Fundo Patrimonial que apoia a Unicamp capta mais de R$ 1,5 milhão em menos de um ano e anuncia sua política de investimentos
O Patronos nasceu do sonho de alunos de devolver o que receberam da universidade; endowment utilizará recursos para financiar projetos que apoiam a educação e desenvolvimento de pessoas
O Fundo Patronos, endowment independente que apoia a
comunidade da Unicamp, acaba de anunciar como
será sua Política de Investimentos, definindo as
estratégias usadas para maximizar retornos sobre seu capital, a partir
de um risco controlado.
Conforme o documento,
os recursos deverão ser alocados em diversos ativos, entre títulos públicos,
fundos de ações e fundos multimercados. “Dessa forma, equilibraremos riscos e
retornos para garantir a perpetuidade do fundo, ainda mais em um momento tão
volátil do mercado, como o qual estamos enfrentando”, explica Gabriel Simões,
cofundador do Fundo Patrimonial Patronos.
O Patronos já arrecadou
mais de R$ 1,5 milhão em seu primeiro ano de
criação, graças ao esforço de uma rede formada por mais de 50 voluntários.
A Política de investimentos do Patronos foi criada junto ao
Comitê de Investimentos, que conta com nomes, como Otaviano
Canuto, economista que foi diretor-executivo do FMI
(Fundo Monetário Internacional) e vice-presidente do Banco
Mundial e Felipe Andrioli, sócio na Verde Asset Management, além de
Matheus Cavallari, que atuou como conselheiro sênior no Banco
Mundial. Os três trabalham junto com Gabriel Simões.
Fundado em abril
de 2020, o Patronos foi criado logo após o início da pandemia,
por um grupo de ex-alunos da Unicamp. A iniciativa aconteceu
cerca de um ano após a criação da Lei nº. 13.800, de 4 de
janeiro de 2019, que estabeleceu a regulamentação para a criação de fundos
patrimoniais (endowments) ligados a universidades no país.
“Olhando o valor
doado em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), é importante
enfatizar que o Brasil doa em média 0,2% do PIB; como
comparativo, nos Estados Unidos, esse número é quase dez vezes maior”, compara
Tulio Prado, presidente e cofundador do Fundo Patronos.
“Contudo, acreditamos na mudança dessa mentalidade”, continua o presidente do
Patronos. “Os primeiros endowments no Brasil datam de 2010,
enquanto que, nos Estados Unidos, os maiores fundos iniciaram na década de
70”, conta. “No Brasil, é preciso não só divulgar a iniciativa, mas também
propagar uma nova forma de olharmos para filantropia”.
As fortalezas do
Patronos, segundo seus gestores, são a forte governança, a gestão de ponta, com
o máximo de transparência, além
da diversidade e interdisciplinaridade, já que se
baseia em uma instituição com mais de 60 cursos de ensino superior.
Além disso, a equipe do Patronos é 100% voluntária, da base ao alto
escalão, sendo que nenhum dos integrantes é remunerado pelos serviços
prestados ao Fundo.
A equipe abraça a
missão desafiadora de impulsionar projetos
inovadores e inclusivos, e assim contribuir no
desenvolvimento da comunidade da Unicamp, incluindo alunos, pesquisadores,
docentes e funcionários.
É assim que o
Patronos pretende fomentar uma cultura ainda incipiente no País: de unir
gerações de ex-alunos formados em universidades
públicas e que podem destinar parte de seu
tempo e conhecimento, para enriquecer a formação de novos profissionais. “O
potencial de impacto deste trabalho pode ser gigantesco, e vai além
do aspecto financeiro, alavancando o poder das conexões e da cultura
filantrópica que estamos criando”, afirma Tulio.
Quem faz parte do
Patronos
O time de voluntários
soma mais de 50 pessoas, oriundas de 12 cursos distintos, que trabalham em diversas
atividades, como captação de doadores e elaboração de editais.
Além disso, existe uma robusta estrutura de
Conselho e Comitês, que auxiliam na tomada de decisões, e da
qual contam com a participação de profissionais notáveis, como Newton Freire,
Carlos Formigari, Erica Janini, Cristhiane Santos, Agnes
Blanco e Rafael Marchi no Conselho Administrativo; Marcelo Orlando,
Ana Paula Bettinelli e Pedro Fukui, no Comitê Fiscal; além dos
grandes nomes no Comitê de Investimentos. Os membros dividem seu tempo
voluntário com outros cargos, muitos em posições de
liderança em grandes organizações como Itaú, Accenture, Goldman
Sachs, Verde Asset e PwC.
Cenário dos endowments
Atualmente, as
universidades federais brasileiras, bem como a comunidade científica, passam
por um momento delicado, com recorrentes cortes de verbas impostos
pelo governo. Além da subtração orçamentária de cerca
de R$ 1 bilhão, segundo Andifes (Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), recentemente, veio
outro golpe brutal: no último 15 de outubro, houve diminuição de R$ 690
milhões do orçamento do Ministério de Ciência,
Tecnologia e Inovações, que seriam destinados a pesquisas
científicas.“Por isso, cada vez mais, os endowments e as
parcerias empresariais que estamos desenvolvendo são soluções
alternativas para acelerar a educação superior e apoiar a pesquisa
científica no Brasil”, indica Prado.
Realizações
Após pouco mais
de um ano de atuação, o Patronos já realizou editais de apoio a
projetos diversos e trabalha com a oferta de mentorias, para o
direcionamento de carreiras, beneficiando atualmente 80
alunos e ex-alunos.
Entre os editais
financeiros, ocorreram desde um hackathon propondo soluções para os
efeitos colaterais da pandemia da Covid-19, além do apoio a atividades
extracurriculares, o projeto Decola Extras, que engloba oficinas de
capacitação para quase 50 organizações extracurriculares saídas da comunidade
da Unicamp, e que conta, ainda, com apoio financeiro total
de R$ 25 mil reais.
Mais sobre
o Fundo Patrimonial Patronos: fundada em 2020,
por um grupo de alunos e ex-alunos da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp), o Fundo Patronos tem o objetivo de promover
iniciativas para contribuir no desenvolvimento da comunidade da universidade.
Possui um time de mais de 50 voluntários e apoio de 150
doadores, com arrecadação do montante de mais de R$ 1,5 milhão.
Para saber
mais e contribuir acesse: https://www.patronos.org/
Sobre a Unicamp: A Unicamp é a terceira melhor universidade da América Latina, segundo o ranking Times Higher Education (THE) e uma das protagonistas na produção científica nacional. Localizada no Estado de São Paulo, a Unicamp tem três campi — em Campinas, Piracicaba e Limeira — e compreende 24 unidades de ensino e pesquisa. Possui também um vasto complexo de saúde (com duas grandes unidades hospitalares no campus de Campinas), além de 23 núcleos e centros interdisciplinares, dois colégios técnicos e várias unidades de apoio, em um universo onde convivem cerca de 50 mil pessoas, e onde se desenvolvem milhares de projetos de pesquisa.
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