O agravamento de doenças crônicas após a pandemia
Psicanalista explica que manter o cuidado com a
saúde é uma questão de amor próprio e responsabilidade consigo mesmo
O universo da saúde no Brasil e no
mundo, caracterizado por um período pós-pandemia, descortinam uma triste
realidade: o agravamento de doenças sérias que deixaram de ter acompanhamento
médico regular, durante o período de isolamento social. Naquele momento de
incertezas, o medo paralisante impedia que pacientes de doenças crônicas, em
tratamento contínuo antes da pandemia, dessem continuidade ao acompanhamento
médico de rotina. Doenças como: a diabetes, hipertensão, obesidades e
cardiopatias ganham destaque pela necessidade do controle adequado que, em
função do medo extremo do contágio, provocou a paralisação e modificação do dia
a dia de algumas pessoas.
Relatos dos especialistas demonstram que
esse cenário é muito sério, pois sinais de agravamento de certas doenças foram
negligenciados. Um exemplo, são os casos dos Acidentes Vasculares Cerebrais
(AVC) que são, considerados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como a
segunda maior causa de mortes no mundo. Uma doença, extremamente, grave que
exige que a busca pelo diagnóstico e tratamento imediato. Mas, por medo de
buscar um estabelecimento de saúde e correr o risco de se contaminar, os sintomas
foram sendo ignorados e muitas pessoas morreram por não serem socorridas a
tempo. Situação parecida também ocorreu com os casos de pacientes
diagnosticados com alguns tipos de cardiopatias.
Essa fobia, caracterizada por
pensamentos negativos e uma sensação de terror à exposição extrema ao vírus,
alimentou uma tendência a se esquivar do que é temido, omitindo muitas vezes,
dos familiares e amigos, dores, sensações e sintomas graves; comprometendo de
forma profunda, a saúde. Um medo incômodo que possui bases psicológicas e
fisiológicas, afetando o equilíbrio mental e a sobrevivência do paciente.
Atualmente, muitas pessoas estão com
seus quadros agravados por essa negligência motivada pela falta de controle do
medo. A grande questão é que, omitir as dores e fugir do tratamento contínuo,
gera risco para a saúde e alimenta os medos internos. Fato é que, o estresse
deve ser eliminado para não fomentar o pânico e não transformar o indivíduo em
um refém de seus próprios anseios.
Enfim, psicologicamente falando, os
problemas de saúde com risco de vida não podem ser potencializados pelo medo ou
pelo pânico. A busca por atendimento médico, em caso de necessidade, passa por
uma questão de amor próprio e responsabilidade consigo mesmo, e não devem
sofrer qualquer impedimento do cuidado, pois em alguns casos, cada minuto é
precioso para o sucesso do tratamento. A necessidade da atenção médica regular
não foi abolida pelo vírus.
O que precisa ser abolido, ou pelo menos
controlado, é o medo e a angústia que nos impede de seguir a vida. A adaptação
a novos modelos de organização diária foi necessária para que possamos mitigar
a contaminação. No entanto, devemos aprender a olhar para todas essas
modificações com um senso de respeito a nós e ao próximo. Valorizando ainda mais
nossa vida e promovendo a saúde mental e o equilíbrio físico adequado ao nosso
bem-estar.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
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