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Por que o Brasil não Vende e Consome Poesia?


Por: Mateus Machado

Sou escritor e Poeta, além de Astrólogo, Tarólogo e Mitólogo, mas minha paixão está e sempre esteve na Literatura. Falar sobre a Poesia é algo que demanda muita reflexão, mas em linhas gerais, nota-se que há muito tempo a Poesia deixou de ser vendida no Brasil. Muito menos valorizada e lida. Entramos hoje em qualquer livraria e salvo raras exceções, encontramos uma seção somente de poesia. Ressalto: Salvo Raras exceções.

Para a cultura popular, a resposta comum seria que não se vende poesia por ser brega, atrasada e não condizer com o que se quer ouvir.

Por minha parte devo alertar que Poesia não é “brega”, pois vai além de seu contexto histórico e cultural.

O que acontece é uma grande confusão das pessoas por falta de conhecimento do que é Poesia, seja em seu contexto histórico, cultural ou estilístico.

Reunir pensamentos ou sentimentos na forma de verso não significa que você escreveu um poema. Poesia vai muito além disso, pois ela só é alcançada em um nível mais sutil; é dizer o indizível.

A Poesia se basta, pois é a encarnação da Beleza e da Verdade, da própria criação arquetípica em um mundo de símbolos.

O que se pode considerar brega não é poesia. Rimas e formas métricas ainda são usadas, em geral da pior forma possível, salvo raras exceções.

Poetas modernos, visionários em certo sentido, libertaram a Poesia dessas antigas estruturas que, desde a antiguidade, eram usadas como uma técnica de memorizar longos textos. Enfim, poetas como Arthur Rimbaud, Emily Dickinson e Walt Whitman foram os precursores. Depois, com o movimento modernista na Europa e no Brasil, tivemos outros poetas com outras propostas de vanguarda. Minhas influências vem destes poetas que citei e de outros como Ezra Pound, Giuseppe Ungaretti, Eugênio Montale, Jorge de Lima, Murilo Mendes, Thiago de Mello, Carlos Nejar, Claudio Willer, Roberto Piva e poetas beatniks.

Mas, infelizmente em linhas gerais, a Poesia há muito deixou também de ser vendida no Brasil por falta de investimento, interesse e de uma boa gestão, do Governo, das instituições de ensino, do mercado editorial, das livrarias e da mídia em geral.

Minha Poesia pode ser considerada nova dentro daquilo que se considera “Original”. Vamos entender melhor isso. O Poeta Thiago de Mello, no texto de introdução do meu primeiro livro, Origami de Metal, escreveu – “Mateus, tão moço, já alcançou o que um artista da palavra só consegue com perseverante trabalho: um idioma próprio, um jeito de dizer que é só dele”.

Não utilizo as estruturas tradicionais, as rimas acontecem de modo espontâneo dentro do poema, sem obrigação de ser. Raramente uso vírgulas e, no lugar improviso com palavra que possam sustentar sonoridade e ritmo, tendo como influência o Jazz, a poesia jazzística.

A Poesia traz naturalmente consigo a Filosofia, o exercício da reflexão, com maior ou menor intensidade. Em Poesia há reflexão e revelação. Da mesma forma que o Poeta é um Filósofo, em maior ou menor grau, mas isso vai depender muito de sua formação enquanto Poeta e indivíduo, do seu grau de reflexão, Conhecimento, e do grau de Revelação a ele dado mediante a sua sensibilidade e seu acesso aos mundos mais sutis; lembrando que é muito próximo a relação entre o Poeta e o Profeta. Por isso, creio que a diferença está na maneira de expressar tais sistemas de conhecimento.

Penso que a Poesia, assim como a Mitologia, podem ajudar as pessoas a terem um encontro com o próprio mundo interno e a experimentar uma ligação mais íntima com o Sagrado, com sua própria origem, além da experiência do êxtase diante da Beleza e do assombro diante da Verdade.

Através da Poesia o indivíduo adquiri Conhecimento, descobre o acesso aos mundos sutis levando ele a ter uma visão mais holística do seu microcosmo em relação ao macrocosmo.

Poesia enaltece o ser humano. Indicaria conhecer um pouco de cada época e cultura. Claro, vai depender de cada pessoa, do seu estado de alma para entrar em contato com certo tipo de Poesia, para que determinado poema funcione com ela, fazendo com que ela desperte.

Creio que para a Poesia voltasse a ser vendida e considerada no Brasil, seria Interessante uma boa gestão, investimento adequado por parte do Governo, do mercado editorial, das instituições e o apoio da mídia em geral, para que aos poucos o preconceito seja quebrado e no lugar se inserido uma nova alternativa de se obter prazer e conhecimento.

Claro que há toda uma geração que infelizmente está fadada à ignorância, salvo algumas almas despertas e com sede de crescer, expandir a consciência e de experimentar o desconhecido ao invés de continuar no óbvio de um mundo cada vez mais banalizado.

A Poesia é como a figura do Profeta de Kallil Gibran; um Eremita que vive isolado e ignorado por toda uma cidade, que tem muito conteúdo para transmitir às pessoas daquele lugar, porém, elas vivem suas vidas em um estado letárgico. Até o dia em que o Eremita decide partir dali, então todos passam a desejar conhecê-lo, ouvir seus conselhos, seus pensamentos, sua visão de mundo.

Mateus Machado é Poeta, Escritor, Astrólogo, Tarólogo e Mitólogo. Conferencista e autor de Origami de Metal, A Mulher vestida de Sol e A Beleza de Todas as Coisas. Este ano lança seu mais novo livro de poesias intitulado Toten, Pele Nova e Espirais nos seus Cabelos. Trabalha atualmente na Tradução do livro Mexico City Blues de Jack Kerouac e se dedica ao seu canal literário Biblioteca de Babel que será lançado em março no Youtube. É também colunista do site Olhar Crítico.

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