Estudantes do CEUB apontam a eficácia da Cannabis Medicinal no tratamento da epilepsia infantil
Artigo do curso de Biomedicina destaca os
benefícios do uso da substância para a redução significativa de crises
epiléticas
Um estudo realizado por formandas do
curso de Biomedicina do Centro Universitário de Brasília – CEUB aponta a
eficácia do uso terapêutico de Cannabidiol (CDB) para o tratamento pediátrico
de epilepsia. Motivadas pela ausência de medidas efetivas sobre o assunto no
Brasil, as estudantes Ana Carolina Guimarães e Natasha Soares apresentaram, por
meio do Programa de Iniciação Científica do CEUB, o artigo “Eficácia do Uso de
Canabidiol em Pacientes Pediátricos com Epilepsia Refratária ao Tratamento: Uma
Revisão Sistemática”.
Com o objetivo reforçar a eficácia do
tratamento com CDB (Cem pacientes com epilepsias refratárias pediátricas
resistentes aos fármacos convencionais, as formandas tiveram como foco o amplo
espectro de propriedades farmacológicas, como ação analgésica e
imunossupressora existente na substância. “Nosso ponto principal é mostrar que
por mais que existam pesquisas e resultados promissores, o preconceito ainda é
muito evidente na sociedade brasileira. Precisamos buscar mais alternativas
eficazes para ajudar essas crianças”, frisam as biomédicas do CEUB.
De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), o CBD pode ser usado no tratamento de diversas doenças, como, por
exemplo, ansiedade, estresse pós-traumático, além de atuar como medicamento
anti-inflamatório. Atualmente, o Brasil tem 18 medicamentos aprovados pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a liberação para o uso
pediátrico ainda é polêmica e inacessível.
Analisando estudos que testaram crianças
a partir de um mês de vida, a pesquisa aponta que a maioria dos pacientes
utilizou o óleo de canabidiol purificado (60%) e 40% produtos combinados de CBD
e Tetrahidrocanabinol (THC). Os experimentos envolveram crianças com as
síndromes: Lennox- Gastaut, West, Dravet, Doose, Ohtahara, Epilepsia focal e
Multifocal, Encefalopatía epiléptica, epilepsia generalizada, epilepsia
infantil intratável, espasmos infantis, Sturge-Weber e epilepsia infantil de
ausência focal. Foram extraídas e avaliadas as seguintes informações: idade dos
participantes, tipo de epilepsia, dosagem do Cannabidiol, redução do número
e/ou intensidade das crises e efeitos adversos. Quanto à frequência das crises,
14 estudos apresentaram pacientes que cessaram totalmente as crises.
Entretanto, a maioria dos participantes envolvidos (80 -100%) na pesquisa dos
25 artigos, tiveram reduções menores das frequências das crises.
Por se tratar de uma doença que não
responde aos medicamentos convencionais, a investigação de novas formas de
tratamento, como o uso do CBD, pode proporcionar qualidade de vida para estas
crianças e seus familiares. Além disso, o artigo acadêmico evidencia a
segurança e eficácia do uso dos dois principais canabinóides (CBD e THC) em
pacientes pediátricos, que possuíam efeitos leves em comparação a outros
tratamentos considerados invasivos e tóxicos para as crianças.
Uma das autoras da pesquisa acadêmica,
Ana Carolina Guimarães destaca que alguns pacientes conseguem ter acesso ao
medicamento com muita dificuldade, já que é necessário entrar na justiça para
conseguir uma receita do CBD. “Com a implementação de estratégias e políticas
públicas sobre o Cannabidiol, o acesso ao tratamento será facilitado a todas as
classes sociais.”
“Sobre nossa pesquisa, podemos evidenciar a eficácia do CBD - que, quando combinado com o THC, tem mais benefícios se utilizados com dosagem adequada. As reações adversas deste tratamento são bem mais brandas em relação aos fármacos convencionais. Por isso, precisamos incentivar e buscar mais pesquisas efetivas no Brasil. Resultados promissores nós temos, mas infelizmente o preconceito inviabiliza e demoniza o uso medicinal”, arrematam as Biomédicas, Ana Carolina e Natasha.
Nenhum comentário