Indústria 4.0: IoT reduz custo de manutenção em até 40%
De acordo com dados da consultoria Mckinsey,
manutenção preditiva consegue reduzir o tempo de inatividade das máquinas em
até 50% e aumentar a vida útil em 20% a 40%.
Para driblar o alto grau de
incerteza do último ano, o baixo crescimento, e outros desafios com
matérias-primas, que se tornaram mais caras ou difíceis de obter, as indústrias
entenderam que precisavam extrair o máximo valor possível dos seus ativos – que
são os bens sobre os quais uma empresa pode ter controle, como ferramentas,
máquinas e motores, matéria-prima, equipamentos de TI, entre outros.
Se não forem bem cuidados, seja em diferentes setores, como mineração,
petroquímico, energia, papel, alimentício, farmacêutico, transporte, os altos
gastos com manutenção podem prejudicar a lucratividade.
Para conseguirem novas maneiras de aumentar a produtividade de suas operações,
algumas empresas já começaram a desenhar sua jornada para a Indústria 4.0.
De acordo com Ana Paula Kubinhets, CEO da Aquarelle, empresa de consultoria e
soluções de indústria 4.0, gestão de ativos e controle de qualidade, o primeiro
passo é fazer uma gestão de ativos sistematizada, e a digitalização dos
processos manuais, através do mobile.
“Após essa etapa, o uso de sensores com IoT (internet das coisas), que entendem
o comportamento dos ativos e enviam mensagens para um sistema de analytics, é
indispensável para prever possíveis falhas na produção, estimar quando uma
máquina provavelmente quebrará, e identificar a causa raiz do problema,
emitindo alertas em tempo real aos gestores responsáveis”, explica Kubinhets.
Segundo dados da consultoria McKinsey, a manutenção preditiva, aprimorada por
inteligência artificial, pode gerar uma redução de 40% nos custos de
manutenção, e ainda, reduzir o tempo de inatividade das máquinas em até 50% e
aumentar a vida útil em 20% a 40%. Junto com outras abordagens de advanced
analytics, como machine learning e plataformas de visualização para descobrir
novas maneiras de otimizar seus processos, desde o sourcing de matérias-primas
até a venda de produtos acabados, pode melhorar a margem de EBITDA (lucro antes
de juros, impostos e amortização) entre 4% e 10%.
Para Ana Paula Kubinhets, o grande desafio para os players industriais de hoje
está na aplicação de tecnologias avançadas de manutenção preditiva em escala em
todas as suas operações. “Implantar uma operação inteligente requer um
minucioso mapeamento dos processos para identificação dos principais pontos
críticos, iniciando naqueles onde, caso ocorra uma falha, terá maior impacto
financeiro para a empresa”, diz.
A especialista comenta que ter sensores nos equipamentos não basta. “Se os
dispositivos não estiverem programados para enviar informações a um centro inteligente
de dados, só irá atrasar esse processo. O advento da Indústria 4.0 é
irreversível, as empresas precisam começar a se preparar não só desenhando essa
jornada de predição, mas ter sua timeline fará toda a diferença na
produtividade, no custo e na entrega dos produtos aos seus clientes. Caso
contrário, ficarão fora do jogo”, analisa Ana Paula.
Segundo a executiva, isso vale para diversas empresas de serviços de varejo,
indústrias de processo, de bens de consumo, que possuem múltiplos ativos, uma
ampla gama de causas de tempo de inatividade e modos de falha de alto valor
(por exemplo, em equipamentos críticos) que ocorrem com baixa frequência a cada
ano, o que torna mais difícil uma predição precisa pelos métodos tradicionais
de IA. Se elas não aproveitarem os dados – que são uma enorme fonte de
inteligência potencial - se não investirem em tecnologia, automação, gestão de
ativos, sensorização, monitoramento e predição, ficarão para trás.
Um estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que ouviu 500 empresas,
revela: oito em cada dez grandes e médias indústrias brasileiras inovaram em
2020 e 2021, o que resultou em crescimento de produtividade, competitividade e
resultados financeiros. Para os próximos três anos, a prioridade das empresas é
inovar para ampliar o volume de vendas (49%), produzir com menos custos (49%),
produzir com mais eficiência (41%), ampliar o volume de produção (34%) e
fabricar novos produtos (27%).
Como colocar a
indústria 4.0 em prática?
Hoje já existem sensores mais baratos e customizáveis a qualquer necessidade,
maior disponibilidade de dados, poder de processamento, e um ecossistema mais
forte de parceiros técnicos que vêm investindo na propriedade intelectual
necessária para industrializar ainda mais o processo de desenvolvimento de
modelos de manutenção preditiva.
Algumas práticas para uma implementação bem-sucedida da manutenção preditiva em
escala:
* Escolher cuidadosamente quais ativos incluir – priorizar aqueles que são
críticos para as operações, nos quais as falhas podem resultar em perda
imediata de produção.
* Pensar nos parceiros tecnológicos certos – uns oferecem licenças de software
com soluções plug and play para problemas específicos, e outros oferecerem
soluções que permitem adaptação às necessidades das instalações (processos,
lotes, múltiplas máquinas), monitoramento remoto. O parceiro certo pode dar
treinamento sob medida ao pessoal envolvido, envolvendo-o durante toda a
implantação para garantir a adesão, ou integrando a manutenção preditiva aos sistemas
de fluxo de trabalho existentes.
* Dar tempo para melhorar os modelos preditivos – eles são parte de um processo
permanente de aperfeiçoamento e melhoria contínuos.
* Colocar as pessoas em primeiro lugar - uma implementação bem-sucedida requer
também novos processos e mentalidades para incorporar as mudanças. Deixar
claras as responsabilidades de cada usuário e dar capacitação contínua para
dotar a organização das habilidades técnicas necessárias à solução digital, é
fundamental.
Por fim, o sistema de manutenção preditiva gerará mais valor quanto mais gerar
ações que são derivadas do alarme disparado pelo sistema. “As empresas líderes
estão inserindo a manutenção preditiva no ecossistema digital mais amplo da
organização, integrando-a a sistemas novos ou existentes de gestão digital do
trabalho”, explica Ana Paula Kubinhets, CEO da Aquarelle, a 1ª consultoria da
América Latina e a 2ª no mundo a vender e implantar no mercado brasileiro a
jornada completa 4.0 do sistema IBM, lançada em 2020.
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