As barreiras e desafios da inclusão escolar do aluno com autismo
O real e o faz de conta
*Lair Moura
De acordo com o último
Censo Escolar no Brasil, quase 300 mil Alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) estavam matriculados nos ensinos: infantil, fundamental ou médio
das redes: públicas, privada e filantrópica, no ano passado, revelando uma alta
de 280%, ante 77 mil, em 2017.
Apesar do aumento de
Alunos que passaram a frequentar a escola nesse período, o número ainda é
modesto quando comparado com o universo de pessoas que tem autismo.
No Brasil, estima-se
que um milhão e meio de pessoas têm autismo. Dessa forma, apenas uma parcela
pequena desse público tem acesso à Educação.
O TEA é incluído no
grupo dos Transtornos do Neurodesenvolvimento, sendo uma condição manifestada
muito cedo, antes mesmo da estimulação da educação infantil. Dentre as
características, encontram-se os déficits que prejudicam o funcionamento
pessoal, social e acadêmico, variando desde limitações específicas na
aprendizagem, no controle de funções executivas até prejuízos globais em
habilidades sociais ou inteligência.
A Lei nº 12.764/2012,
garante ao Aluno com TEA seu direito de estar na Escola e de ser atendido por
profissionais preparados. Infelizmente, faltam condições adequadas que
propiciem a permanência desse Aluno na escola comum, especialmente no que tange
a formação dos profissionais para atuar com a sua escolarização.
São muitas as
necessidades de uma Educação Especializada adequada para os Alunos com TEA, que
envolvem questões estruturais e comportamentais de educadores e profissionais
envolvidos.
Os principais elementos
são o respeito, responsabilidade e integridade no atendimento; redução do
preconceito com as diferenças; necessidade de currículo funcional adequado e
específico para cada faixa etária do desenvolvimento; equipamentos de
estimulação sensorial; métodos e intervenções para cada especificidade do
espectro autista; equipe técnica de saúde para atendimento integral e eficaz na
atuação interdisciplinar, adequação do ambiente escolar com técnicas
comportamentais, estruturais e de acessibilidade; a acompanhamento médico –
principalmente com neurologista e psiquiatra; atividades complementares de
musicoterapia, dança e técnicas esportivas específicas; atividades de oficinas
profissionalizantes; atividades com oficinas terapêuticas: do meio ambiente, e,
atividades assistidas com animais a petterapia e arteterapia.
Para que o Aluno
autista desenvolva suas habilidades, é necessária uma estrutura escolar
eficiente, com preparo profissional de todos os envolvidos no processo
educativo, como ocorre no ensino especializado na APRAESPI, em Ribeirão Pires,
que é a maior Escola Especializada para autismo, no Estado de São Paulo.
Possibilitar a
permanência do Aluno com TEA, numa Escola Comum, até mesmo oferecer uma
auxiliar para o Professor da sala, somente cuidar desse Aluno, não significa
que seja o melhor para ele.
As mães desses Alunos
muitas vezes têm que ficar de “plantão” em suas casas para correr para a
Escola, a qualquer intercorrência desse atendimento. Isso não é VIDA com
qualidade para essas MULHERES, que na maioria das situações largam o emprego,
largam os estudos se anulam como PESSOA para serem apenas MÃES, em tempo
integral.
As Escolas
Especializadas, com estrutura adequada e profissionais habilitados, é a melhor
proposta, até que esses Alunos controlem seu comportamento e possam aprender.
*Lair Moura é ativista na área da Saúde há 50 anos. Advogada com especialização em direito sanitário, administradora de empresas, com foco em administração hospitalar. Fundadora da Federação das APAEs do Estado de São Paulo, com 50 anos de luta em defesa da Educação Especializada.
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