MCTI lança painel com dados estaduais sobre uso da terra e florestas
Informações com mapas, matrizes de transição e relatórios
analíticos estão disponíveis no Sistema de Registro Nacional de Emissões
O Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) publicou nesta terça-feira (26)
o painel
de dados por unidade federativa para o setor Uso da Terra, Mudança do Uso da
Terra e Florestas (LULUCF, na sigla em inglês). O objetivo de detalhar
as informações é subsidiar os estados e municípios brasileiros para que,
facilitando o acesso, conheçam em profundidade os dados locais e que possam
subsidiar a proposição de políticas públicas e apoio na tomada de decisões.
O setor de
Uso da Terra possui particular importância para o Brasil devido à participação
no perfil nacional de emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE). As
atividades relacionadas ao setor LULUCF representaram aproximadamente um terço
das emissões nacionais em 2016, data do Inventário Nacional do Brasil oficial
mais recente. Por isso, é considerado um setor modulador, tanto para a redução
quanto para o aumento.
Além disso,
parte das ações de mitigação propostas pelo País para atingir as metas apresentadas
na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), no âmbito do Acordo de Paris,
estão vinculadas ao setor.
“Esse setor
tem potencial imenso de impactar positivamente a redução das emissões
nacionais, está explícito nas metas da NDC do Brasil e, além disso, tem uma
complexidade imensa”, afirmou o coordenador-geral de Ciência do Clima e
Sustentabilidade do MCTI, Márcio Rojas.
O coordenador
lembrou que, segundo o relatório
mais recente divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima
(IPPC) sobre mitigação, a necessidade de descarbonizar a economia e de agir
em torno da redução das emissões de GEE está cada vez mais urgente.
Informações do Painel - Os dados
estaduais para o setor LULUCF estão disponíveis no Sistema de Registro Nacional
de Emissões (SIRENE), no item ‘Dados e Ferramentas’. Na página, o usuário
encontra, em formato power BI, dados detalhados de cada unidade da federação
para o setor LULUCF com toda a série histórica de emissões líquidas de gases de
efeito estufa, que abrange de 1990 a 2016. Também é possível fazer o download de
arquivos relacionados ao uso e cobertura da terra; dados georreferenciados
em shapefiles (tipo de arquivo para mapas); relatórios
analíticos dos resultados.
As matrizes
de transição de uso e cobertura da terra abrangem todos os biomas presentes no
território nacional. É possível ainda visualizar os mapas por estado de estoque
de carbono da vegetação das áreas conservadas, mapas da vegetação pretérita e
de 2016, mapas de dinâmica de pastagens, agricultura e florestas.
Na página, o
usuário tem à disposição dois manuais de auxílio à consulta aos dados
espaciais, como extrair informações e realizar consultas específicas, e com
orientações sobre o painel.
Os dados do
setor LULUCF foram desagregados a partir dos resultados do Inventário Nacional
da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção do Clima. Mais de 120
especialistas estiverem envolvidos na elaboração dos dados sobre o setor, que
também foi submetido à avaliação de um comitê externo de especialistas em cada
bioma. Para se ter ideia da dimensão e acurácia do trabalho foram utilizados
cerca de 22 milhões de polígonos, que são unidades de representação do
território. Cada polígono apresenta informações do uso ou cobertura da terra
dos diferentes anos mapeados, bem como das demais camadas, que incluem os tipos
de vegetação, unidades federativas, carbono da vegetação, entre outras
O esforço
realizado pelo MCTI contou com apoio da Agência de Cooperação Alemã (GIZ), por
meio do programa SPIPA (Strategic Partnerships for the Implementation of
the Paris Agreement), que além do Brasil é implementado em outros
14 países. A ação, financiada pela União Europeia e pelo Ministério de
Meio Ambiente da Alemanha (BMU), tem por objetivo mobilizar a troca de
experiências entre os países signatários do Acordo de Paris.
No Brasil, o
SPIPA conta com um portfólio diversificado de ações que incluem diálogos com
sociedade, treinamento para mercados de carbono direcionados para iniciativa
privada, iniciativas com as unidades da federação para economia verde, entre
outros.
“A ação com
MCTI está focada em suporte e melhoria para desagregação do Inventário
Nacional. No ano passado, houve a parceria com Abema [Associação Brasileira de
Entidades Estaduais de Meio Ambiente] por meio de diálogos, para entendimento
dos papeis, promoção da reflexão e suporte para essa discussão”, afirmou a
diretora do SPIPA no Brasil, Thais Kasecker.
No ano
passado, o MCTI e a GIZ realizaram uma série
de diálogos com atores envolvidos na temática de mudanças climáticas,
além do levantamento sobre o aprimoramento do inventário nacional e de sua
desagregação em nível estadual: gestão da informação e arranjos institucionais.
Neste ano, a segunda etapa do trabalho elegeu como focou a desagregação das
informações do setor LULUCF.
Saiba mais - Como signatário da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (United Nations Framework Convention on Climate
Change – UNFCCC), o Brasil tem o compromisso de relatar seus
Inventários Nacionais de Emissões por Fontes e Remoções por Sumidouros
Antrópicos de Gases de Efeito Estufa (GEE). Este exercício parte de suas
Comunicações Nacionais e dos Relatórios de Atualização Bienal (BUR). O
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio da
Coordenação-Geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade (CGCL), é o órgão
responsável por coordenar a elaboração desses relatos em âmbito federal.
Os documentos citados podem ser consultados neste link.
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