Poder do TikTok na indústria musical mostra que as marcas precisam repensar uso da música como estratégia de marketing
Por Caíto Cyrillo, CEO da Hub Global de
produção audiovisual
O TikTok vem influenciando a indústria
musical mundial nos dois últimos anos, ditando se uma canção vai virar hit ou
não. A trilha sonora usada nesta rede social, assim como no recurso Reels do
Instagram, por exemplo, aparece em diferentes tipos de conteúdo – coreografia,
duetos, fundo para memes –, gerando engajamento em públicos diversos.
Uma pesquisa conduzida nos Estados
Unidos em 2020 revelou que 52% das pessoas da geração Z (entre 13 e 23 anos)
usavam apps como TikTok, e 48% delas consumiam vídeos postados ligados à
música. No ano passado, a plataforma encomendou um estudo à Nielsen e 92% dos
usuários afirmam descobrir conteúdos novos e que gostam.
O mesmo estudo mostrou que 73% de todos
os usuários acham que a publicidade no TikTok é única e diferente e 61% que os
anúncios se misturam com o conteúdo, o que faz com que a experiência seja
fluída e o usuário tenha a mesma sensação de estar consumindo um conteúdo
orgânico da plataforma.
A arte tem grande influência nessa
associação da música ao entretenimento, conectando de maneira orgânica valores
e conceitos de uma marca com a audiência. Para isso, usar a expertise de
produtores musicais e cantores reconhecidos, influenciadores e celebridades,
pode ser um caminho para fisgar o público – o que acontece, claro, se a pessoa
convidada estiver engajada com o objetivo do projeto artístico proposto.
E existem algumas táticas para entreter
seu target, as collabs são um exemplo disso. Estas parcerias têm como objetivo
criar um laço entre marca, artista e público-alvo e uma forma atrativa e
diferente de algumas empresas entrarem em um universo ao qual, muitas vezes,
não se tem tanto acesso.
Algumas empresas podem ter a falsa
impressão de que é preciso muito investimento para realizar essas parcerias.
Mas, hoje em dia, há diferentes tipos de remuneração, entre elas: dividir o
lucro, oferecer porcentagem de venda, o artista receber o crédito como parte da
ficha técnica da produção da campanha etc. Muitas vezes esses artistas e
influenciadores veem nessa colaboração uma maneira de viabilizar algum projeto
pessoal. No marketing, estratégias assim são sensoriais e diferenciadas, e
empresas como Ifood, Dock Tech, Brahma, Natura, Coca-Cola, Samsung e RayBan já
se aproveitaram disso.
A Dock Tech, por exemplo, uma das
empresas líderes na América Latina em tecnologia para serviços financeiros,
recentemente se juntou ao renomado DJ e produtor musical internacional Gui
Boratto como parte da estratégia criativa de reposicionamento da marca. Durante
três meses, Boratto trabalhou no desenvolvimento da faixa "Love To
Share" e depois a lançou em todas as suas plataformas de streaming. A ação
contou também com a influenciadora Chloë Marie, que tem mais de 56 milhões de
curtidas no TikTok, e com o DJ Coppola, coprodutor da música.
Para trazer um artista para o seu
negócio é preciso analisar minuciosamente os conceitos da empresa e conectá-los
com o perfil do artista. Essa análise precisa levar em conta a credibilidade do
mesmo. Algumas empresas acham que o custo dessa estratégia pode ser muito alto,
mas a maioria não sabe que são várias as oportunidades para fazer isso
acontecer.
Se apropriar da música como arte em uma ação estratégica de publicidade e marketing é, com certeza, uma escolha inteligente neste momento em que as redes sociais funcionam também como divulgadoras de novas tendências musicais e engajam a audiência usando a trilha sonora de diferentes maneiras.
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