A importância da integração e colaboração mútua no desenvolvimento de pessoas na área de saúde
Por Tania Machado*
Costumo afirmar que
gestão de pessoas é um desafio maior quando se trata do setor de Saúde. Somado
ao cenário que vivemos, a pandemia, não é exagero afirmar o grau de
dificuldade. São várias áreas de negócios, cada um representado por suas
entidades e sindicatos. No entanto, ainda há um desafio maior: a integração
dessas áreas.
Quando isso não
acontece, é inevitável que prejuízos comecem a aparecer. A falta de diálogo
entre equipes, erros e retrabalhos, conflitos e falta de cooperação são alguns
efeitos. Vivemos em mundo de cooperação e colaboração mútua e, em tempos de
crise, isso fica ainda mais acentuado. Precisamos entender como uma gestão
integrada pode ser bastante benéfica.
Promover a integração
de setores é um investimento desafiador. O retorno vem na forma de engajamento,
boas relações de trabalho e reflete no crescimento da organização como um todo
e também, lá na ponta, na entrega de saúde baseada em valor.
No passado, era comum
cada departamento ser visto de forma isolada, seguindo um modelo cartesiano
aplicado às empresas. Ou seja, cada departamento preocupava-se apenas com as
suas responsabilidades e tinha uma visão “vertical” e hierarquizada de
organização. Mas, as coisas mudaram substancialmente.
A integração de setores
é importante no que diz respeito à capacidade dos tomadores de decisão de
colaborarem entre si. Quando os gestores dos departamentos conseguem trabalhar
de forma coordenada uns com os outros, eles têm mais facilidade para
implementar planos de ação mais eficazes e promovem uma cultura integrada aos
seus liderados.
Além disso, se os
setores não dialogam, eles perdem sinergia, não agregam valor ao processo de
atendimento ao cliente final: o paciente. E, claro, perdem a chance do
aprendizado da integração, que só é possível através da interação e da
multidisciplinaridade.
Isso porque
profissionais com especialidades variadas como fisioterapia, nutrição,
enfermagem, TI, engenharia clínica, e área administrativa e assistencial, têm
experiência em áreas distintas. Cada um pode contribuir com um conhecimento
diferente, atendendo muito mais diretamente às necessidades estratégicas e
práticas da instituição.
Criar Grupos de
melhoria contínua e usar todo o poder da comunicação, permite não só aprimorar
a transmissão da informação, como facilitar a aproximação e otimizar os
processos. Afinal, se os colaboradores são bem informados, eles também são mais
engajados e capazes de desenvolver boas estratégias de atuação.
Mas, se é importante
integrar o trabalho, por que não fazer uma avaliação de desempenho
multissetorial? O que não se pode medir, não pode ser melhorado! Os indicadores
de desempenho (também chamados de KPIs, ou key performance indicators) compostos envolvem
vários tipos de medições para apontar como andam os resultados das pessoas e
empresa. Ao apostar em KPIs que envolvem variáveis de múltiplos departamentos,
a instituição consegue construir uma análise mais ampla. Com isso, é possível
ter uma visão mais global e trabalhar em uma perspectiva na qual todos se
engajam, responsabilizando-se e procurando soluções em colaboração.
É bem verdade que os
profissionais podem, inicialmente, ficar um pouco resistentes a uma cultura de
diálogo entre as várias áreas. Lidar com pessoas não é uma tarefa simples. Mas
são essas diversidades que permitem o enriquecimento do trabalho, a formação de
estratégias mais construtivas e propostas mais integradas.
Conseguir a integração
organizacional envolve alinhar a estratégia, a cultura, as habilidades das
equipes, a tecnologia, a estrutura e o estilo de gerenciamento com os objetivos
macro do negócio. Isso inclui certificar-se de que cada departamento e cada
colaborador entenda a importância disso. Também envolve a educação das partes
interessadas.
Para finalizar, é
importante pontuarmos que essa integração só acontece a partir de uma mudança
de atitude da alta hierarquia do negócio e também das lideranças de departamentos.
A criação de uma cultura de integração de setores deve vir de cima para baixo.
Pode — e deve — envolver a todos os colaboradores do negócio, mas cabe à
direção tomar frente para que as resistências à mudança sejam menores.
Afinal como diz Augusto
Cury - O maior líder é aquele que reconhece sua pequenez, extrai força de sua
humildade e experiência da sua fragilidade”.
*Tania Machado é CEO da
TM Jobs, rede completa de negócios no segmento de saúde que conecta
profissionais e empresas para que juntos possam construir um novo cenário para
o setor. É também presidente do HUBR+ABPRH - Associação Paulista de Recursos
Humanos e de Gestores de Pessoas.
Com mais de 20 anos de
atuação e experiência na área da saúde, é também fundadora e responsável pela
gestão do Business Club Healthcare, iniciativa que reúne lideranças de saúde
para discutir boas práticas de gestão e governança por meio de encontros
presenciais pelo Brasil e América Latina. A TMJobs participa novamente da
Hospitalar 2022 com um espaço intimista para receber executivos de Hospitais
Públicos, Privados e toda a cadeia de Saúde Suplementar em seu estande.
Sua longa trajetória
traz como diferencial um profundo conhecimento do setor. Possui forte
relacionamento com líderes e formadores de opinião do setor de saúde,
estabeleceu alianças importantes com diversas entidades e associações de classe
do setor.
Atua como Palestrante, Conselheira do IBRAVS – Instituto Brasileiro de Valor em Saúde, apresentadora do canal Valor em Saúde, programa semanal com entrevistas, hospedado no Youtube e no Spotify e Sócia do Movimento Somos60 mais.
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