Zumbido no ouvido: com o tratamento correto é possível dar qualidade de vida a quem sofre com o sintoma
Segundo publicação americana, mais de 740 milhões de pessoas
sofrem de zumbido no ouvido no mundo. Problema pode ser temporário ou
permanente e afetar pessoas em várias idades
O zumbido no ouvido é uma percepção auditiva sem que haja uma fonte sonora externa. Ou seja, é um som produzido
dentro do próprio organismo. Não é uma
doença e sim um sintoma que pode estar associado a várias causas. Neste mês, a
Campanha Nacional Novembro Laranja tem o objetivo de chamar a atenção sobre a importância da saúde auditiva,
conscientizando sobre o zumbido e outras condições, assim como o diagnóstico
precoce e tratamentos de problemas de perda de audição. O zumbido prejudica
muito a qualidade de vida das pessoas.
Uma pesquisa publicada pela revista
científica JAMA Neurology revela que o zumbido é uma condição que afeta mais de
740 milhões de pessoas pelo mundo. Desse total, mais de 120 milhões apresentam
uma forma grave da doença. No Brasil, de acordo com a Organização Mundial de
Saúde (OMS), o zumbido no ouvido afeta 28 milhões de pessoas.
Causas
O zumbido é um dos problemas mais
complexos do sistema auditivo. Por ter várias causas, é preciso fazer uma
análise minuciosa do paciente para identificar a origem. “Cada indivíduo tem
uma percepção de zumbido. Muitos relatam sons de chiado, assobios, sons de
abelha, cigarra, que podem ser percebidos em um ou nos dois ouvidos e também na
cabeça”, ressalta a otorrinolaringologista da Usisaúde, Gláucia Maria
Vasconcelos Severiano.
A médica explica que o zumbido pode
ser temporário ou permanente e também variar de intensidade, de acordo com o
aumento de alterações no organismo. “A principal causa do problema é a perda
auditiva que pode ser perceptiva ou não, leve ou não. Não necessariamente uma
perda auditiva pode provocar zumbido. Existem outras causas como excesso de
cera no ouvido, exposição prolongada a sons intensos, alterações na
mandíbula, estresse e alterações no metabolismo como a glicose e o colesterol
alto”.
Além disso, o zumbido pode se
apresentar como um sintoma de uma infecção no ouvido ou até mesmo um efeito colateral do uso de medicamentos que podem
ser tóxicos para o ouvido, como alguns antibióticos e anti-inflamatórios. “Por
isso a importância de só usar remédios com prescrição médica”, alerta a
otorrino.
Mito e tratamento
O zumbido não tem cura, mas é
preciso desmistificar o senso comum de que o indivíduo com a condição precisa
conviver com o problema. Segundo a otorrino, os tratamentos vão depender da
origem do zumbido e podem melhorar a qualidade de vida.
“É preciso fazer um diagnóstico
profundo do paciente, escutá-lo com calma. Entendê-lo na sua integralidade, de
forma sistêmica, visto que o zumbido pode ter várias origens”. O tratamento
pode ser desde o uso de medicamentos, passando por terapias ou até mesmo o uso de aparelho
auditivo.
Quando o zumbido é causado por uma
perda auditiva, o tratamento pode ser o uso de um aparelho. No entanto, se ele
é causado, por exemplo, por estresse, ansiedade, é preciso tratar dessas causas
com uma equipe multidisciplinar que envolve psicólogos. Em outros casos, o
tratamento é realizado com medicamentos.
Outro tratamento que tem ajudado os
pacientes é a terapia de habituação, realizada com um fonoaudiólogo. Ela
consiste em uma forma de desviar a atenção do cérebro para não notar
o zumbido e promover a habituação central ao zumbido.
Público-alvo
Segundo a pesquisa publicada na
JAMA, a prevalência do zumbido não mostrou diferenças entre homens e mulheres.
No entanto, o aumento foi associado ao avanço da idade: cerca de 24% dos idosos
apresentaram sinais do problema.
Embora seja mais comum em pessoas
idosas, o zumbido pode acontecer em qualquer idade. A médica alerta que, cada
vez mais, o problema tem se apresentado em jovens e adolescentes. “O que temos
percebido na prática é que o problema tem aumentado em jovens decorrentes de
exposição prolongada a sons altos, principalmente devido ao excesso do uso de
fones”, comenta.
Outro público que precisa de atenção são os de trabalhadores de profissões que demandam exposição prolongada a sons altos, como os da construção civil. “É indispensável que essas pessoas utilizem protetores de ouvido para evitar o zumbido ou a perda auditiva”, explica.
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