Implementação tecnológica para uma melhor gestão do transporte
Por J. Pedro Corrêa
Consultor em programas de segurança no trânsito
Um problema sério no transporte brasileiro
é a ausência de cultura de segurança viária, em grande parte responsável pelo
intolerável índice de dezenas de milhares de mortes e sequelados nas nossas
ruas e estradas pelos sinistros viários. Para referência, nas mesmas estradas
por onde rodam os caminhões, morrem mais de 5 mil pessoas por ano, segundo
dados da Polícia Rodoviária Federal.
De acordo com os mesmos dados, houve,
entre 2020 e 2021, aumento no número de acidentes nas estradas federais, de
63.548 em 2020 para 64.441, no número de feridos, de 71.480 para 71.690, e no
número de feridos graves, de 17.104 para 17.601.
Esses números alarmantes apontam para
uma necessidade urgente do setor, que é a de realizar constantes benchmarks,
com as empresas envolvidas no processo de olho nos avanços tecnológicos
aplicados pelas suas concorrentes. Esse processo serve não apenas para tornar
as empresas mais competitivas e rentáveis, mas também para promover benefícios
à sociedade com maior segurança.
É fato que, o transporte rodoviário de
cargas no Brasil tem melhorado bastante nos últimos anos, o que é fundamental
para a economia nacional e tem demonstrado bons resultados, apesar do espaço
para melhoras. O uso da tecnologia para a criação de soluções inteligentes já
se transformou numa condição para atuar no setor, gerando maior eficiência e
velocidade e minimizando custos e desperdício de recursos.
É notável que o avanço no desempenho dos
caminhões que, ano após ano, têm incorporado essas novas tecnologias,
contribuiu muito para esse cenário de melhoria. E na tecnologia reside a chave
para o aumento da segurança no transporte. Os sensores de fadiga e o
monitoramento de tempo excessivo de direção contínua instalados em caminhões,
por exemplo, se tornaram fundamentais, dado que mais de 40% dos acidentes nas
estradas têm relação com a falta de descanso dos condutores, de acordo com a
Abramet – Associação Brasileira de Medicina de Tráfego.
Existem ainda outras soluções de
tecnologia embarcada que reduzem riscos ao motorista do veículo e demais
usuários das rodovias, como o controle de saída de faixas, que alerta para
situações de risco e evita colisões. Investir nesse tipo de solução é impactar
positivamente na segurança dos trabalhadores e das estradas como um todo.
Já com relação às rodovias da malha
federal que passam por processos de recuperação, está no horizonte um ganho com
a aplicação das novas tecnologias trazidas pelo iRap – Programa Internacional
de Avaliação de Rodovias, que tem tudo para ser um marco vital na história do
País com excelentes perspectivas.
Assim, se já temos avanços nos veículos de transporte e boas perspectivas na malha rodoviária nacional, é natural que progressos ainda mais expressivos sejam esperados na gestão dos transportes por meio de novas tecnologias. Ele está acontecendo aos poucos, mas é preciso que se desenvolva mais rapidamente para atender as demandas de negócios e da sociedade.
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