Tomar boas decisões é um dos fatores mais relevantes para os negócios
*por Uranio Bonoldi
Decidir é algo inevitável e fundamental
para nossa existência. Não há uma única ação que tomemos que não seja precedida
por uma resolução: andar, falar, comer, viajar, fazer compras… As decisões
fáceis possuem pouca liberdade de escolha, consequências de curto prazo, o
impacto é baixo e normalmente não afeta terceiros. Um exemplo é a nossa
alimentação, a liberdade de escolha é limitada: me alimento agora ou não? Como
algo leve ou mais pesado? E o impacto no caso de erro é pequeno – caso não haja
algum problema de comorbidade em jogo, claro. Já as decisões difíceis têm ampla
liberdade de escolha, as consequências são de longo prazo e impactam terceiros
- como a escolha de uma profissão. Um jovem saindo do ensino médio tem mais de
2 mil profissões para escolher — imagine um piloto de avião ou um médico que
escolheram a profissão de maneira equivocada.
Nas funções de gestão, também há
decisões difíceis a serem tomadas. Se a empresa se encontrar diante de uma
perda de participação de mercado, por exemplo, serão necessárias resoluções
complexas, como o remanejamento de pessoal, demissões, mudanças nos processos
de produção ou a criação de novos produtos. Mudanças conjunturais na economia
ou problemas de gestão em áreas críticas da empresa podem resultar em uma
situação financeira desfavorável. Isso exigirá intervenções profundas na
organização e a escolha entre várias possibilidades, cada qual com um
repertório próprio de consequências futuras. Por isso, é importante saber
identificar quais são as decisões difíceis, para que não percamos tempo diante
de desafios simples de resolver. Tire da sua frente o mais rápido que puder, as
questões que podem ser contornadas sem dispêndio de muita energia. No início,
quando ainda somos profissionais sem muita experiência, isso talvez exija doses
de coragem e de iniciativa. Caso a questão a ser enfrentada seja das difíceis,
considere o tempo como seu amigo. Traga essa decisão difícil para o mundo da
reflexão e da razão - isso se faz isolando a emoção, respirando e esperando que
a mente se acalme. Mas, decida, - não procrastine.
Com os meus 30 anos de experiência em
cargos de alta gestão, cheguei a esses três pilares importantes para sermos
mais assertivos nas escolhas: informação, emoções e valores baseados em nosso
autoconhecimento. Recolher informações e dados que nos ajudem a entender o
contexto no qual uma decisão será tomada, seus riscos e suas oportunidades, é
uma forma de se preparar para agir. O segundo ponto é o emocional: faz parte do
processo de gestão lidar com frustrações, sonhos, ambições e identificar nossos
medos. A questão principal é equilibrar a balança - não dá para decidir
algo importante quando estamos emocionalmente abalados. Por último, e ao meu
ver, mais importante, é que as decisões precisam ser baseadas em nossos
valores. Ainda que erremos, o fato de estarmos conscientes e bem posicionados
com relação aos nossos valores na tomada de decisão que fizermos diante das
alternativas disponíveis, isso fará com que enfrentemos eventuais falhas e
consequências com mais tranquilidade, sendo possível identificar claramente em
que momento nos equivocamos durante o processo.
O ambiente dos negócios, com suas
pressões e prazos curtos, acaba por nos incentivar a tomar decisões importantes
de maneira automática ou deixando a emoção tomar conta, o que nos tira o tempo
para organizar as informações e refletir com relação às escolhas que temos à
nossa frente. A consequência desse hábito é que frequentemente nossas decisões
são de uma qualidade inferior àquela que tomaríamos caso agíssemos de uma
maneira mais calma, racional e lógica. Por isso, tomar decisão é um processo de
aprendizagem. A necessidade de estarmos à altura de um mercado de trabalho que
está sempre se transformando e sendo modificado por novas tecnologias e modelos
de gestão, faz com que tenhamos que tomar decisões assertivas, com o risco de,
se não escolhermos um bom caminho, perdermos oportunidades fundamentais.
Lembre-se: nada é mais importante para a carreira e para os negócios do que
saber decidir.
*Uranio Bonoldi é autor do livro "Decisões de Alto Impacto: Como decidir com mais consciência e segurança na carreira e nos negócios"
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