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Investir em capacitação e ser empático no momento da contratação são dicas para as empresas conquistarem uma equipe mais diversa


*Matheus Almeida Rodrigues

Segundo dados divulgados pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), em 2019, pessoas negras representam apenas 1% dos advogados de grandes escritórios, sendo que 54% da população brasileira é negra, de acordo levantamento do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ou seja, mais da metade do país não tem os mesmos tratamentos dentro do mercado de trabalho.

Esse é um assunto pouco comentado, mas esses números mostram como não há debates sobre o racismo, que na maioria das vezes é considerado algo normal, desde a empregada que não pode comer na casa dos patrões até dentro de escritórios e empresas grandes onde não vemos muitas pessoas negras ocupando alguns cargos, normalmente os mais elevados e de níveis superiores. A dificuldade de acesso a essas vagas, normalmente, já começa na exclusão do candidato que não possui uma formação em faculdade elitizada e especializações inacessíveis para a maioria dos pobres e negros.

No Brasil, infelizmente, a cor da pele é crucial para dizer até onde você pode chegar e pode-se ver diariamente profissões para negros já pré-estabelecidas, como babá, pedreiro e doméstica, não que isso seja ruim ou inferior a qualquer outro trabalho, mas é limitante. Essas limitações e dificuldades profissionais não estão somente dentro das empresas e nos recrutadores, mas já estão enraizado no país e começam dentro de casa, com sua família.

O assunto, quando comentado, levanta diversas respostas automáticas sobre oportunidades de crescimento para jovens negros, como as cotas, por exemplo. O problema é que cotas não são o suficiente na maioria das vezes, isso porque 75,2% da população pobre é negra, segundo dados do IBGE e, mesmo com acesso à faculdade, seja por bolsas ou universidades públicas, eles não conseguem se manter, pois, não tem condições de pagar transporte e alimentação para ir até à instituição de ensino. Deveria, além das cotas, ter auxílio de custo para essas outras despesas.

Diversidade dentro das empresas

Primeiramente, as empresas precisam pensar sobre o que é ser negro na sociedade e no Brasil, para concluir se estão dispostas a dar oportunidades ao profissional. Da mesma forma que as faculdades não podem se limitar às cotas e bolsas, mas entender as dificuldades e capacitações da pessoa, as empresas devem fazer o mesmo quando analisam um currículo. Priorizar as pessoas negras que já fazem parte dos colaboradores para cargos de liderança também é outra forma de reconhecimento.

Uma pesquisa realizada pela British Council apurou que apenas 5% dos brasileiros falam inglês e somente 1% da população possui fluência na língua, isso focando somente em pessoas negras, deve ser uma parcela menor ainda. Além do inglês, a maioria das empresas pedem cursos inacessíveis. Pensando nisso, as empresas podem pensar em projetos e campanhas para pagar essas qualificações exigidas.

Dar oportunidade e capacitações para colaboradores que já integram seu quaro de funcionários pode ajudar não só a melhorar o cargo dele, mas melhorará o desempenho da empresa, com profissionais mais qualificados. E, caso necessário, abrir vagas externas, enxergar o ser humano e profissional de forma justa, sem colocar diversos obstáculos e julgar o negro como não qualificado.

Além disso, empresas que querem contratar pessoas negras para a equipe, tem que saber e compreender as diferenças, como cabelo crespo, vestimentas diferentes e que moram em lugares diferentes, como periferias. Respeitar essas diferenças é essencial, senão será apenas uma pessoa negra nos padrões da raça branca. Aceitar e acolher essa diversidade, fazendo com que a pessoa se sinta bem, feliz e confortável em fazer parte da equipe.

Sugestões para políticas para contratação de pessoas negras

O primeiro passo é enxergar a equipe atual e investir nela, desde livros até cursos e especializações para se aprimorarem na área. Quando abrir novas vagas, colocar requisitos que estejam possíveis dentro da capacidade dessas pessoas, como universidades que não são elitizadas, mas que tem potencial ou que não tenham inglês avançado, mas têm interesse em aprender. E, por fim, pessoas brancas que estão à frente da seleção podem procurar pessoas negras especializadas nessa contratação para tentar entender melhor as limitações e essas dificuldades que citamos.

Diversidade dentro do escritório Marcelo Tostes Advogados

O Marcelo Tostes Advogados criou o Diversifica, comitê de diversidade, equidade e inclusão, um projeto de responsabilidade social. Dentro das ações do comitê está um podcast, denominado MTACAST, com duração média de 20 minutos, que debate sobre temas de inclusão social e diversidade dentro de empresas, escritórios e do judiciário como um todo. No primeiro episódio do MTACAST, o tema abordado foi a inclusão racial, ministrado por mim, Matheus Almeida Rodrigues, advogado trabalhista do MTA e negro, junto à convidados.

*Matheus Almeida Rodrigues, advogado trabalhista do escritório Marcelo Tostes Advogados

Sobre o escritório Marcelo Tostes Advogados: Escritório comprometido em fazer a interconexão entre a inovação, a tecnologia e o Direito. Com foco na advocacia empresarial e em negócios, busca especialização constante e conta com uma equipe multidisciplinar, formada por cerca de 500 colaboradores. Esse time atua para solucionar problemas dos clientes com agilidade e responsabilidade, de forma customizada por meio do uso dos mais recentes recursos tecnológicos, o que faz do escritório uma referência no mercado. Com mais de 20 anos de atuação em diversas áreas do Direito, Marcelo Tostes Advogados aposta na segmentação e personalização para a prestação de um serviço de excelência aos clientes dos mais diversos segmentos. Possui sede em São Paulo e unidades em mais 6 estados brasileiros (Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo), além de contar com um setor de correspondentes que permite atuação nacional.

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