Na jornada do escritor, ele é o herói de sua própria história
* Ricardo Almeida, CEO do Clube de Autores
Segundo levantamento
realizado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), em 2021 foram
vendidos cerca de 409 milhões de livros e foram lançados algo em torno de 48
mil livros. Os números mostram o crescimento do setor, mas escrever e lançar uma
obra vai muito além de criar e publicar uma narrativa. Contar histórias
fascinantes reunindo todos os elementos que capturem a atenção do leitor é só
uma parte do trabalho. Assim como a Jornada do Herói funciona como uma fórmula
na construção de histórias, acredito que, paralelamente, é preciso construir
outra jornada: a do autor .
Assim como o conceito
criado pelo antropólogo Joseph Campbell, no qual apresenta uma forma cíclica de
contar histórias, em que o protagonista precisa vencer diversos obstáculos para
se tornar um herói, durante sua trajetória, o escritor também precisa superar
diversos desafios.
Utilizando como base a
Jornada do Herói, o escritor Christopher Vogler lançou em 1998, o livro A
Jornada do Escritor, que faz uma detalhada análise, tomando como base filmes
que marcaram época. Resultado de anos de estudo sobre mitos e arquétipos, junto
à experiência do autor na indústria cinematográfica norte-americana, trazendo a
experiência como uma grande aventura de iniciação, na qual escritores, criadores
e leitores podem aprender sobre suas inspirações culturais e sobre seus
próprios aprendizados.
Ter consciência
de todo o caminho entre ferramentas de escrita criativa, como publicar um livro
e até um panorama sobre o mercado editorial, posicionamento, comportamento e
técnicas de marketing digital para a divulgação da obra, são pontos que
precisam ser levados em consideração por autores que buscam desenvolvimento e
crescimento para suas carreiras.
A jornada do herói é
uma diretriz, uma receita a ser seguida, mas não é uma fórmula matemática a ser
levada ao pé da letra. A medida principal do sucesso ou excelência de um autor
não deve ser cumprimento de padrões estabelecidos, mas seu efeito duradouro
junto ao público. Assim como a narrativa, forçar um escritor a manter um modelo
estrutural é limitá-lo. Escrever é magia. É se conectar com alguém, a um mundo
de distância e mil anos além, com nossos pensamentos mais profundos e
transcender as fronteiras do espaço e tempo e por meio das palavras.
- Fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país, Ricardo Almeida foi premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014.
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