Quando a diversidade assume o topo da agenda de governança na gestão ESG...
*Por
Marcos Bicudo
Uma cultura centrada em pessoas, na qual o
capitalismo de stakeholders coloca as empresas como gestoras dos interesses da
sociedade, leva o mundo corporativo a refletir sobre a importância da agenda de
Diversidade e Inclusão ocupar o topo da lista das práticas ESG – Environmental,
Social and Governance. Não se trata apenas de fazer o que é certo, refletindo e
considerando a sociedade no centro dos negócios, mas é, de fato, o que se
espera de uma organização inserida na Nova Economia.
O ponto de partida dessa transformação
acontece quando as empresas compreendem a necessidade de fortalecer o G da
Governança, incluindo nessa trajetória a Diversidade como alicerce na tomada
das decisões. Ou seja, a agenda de D&I amplia sua relevância para além do
Social e ganha reputação estratégica dentro da Governança. Isso faz toda a
diferença, pois essa agenda passa a atender a demanda crescente por ações mais
inclusivas, considerando as decisões políticas tomadas pela empresa.
O impacto positivo dessa forma de gestão é
percebido imediatamente, já que aspectos relacionados à uma cultura corporativa
plural, como locais de trabalho inclusivos, empregabilidade de PCDs (Pessoas
com Deficiência), paridade de gêneros, entre outros, passam a integrar o
conjunto prioritário das melhores e mais adequadas práticas para gerenciar a
organização.
Recentemente, o relatório “Tendências em
Gestão de Pessoas 2022”, do GPTW (Great Place to Work), destacou que, para a
maioria dos entrevistados, a Diversidade é uma pauta estratégica para a empresa
em que trabalham, mas somente 12,1% dizem que a corporação tem alta maturidade
no tema. Isso mostra que ainda há muito o que evoluir para uma construção de
verdadeira e múltipla equidade. E a forma de fazer isso é considerar o tema
como fio condutor que propõe uma grande mudança de mentalidade das lideranças.
Quando olhamos para o panorama da
empregabilidade de PCDs no Brasil, por exemplo, dados do Ministério do Trabalho
afirmam que nos últimos anos houve um aumento de 20% no mercado de trabalho
para pessoas com deficiência, com um incentivo claro da Lei de Cotas para PCDs.
Mas, de que maneira as empresas se preparam para receber esses profissionais?
Porque além de empregar, é preciso pensar na retenção, criando condições
propícias para o desenvolvimento das pessoas, espaços em que as necessidades do
colaborador sejam colocadas em primeiro lugar, impulsionadas por um ambiente de
“Gente Boa”, como faço questão de sempre enfatizar.
Um estudo publicado pela consultoria
americana McKinsey, aponta que a inclusão deve ir além, modificando a cultura
da empresa e criando as mesmas oportunidades para qualquer pessoa. O relatório
conclui que contratar talentos diversos não é o suficiente para promover a
diversidade e inclusão. É a experiência que as pessoas têm no local de trabalho
que determina se vão permanecer e prosperar.
E essa é mais uma reflexão válida, quando
o assunto é considerar a importância da Diversidade fazer parte de um conjunto
de iniciativas fomentando diretamente pela Governança. Uma gestão que incentiva
seus líderes a compartilhar experiências e a exercer um direcionamento
humanizado, promovendo condições para o desenvolvimento dos colaboradores, está
mais preparada para agregar valor em todas as metas de crescimento e valoração
dos negócios no mercado.
*Marcos Campos Bicudo é presidente da Vedacit. Formado em Administração de Empresas pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), com especializações em Programas de Gestão Executiva em Harvard, INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Empresas), Kellogg e Universidade de Cambridge. Possui 23 anos de experiência na indústria de bens de consumo (B2C), 7 anos na indústria de materiais de construção, iluminação e saúde (B2B) com mais de 14 anos atuando como CEO em empresas como Amanco, Philips e Masisa, com sólida carreira internacional nos Estados Unidos, Canadá, Europa e América Latina.
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