Precisamos falar sobre deficientes no Brasil
Lair Moura*
Segundo dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), pelo menos 45 milhões de brasileiros, têm algum tipo de deficiência, o
que corresponde a quase 25% da população do Brasil. É um número expressivo e
considerável, que requer atenção e cuidados dos nossos Governantes nos
Municípios, Estados e União.
Precisamos de uma voz,
dentro do nosso País que chegue até a opinião pública e que arrebanhe adeptos
para a defesa das principais barreiras, enfrentadas por essa enorme parcela da
População Brasileira. Quando achamos que as dificuldades de locomoção ou
qualquer outra limitação, ocasionada pela deficiência, é um grande problema,
fica evidenciado, que a maioria
da população não tem consciência, do que realmente
significa ser uma Pessoa com deficiência no nosso Brasil.
Quando convivemos com
Pessoas com deficiência, seja ela qual for, começamos a perceber as
dificuldades de acesso às políticas públicas ou ausência dessas políticas.
Quão difícil é inserir
uma criança com deficiência em Escola que tenha o que ela precisa, para
desenvolver ao máximo o seu potencial?
A L.D.B. (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação) assegura em seu artigo 58° que a Educação da
Pessoa com deficiência começa com zero ano, na Educação Infantil e vai ao longo
da vida.
A Lei do Fundeb (Fundo
que custeia a Educação) assegura que o valor da vaga para alunos com
deficiência, deve ser repassado também para as escolas conveniadas. Entretanto,
o Estado não repassava esse valor para as Escolas conveniadas, e só começou a
repassar em 2022 por determinação do Governador Rodrigo Garcia ao assumir como
Governador, ao meu pedido.
Para serem incluídas no
mercado de trabalho, a Pessoa com deficiência tem que estar preparada, e só a
Escola Especializada fazem essa formação no nosso Estado. O aluno com
deficiência intelectual que frequenta a Escola Regular, não recebe esse
atendimento.
A parceria com as
Escolas Especializadas, limita em 30 anos a idade para frequentar a escola especializada,
ainda que a Lei fale que ela tem, esse direito ao longo da vida.
É muito importante que
Governo e Sociedade, pensem em ações para incluir de fato todos os Brasileiros,
independentemente se possuem deficiência ou não. Quando foi aprovada a Lei
Brasileira de Inclusão, também chamada “Estatuto da Pessoa com deficiência” em
2015, o objetivo era assegurar e promover, em condição de igualdade, o
exercício dos direitos e das garantias fundamentais. Antes da promulgação dessa
Lei, grande parte da legislação existente sobre o tema, incluindo a
Constituição Federal de 1988, utilizava a expressão “pessoa portadora de
deficiência”. Com o advento do Estatuto e de uma Convenção da Organização das
Nações Unidas – ONU, sobre o tema, foi feito um documento internacional,
responsável por adotar oficialmente a expressão “Pessoa com deficiência”,
adequando-se a concepção de que a deficiência é o resultado da interação dessa
Pessoa, com o meio e não um problema individual.
Esse mesmo Estatuto, em
seu artigo 4º § 2°, amplamente criticado por mim, em inúmeras entrevistas reza
que: § 2° A Pessoa com
deficiência, não está obrigada à fruição de benefícios decorrente de ação
afirmativa.
Você leitor com certeza
se escandalizou, com a não clareza, com a obscuridade do texto da Lei. Os
deputados que aprovaram este texto em 2015, com certeza não o leram uma segunda
vez e nem tentaram colocá-lo em prática.
Na tentativa de dar um
uso para tão confusa redação, interpreto o mesmo, como o direito das Pessoas
com deficiência, ou suas famílias de escolherem se querem, um Ensino
Especializado, que atenda as reais necessidades do Educando, ou se contentam e
preferem um Ensino comum.
O que cada um de nós
pode provocar para fazer chegar até os Governos, a real necessidade de
políticas públicas, que promovam a INCLUSÃO de Crianças, jovens e adultos com
deficiência? Fica a reflexão.
*Lair Moura é ativista na área da Saúde há 50 anos. Advogada com especialização em direto sanitário, administradora de empresas, com foco em administração hospitalar. Fundadora da Federação das APAEs do Estado de São Paulo, com 50 anos de luta em defesa da Educação Especializada.
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