Especialista alerta para riscos de aderir ao empréstimo consignado do Auxílio Brasil
Educadora financeira alerta para os cuidados
que o consumidor deve ter antes da liberação de crédito para não cair nas
dívidas
Quem recebe o Auxílio Brasil agora pode
fazer empréstimo consignado. A nova lei estabelece que a prestação mensal é
limitada a 40% do benefício (R$ 160), considerado o valor de R$ 400, já que o
aumento para R$ 600 é temporário. Cada banco determina uma taxa de juros, que
pode ser até três vezes maior que a dos outros consignados.
A medida preocupa especialistas pelo
risco de endividamento de famílias mais vulneráveis. “Hoje, quase 80% da
população está endividada. A maioria sofre com os altos reajustes da inflação e
o aumento do custo de vida. Por isso, contrair mais uma dívida, por menor que
pareça ser, pode se transformar em uma bola de neve”, explica Bruna Allemann,
educadora financeira da Acordo Certo.
Dados divulgados pelo Grupo Boa Vista
comprovam o cenário. Segundo a empresa de inteligência analítica, o desemprego
(28%) e a diminuição de renda (24%) são as principais causas da inadimplência
no primeiro semestre de 2022. O mesmo estudo apontou que 63% dos consumidores
possuem três ou mais contas em atraso, com dívidas a partir dos 3 mil reais.
Segundo a especialista, neste momento é
essencial ter cautela e organizar gastos para não comprometer-se
financeiramente nos próximos meses. “Muitas pessoas utilizam o empréstimo para
aumentar a renda, porque existe uma falsa noção de que você tem mais dinheiro
para gastar. Mas vale lembrar que o auxílio é temporário, enquanto o empréstimo
é algo que você tem que quitar até o final”, alerta.
Allemann complementa dizendo que as
pessoas não devem pegar o dinheiro para fazer novas dívidas. Caso haja a necessidade,
esse recurso deve ser usado para quitar compromissos anteriores.
Confira outras dicas da especialista
para evitar problemas:
Quando vale a pena fazer o consignado?
Bruna Allemann avalia que o consignado
do Auxílio Brasil pode valer a pena para quem tem alguma necessidade urgente,
mas não para pagar contas do dia-a-dia. Isso porque os juros altos podem
comprometer a renda disponível do beneficiário a longo prazo e reduzir as
reservas para os gastos essenciais, como alimentação. "Antes da liberação
de crédito, é preciso organizar o orçamento de forma consciente. O Auxílio
Brasil deve ser utilizado com prioridade para o bem-estar e alimentação da
família e, caso sobre dinheiro, use-o para pagar dívidas”, ressalta.
E se eu não conseguir pagar?
Outro ponto de atenção é que como a
parcela do empréstimo é descontada diretamente do valor do benefício, não é
possível renegociar a dívida. Uma alternativa é fazer a portabilidade desse
empréstimo para outro banco, com condições mais vantajosas. “O interessado deve
observar bem as condições oferecidas pelas instituições, especialmente com a
expressão a partir de”,
alerta Allemann.
O que fazer para não cair nas dívidas?
Bruna defende que novas dívidas podem
ser evitadas com educação financeira, para que o dinheiro possa ser utilizado
da melhor maneira possível. “O principal cuidado na hora de contratar esse tipo
de empréstimo é saber exatamente onde o dinheiro será gasto”, afirma. Outras
dicas para evitar novas dívidas são: quitar os parcelamentos que tenham juros mais
altos e regularizar bens sob o risco de serem perdidos em dívidas.
Sobre a Acordo Certo
Fundada em 2015, a empresa atua como conexão entre o consumidor endividado e empresas parceiras, ajudando os brasileiros a conseguirem condições especiais para quitar dívidas. Comprada pelo Grupo Boa Vista no final de 2020, a Acordo Certo tem ainda um papel social na função de trabalhar pela educação financeira dos consumidores.
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