Manutenção da Selic sinaliza estabilidade também no crédito habitacional
Por Rogério Santos (*)
O anúncio de manutenção da taxa básica
de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), interrompendo a sequência
de 12 altas consecutivas da taxa, sinaliza a perspectiva de estabilidade também
nos custos de contratação de crédito habitacional pelos consumidores. Nesta
quarta-feira, a autoridade monetária manteve a Selic de 13,75%.
Nos últimos 18 meses, a curva de aumento
da Selic se refletiu em custos maiores do financiamento imobiliário, ainda que
os bancos que atuam no segmento não tenham acompanhado, a par e passo, o ritmo
de variação da taxa básica de juros. A concorrência das instituições por um
cliente que pode fazer parte das respectivas carteiras por até 35 anos também
limita as altas dos custos de crédito feitas pelos bancos que operam recursos
da poupança.
Na semana passada, a Caixa Econômica
Federal – principal banco com atuação no segmento – divulgou que não prevê
novas elevações de juros do financiamento imobiliário. A postura da Caixa é,
justamente, o que o mercado considera o fiel da balança dos ajustes das taxas
de financiamento imobiliário. Sem o banco com maior fatia de mercado anunciar
novos aumentos, as demais instituições passam a ter mais dificuldade para
conquistar clientes se fizerem reajustes.
Quando ocorre aumento dos custos de
financiamento imobiliário, o impacto é sentido pelo consumidor, diretamente, no
momento de repasse de sua dívida da incorporadora para um banco parceiro e não
na aquisição do imóvel. Até as chaves, o cliente paga as prestações para a
empresa que desenvolve o projeto. Existe, porém, um efeito indireto: se os
juros cobrados pelas instituições financeiras para a construção de imóveis
sobem, incorporadoras repassam a elevação para os preços das unidades.
Vale ponderar que quem contratar um
financiamento imobiliário, neste momento, poderá migrar para uma linha de
crédito mais barata, futuramente, quando o custo cair em decorrência de uma
Selic menor. Há expectativa, no mercado, que o Copom volte a reduzir a taxa
básica de juros em 2023, embora não haja clareza do momento em que esse
afrouxamento terá início.
É preciso lembrar também que parte dos
potenciais contratantes de uma linha de crédito habitacional ficam de fora a
cada aumento das taxas cobradas pelos bancos. Cálculos da Fundação Getulio
Vargas (FGV) apontam que, no período de alta gradual da Selic de 2% para 13%, 4
milhões de famílias deixaram de ter renda qualificada para acessar o
financiamento imobiliário.
O anúncio desta quarta-feira confirmou o
que o mercado passou a esperar, nas últimas semanas, desde que o presidente do
Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, respondeu que o colegiado iria avaliar
a possibilidade de “um ajuste final” da Selic ao ser questionado se o Copom
poderia anunciar, na reunião de setembro, um aumento de 0,25% na taxa básica de
juros.
Na ocasião, o presidente do BC disse
também que a batalha contra a inflação não estava ganha. Os aumentos de preços
têm desacelerado, mas o cenário ainda é preocupante quando se considera que o
fenômeno inflacionário não é exclusivo do país.
O Federal Reserve (FED), que é o Banco
Central dos Estados Unidos, também anunciou alta de juros hoje, de 0,75 ponto
percentual, para patamar entre 3% e 3,25% ao ano. Em 8 de setembro, o Banco
Central Europeu (BCE) tinha elevado as taxas básicas de juros em 0,75 ponto
percentual para tentar segurar a inflação da zona do euro.
Entre as grandes economias do mundo, o
Brasil pode até ter puxado a fila do aumento dos juros para conter a inflação,
mas o país não está sozinho nesse movimento.
(*) Rogério Santos é um dos fundadores
da UBlink
Sobre a UBlink
A UBlink é uma
startup que recria a experiência de compra e locação para clientes,
proprietários de imóveis e corretores, por meio de tecnologia IBM, modelo de
negócios desenvolvido pela KPMG, sistema de segurança da Truora e suporte legal
do escritório Mattos Filho. Seu ecossistema torna mais simples, rápida e
segura a negociação de imóveis para compra e aluguel, inovando em relação ao
que proptechs conhecidas e empresas tradicionais de corretagem
oferecem. Atualmente, acumula um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 2
bilhões, com mais de 2.000 imóveis em carteira, e com a expectativa de chegar a
mais de R$ 6 bilhões até o fim de 2022.
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