Construção civil é um grande oceano azul para os investidores de startups
* Por Alexandre Quinze
Há grandes oportunidades na construção
civil para investidores de startups que buscam crescimento exponencial
alicerçado por múltiplas inovações, já que este é um mercado ainda conhecido
como um “oceano azul” de possibilidades não exploradas, por meio da tecnologia.
Obviamente, a construção passa por
desafios sérios. As altas taxas de juros, inflação e escassez de materiais
trazem dificuldades ao setor. Uma grande oportunidade vem dessa necessidade de
se recuperar margens perdidas com custos de materiais. Nunca foi tão importante
trazermos eficiência operacional ao canteiro de obra, com o investimento em
novas tecnologias, pois o processo construtivo ainda carrega problemas,
deficiências e carências.
É justamente essa lacuna que a
construtechs, startups deste mercado, vêm preencher, resolvendo as dores
estruturais dos canteiros como a redução de resíduos, por meio da não geração
de tais excedentes, ou seja, muito além do que destinar esses resíduos é o
papel da tecnologia impedir essa geração, além de possibilitar uma maior
produtividade na gestão das obras.
O objetivo da tecnologia é transformar
toda a cadeia construtiva, com processos automatizados e muito mais eficientes
a todos os agentes. Dessa forma, as construtechs impactam na evolução do setor
e, por consequência direta, na qualidade das habitações no país.
Temos que lembrar que, em tempos de
crise a diferenciação se torna ainda mais essencial e uma das melhores formas
de se diferenciar é inovando. A transformação digital em diversas indústrias
pode até já ter dado um salto de eficiência a tal modo que as startups nesses
setores realmente tenham impactado de forma significativa.
Mas, o fato é que na construção civil,
nossos métodos construtivos ainda trazem hábitos de anos e até séculos atrás.
Você já parou para pensar em como o processo de produção de um carro, por
exemplo, já se modificou ao longo dos tempos? Hoje acompanhamos grandes
montadoras totalmente automatizadas, que utilizam a mão de obra humana para
funções mais inteligente em seus processos. Não se trata de substituir o ser
humano, mas de trazer melhores condições de trabalho e agregar conhecimento às
pessoas.
O mercado da construção civil é ainda
carente de inovação, mas está ávido por mudanças. Um estudo
da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que sete a cada dez
empresas no Brasil utilizam tecnologias digitais e, entre os principais
benefícios, citam o aumento da produtividade, a melhoria da qualidade dos
produtos ou serviços e a redução dos custos operacionais.
As startups dessa indústria estão apenas
no início. O movimento de digitalização do canteiro e da engenharia digital na
obra apenas começou. Se você tivesse somente uma chance de investir e
precisasse escolher entre um mercado em oceano vermelho e outro em oceano azul,
onde investiria? Pois bem, a construção civil é o oceano azul das startups de
tecnologia.
É onde conheceremos os crescimentos
vertiginosos e soluções inovadoras que trazem a evolução. A palavra é essa: evoluir. Essa
transformação da construção civil é totalmente evolutiva e não uma revolução.
Assim como nós evoluímos com o tempo, com a convivência também se faz assim a
construção. Evoluir é nosso propósito, é o porquê viemos ao mundo.
Construir faz parte da nossa natureza.
Fica aqui o convite aos investidores de startups: que tal contribuir para a
evolução deste setor tão representativo e apoiar o empreendedorismo, criando
oportunidades de fato promissoras? As tecnologias geradas pelas startups são as
commodities que precisamos para crescer.
* Alexandre Quinze é o co-founder e CEO da Trutec. Formado em Engenharia pela Universidade de São Paulo (USP), com especializações em Supply Chain, na Universidade da Califórnia, em Inovação Tecnológica, na Universidade Estadual de Campinas, e MBA em Administração, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), instituição na qual é professor há mais de 11 anos. Possui sólida experiência, com mais de 30 anos, em empresas nacionais e internacionais de grande porte, como Philips, Rimini Street, PwC Brasil, CBMM e Flextronics Internacional.
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