1 ano de open banking: especialistas avaliam balanço do sistema financeiro nacional
ABFintechs, Sinqia, Klavi e Innovative
Assessments também pontuam perspectivas para o setor em 2022 e o foco dado ao
consumidor final
Amanhã (01) de fevereiro fará um ano que o open banking está operando no
país. Neste período, o principal benefício da ferramenta, que tem
como objetivo revolucionar o sistema financeiro nacional, é, sem dúvida, a
infraestrutura e a padronização. Neste cenário, já é possível afirmar que somos
um dos principais sistemas financeiros do mundo, além do plus: ser criado do
jeitinho brasileiro, personalizado às necessidades do país.
Para Rogerio Melfi, coordenador do GT de
open banking da ABFintechs, 2021 foi um ano de evoluções aceleradas, incluindo
diversas entregas e ajustes no cronograma. Para esse ano, a associação acredita
que o ritmo seguirá o mesmo, afinal, há uma série de entregas que os grupos de
trabalho farão.
“Durante 2022 veremos uma nova
movimentação, que foca no consumidor, que finalmente começa a sentir os
impactos do open banking. É esperado que algumas soluções comecem a fazer
sentido para o usuário durante a sua jornada, ou seja, que ele consiga
compartilhar dados para conseguir crédito ou fazer pagamentos instantâneos e
agendados. Claro, tudo isso acontecerá de forma gradual, como foi feito até
agora”, avalia Melfi.
Ainda segundo o especialista, grande parte das mudanças acontecerão no
segundo semestre de 2022. No entanto, Rogerio reitera que o
sistema financeiro não é uma corrida de 100m e sim uma grande maratona.
“Não podemos esperar uma solução
perfeita ainda este ano, isso ainda está por vir. Se acontecer antes do tempo,
será uma surpresa muito agradável. No mais, há muitas evoluções para serem
presenciadas neste ecossistema”, pontua.
Apesar de não ter impactado diretamente
a vida das pessoas, já é possível experienciar um cenário de maior
competitividade. Não à toa, instituições começam a olhar taxas praticadas pelas
suas concorrentes, melhorando seus produtos e serviços, afinal, em um futuro
próximo, isso fará diferença. Além disso, já é possível observar um ecossistema
mais inclusivo, onde o mercado financeiro já começa a olhar para outros
públicos, pois entende que existirá uma maior disputa maior por clientes.
Opinião de outros especialista
Já Bruno Chan, CEO e cofundador da Klavi, plataforma de
open banking especializada em inteligência e processamento de dados
financeiros, reforça que ainda não puderam ser percebidos grandes impactos do
open banking por ainda ser o primeiro ano de implementação.
“Vimos as instituições financeiras se
adequando à regulamentação, mas ainda existe um longo caminho para criarem
produtos e serviços que utilizem as informações advindas do Open Banking – e só
assim veremos um impacto de verdade nas vidas das pessoas e na economia”,
comenta o CEO, que ainda assim, considera o primeiro ano como super positivo -
já foi dado o primeiro passo de uma longa jornada.
Para Thiago Saldanha, CTO da Sinqia, empresa líder em
fornecimento de tecnologia para o mercado financeiro no Brasil, a ampliação do
Open Banking para o Open Finance é a que mais vai gerar oportunidades.
“Todos aqueles benefícios que comentamos
sobre oportunidade de crédito, maior facilidade em análise de crédito e
créditos mais competitivos para o mercado financeiro e para o consumidor final
serão vistos com mais força em 2022. Com isso, as instituições passarão a
vender mais e se tornarão mais competitivas na busca de clientes.”
Serviços personalizados
Para que os clientes
realmente percebam o valor e a confiança no open banking, as instituições
financeiras precisam personalizar os serviços oferecidos de acordo com o que o
consumidor realmente deseja ou precisa. Por isso, Saul Fine, CEO da fintech
israelense Innovative
Assessments, que trabalha em conjunto com os principais bancos
e fintechs do Brasil, acredita que este é um ponto-chave a ser discutido: os
serviços personalizados.
Até agora, muitas delas só foram
realmente capazes de fornecer segmentações muito gerais de serviços para seus
clientes, com base em amplas variáveis demográficas ou pontuações de bureau,
por exemplo.
Mesmo depois de muitos anos no mesmo
banco, é difícil imaginar que eles o conhecessem o suficiente para oferecer um
serviço personalizado ou prever suas necessidades. Com uma visão mais ampla da
situação financeira de um cliente, os dados compartilhados no open banking
permitem não apenas ao banco do consumidor fazer isso melhor, mas também a
outras instituições financeiras, aquecendo o mercado.
Brasil como precursor do Open Finance
De acordo com Saldanha, o Open Banking
no Brasil não só possibilitou a personalização de produtos e serviços de acordo
com o cliente da instituição bancária, mas também possibilitou o
compartilhamento de dados para outros setores, como seguradoras, corretoras de
investimentos, câmbio e previdência, originando, assim, Open Finance, a 4ª fase
do Open Banking.
“Apesar de o Open Banking ter sido
originado no Reino Unido e outros países do globo aderiram à tecnologia, como
Canadá e Austrália, apenas o Brasil garante ao usuário o compartilhamento de
informações entre outras instituições além de bancos, tornando o País precursor
desse tipo de tecnologia no mundo”, reforça o CTO.
Segundo Saldanha, as instituições
brasileiras puderam passar por um processo importante de aprendizado e melhoria
no que diz respeito à regulamentação, padronização e adaptações que ocorreram,
demonstrando o quanto o Banco Central está comprometido com a estratégia e
quanto os bancos também enxergaram o Open Banking como estratégia fundamental à
satisfação dos clientes. “Os bancos responderam à altura e conseguiram atender
as fases do Open Banking e as fases do Banco Central. Acredito que seja super
importante começar a maturar, e agora é um ano de avanço e de executar melhor o
que foi aprendido em 2021.”
Dificuldades de adaptação por parte de
bancos e instituições
Mesmo que os bancos e instituições tenham atendido as fases do Open Banking, os mesmos sofreram alguns empasses de adaptação a essas novidades. Para o CEO da Klavi, a primeira dificuldade foi a de adequar-se à regulamentação. “A mesma é muito exigente no ponto de vista de segurança, tecnologia, consentimento, LGPD etc.”, aponta Chan. Ele ainda apresenta uma segunda dificuldade, que é a de utilizar os dados de Open Banking, já que os bancos ainda não tiveram tempo de criar produtos inovadores que utilizem o Open Banking e que seja atraente para os consumidores.
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