Empresas amadas também podem oferecer experiências negativas
* Alexandre Slivnik
Ao redor do mundo
existem muitas empresas idolatradas por seus clientes. A Disney, por exemplo,
além de uma marca amada, é também uma das mais valiosas do planeta. Mas pense
em uma empresa, no Brasil ou em qualquer outro lugar, que tenha o apreço e o
carinho do público. Entre elas estão o Nubank, Azul, Apple, Universal ou como a
Tesla, empresas pelas quais eu também sou apaixonado.
No entanto,
independentemente do negócio, é importante refletir sobre a seguinte questão:
quanto maior a sua expectativa, mais difícil é proporcionar a melhor
experiência. Imagine, por exemplo, se programar para fazer uma viagem até a
Disney por cerca de três anos (média de tempo de planejamento destas viagens)
e, ao chegar lá, ter uma experiência ruim. Você se planeja, pensa em cada
detalhe, chega à Disney com a sua família e ao passar por uma experiência
negativa, tem uma expectativa frustrada.
Eu tive o privilégio de
comprar e dirigir um carro de luxo nos Estados Unidos, da Tesla. Recentemente
eu também tive a oportunidade de conhecer a fábrica da empresa e saber como ela
impacta positivamente a vida de diversas pessoas. É um carro que literalmente
dirige sozinho, eu não preciso encher de combustível, carrego na tomada da
minha casa, gasto muito menos com ele e sou muito feliz por poder diminuir
danos ao meio ambiente com um carro elétrico que não polui.
Durante um ano e meio
fui totalmente feliz com a Tesla, aliás, eles excederam as minhas expectativas,
uma vez que frequentemente traziam atualizações no sistema do carro, oferecendo
novas funções. Mas alguns meses atrás aconteceu um episódio que me decepcionou.
Eu estava em um
campeonato de futebol com meu filho, em um local há uma hora e meia de
distância de onde eu moro aqui em Orlando e, de repente, o pneu do carro furou.
Não sabia o que fazer, nem onde ficava o estepe ou por onde começar e então eu
descobri da pior maneira que o carro da Tesla não possui essa ferramenta.
Nesse momento, eu
recorri a um amigo que tem mais experiência com a Tesla e perguntei como
poderia solucionar a questão. Com muita tranquilidade, ele me orientou a
acionar o botão de ajuda do computador do Tesla e informou que assim eu seria
auxiliado pela equipe de atendimento.
Alguns meses atrás,
esse amigo teve o mesmo problema e fez exatamente isso: apertou o botão, se
conectou com a atendente e em menos de quinze minutos eles mandaram socorro
para resolver o problema e consertar o pneu no próprio local, além de não ter
sido necessário nenhum pagamento.
Eu achei maravilhoso,
então segui os mesmos passos. Ao me conectar com a agente, percebi que talvez
ela estivesse em um dia ruim, mas ainda assim, ela representa a Tesla e veste a
camisa da marca pela qual os clientes são apaixonados. Eu expliquei o problema
que estava enfrentando, mas ela não foi tão cordial e agiu de forma robotizada,
explicando que não poderia fazer muito exceto convocar um guincho e direcionar
para os locais de manutenção próximos à minha residência, onde eu não estava. A
expectativa que eu tinha, que era alta, foi frustrada.
Diferentemente do
serviço prestado ao meu colega, não tive um problema sanado e nem atendimento
humanizado. Embora o processo seja o mesmo, os resultados foram diferentes. No
primeiro caso, com meu amigo, foi maravilhoso, ele saiu amando ainda mais a
empresa. Enquanto no meu caso, eu continuei com o problema e não tive a
resolução rápida.
A melhor solução foi
oferecida pelo meu amigo: analisar a pressão dos pneus e encher em um posto de
gasolina, para então verificar a borracharia mais próxima. Ao chegar à
borracharia, eles consertaram em menos de trinta minutos. O meu problema foi
resolvido, mas por mim e não pela Tesla.
Quando temos um carro
como esse, de uma marca que possui clientes apaixonados, esperamos que a
empresa dê o suporte necessário nesses momentos. Eu tive que resolver esse
problema sozinho e a consequência foi a decepção com a Tesla. Ainda amo o meu
carro, mas o amor que eu tinha pela marca foi impactado negativamente.
Faça essa reflexão: a
sua marca pessoal ou seu negócio, tem um impacto na vida do outro? Qual a
expectativa das pessoas que têm contato com a sua empresa? Todos têm alguma
expectativa, seja ela baixa, média ou alta. O atendimento que você oferece deve
ter relação direta com o tamanho da expectativa do seu cliente. Se o seu
cliente tem expectativa alta e você proporciona uma má experiência, ele vai
reduzir a expectativa e consequentemente deixar de amar o seu negócio.
Para ter uma marca
amada, longeva e que tem resultados extraordinários, você precisa exceder as
expectativas dos clientes prestando atenção em cada detalhe para encantar seu
público.
Alexandre Slivnik é reconhecido
oficialmente pelo governo norte americano como um profissional com habilidades
extraordinárias na área de palestras e treinamentos (EB1). É autor de diversos
livros, entre eles do best-seller O Poder da Atitude. É diretor executivo do
IBEX – Institute for Business Excellence, sediado em Orlando / FL (EUA). É
Vice-Presidente da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento
(ABTD) e diretor geral do Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento
(CBTD). É professor convidado do MBA de Gestão Empresarial da FIA / USP.
Palestrante e profissional com mais de 20 anos de experiência na área de RH e
Treinamento. É atualmente um dos maiores especialistas em excelência em
serviços no Brasil. Palestrante Internacional com experiência nos EUA, EUROPA,
ÁFRICA e ÁSIA, tendo feito especialização na Universidade de HARVARD (Graduate
School of Education - Boston / EUA). www.alexandreslivnik.com.br
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