A educação corporativa deve desafiar e transformar profissionais
por Luiz Morato*
O
termo educação corporativa é relativamente novo. Até pouco tempo, as empresas
tinham o setor de treinamento. A mudança de nome não é mera questão de
nomenclatura, mas de um contexto histórico. Até os anos 2000, a área de
Recursos Humanos dedicava-se muito mais à gestão de cargos e salários do que ao
desenvolvimento dos funcionários em virtude do cenário do país, marcado por
oscilações econômicas.
Conforme o mercado foi ganhando estabilidade, as empresas passaram a investir
mais e melhor no que viria a ser a educação corporativa, uma proposta mais
abrangente do que a ideia de treinar pessoas. Segundo a pesquisa “Prática e
Resultados da Educação Corporativa”, realizada recentemente pela FIA Business
School, a educação corporativa foi a solução encontrada por 97% das companhias
para manter seus funcionários em treinamento durante a pandemia da Covid-19.
Inicialmente, os treinamentos quase sempre tinham o objetivo de aprimorar a bagagem
técnica do profissional – as chamadas hard skills. O investimento dirigido à
parte técnica, novamente, tinha a ver com o panorama em que vivíamos. Em uma
sociedade mais rígida e hierarquizada, os temas comportamentais recebiam pouca
atenção. Diálogo, empatia e inclusão são preocupações recentes na agenda
corporativa e, por consequência, também nos programas de aprimoramento
profissional.
Hoje, temos uma situação diferente, com demandas contemporâneas como respeito e
valorização da diversidade, cuidados com a saúde mental e sustentabilidade,
entre outras. A educação corporativa, entendida como um investimento contínuo
no desenvolvimento dos profissionais, tanto em aspectos técnicos quanto nos
comportamentais, cresceu sob a influência desses novos valores. A sua ênfase
recai, atualmente, sobre as soft skills. As empresas querem e precisam de times
aptos à cooperação, comunicação, criatividade, assim como ao pensamento
crítico, entre outras habilidades sociais e emocionais. Afinal, o conhecimento
técnico é mais fácil de ser transmitido e assimilado do que as ferramentas
comportamentais. Por isso, o boom em iniciativas de recursos humanos voltadas
às soft skills, que, além de muito necessárias, exigem mais esforços para serem
sedimentadas.
A educação corporativa pode ser viabilizada de diferentes formas: a partir de
recursos internos ou com a experiência dos próprios funcionários - sendo
estruturada em cursos, treinamentos, palestras, etc. Muitas empresas de porte
médio preferem pacotes educativos prontos, que são mais viáveis economicamente.
Há também a alternativa de formação de uma academy dentro da companhia,
mesclando expertises interna e externa (em parceria com uma faculdade, por
exemplo). Cada modalidade tem suas vantagens e todas são uma contribuição
importante, senão indispensável, para a evolução profissional.
Assim como o conceito de treinamento se transformou ao longo do tempo,
acompanhando novas tendências e questões sociais, culturais e econômicas, a
própria educação corporativa deve ser transformadora. Ela precisa ser capaz de
incomodar, desafiar, transformar os alunos e, portanto, a empresa. Deve
oferecer conteúdo, temas e professores que consigam tirar os participantes da
zona de conforto, tragam novos pontos de vista, estimulem o debate e a reflexão
e toquem em pontos sensíveis. Esses são os pilares da boa educação corporativa.
Apenas reforçar conhecimentos que todos já possuem e concordam significa chover
no molhado. É necessário instigar novos modos de pensar e agir, especialmente
no que se refere às soft skills.
Por fim, e não menos importante, é bom lembrar que, seja sob o nome de educação
corporativa ou treinamento, os funcionários admiram as empresas que os ajudam a
crescer e evoluir na carreira. Por isso, investir no desenvolvimento
profissional também configura uma ótima estratégia para atrair e reter
talentos.
*Luiz Morato é gerente de RH da NISSIN FOODS DO BRASIL
A NISSIN FOODS DO BRASIL é uma empresa do Grupo NISSIN FOODS e se consolidou no país como líder no segmento de macarrão instantâneo. Atualmente, fabrica 57 produtos para consumidores diretos no Brasil e 18 produtos para exportação. Com fábricas em Ibiúna (São Paulo) e em Glória do Goitá (Pernambuco), investe sempre em boas práticas para satisfazer as necessidades de seus consumidores e melhorar continuamente seus produtos e serviços.
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