dar bem com esse método de aprendizagem. Tal metodologia foge dos
padrões das aulas expositivas, pois as sessões de ensino são focadas em
oficinas, em “colocar a mão na massa”. Por meio dela, os alunos têm a
oportunidade e também os recursos necessários para desenvolver e testar novas
ideias. Essa metodologia é vista, no Brasil, mais em instituições que
proporcionam experiências e as escolas fazem visitas e imersões para
diversificar seu ensino. É o caso, por exemplo, da BeGreen. A rede de fazendas urbanas
oferece a escolas e universidades visitas às estufas, onde os participantes
plantam e colhem hortaliças, além de vivenciar, na prática, a aplicação da
tecnologia para transformações sustentáveis na produção de alimentos. “Vivenciar
é uma poderosa forma de aprendizagem, tem o poder de impactar as escolhas
individuais e coletivas que os estudantes farão dali pra frente”, afirma
Matheus Ramalho, gerente de Marketing da BeGreen. O compartilhamento, a
experimentação e o desenvolvimento de ideias é o que faz com que os alunos
sejam protagonistas no aprendizado por meio da transdisciplinaridade.
- Americana
Talvez o mais conhecido desta lista tenha esse posto devido ao sucesso de temáticas envolvendo o “high school” em séries e filmes. Nos enredos é possível ver os alunos trocarem de sala de aula, estudantes da mesma idade em níveis diferentes da mesma matéria e muitas outras peculiaridades. O motivo é simples: o sistema educacional americano funciona com base em créditos, isto é, cada matéria tem um valor atribuído a ela, e o estudante deve ter uma quantidade mínima de pontos em área de estudo específicas para se formar, além de um número mínimo de pontos somando todas as áreas de estudo. Cada estado americano pode definir quais são as matérias ou número de créditos necessários para obter o diploma. Na maior parte dos casos, o aluno deve cursar matemática, inglês, uma matéria da área de ciências sociais e uma matéria da área de ciências. Além das disciplinas obrigatórias, as escolas americanas oferecem outras eletivas. Essas matérias não são compulsórias individualmente para a formatura, mas o estado americano pode exigir que o estudante tenha um número mínimo de créditos de qualquer matéria eletiva para se formar.
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