Com atraso de 2 anos, São Paulo anuncia implantação da Polícia Penal
Agentes penitenciários serão convertidos em
policiais; nova força fica responsável pela segurança de todo sistema prisional
O governador Rodrigo
Garcia (PSDB-SP) anunciou nesta quinta-feira o envio de Proposta de Emenda à
Constituição do Estado para a criação da Polícia Penal de São Paulo. O anúncio
foi feito em cerimônia de anuência para a contratação dos candidatos aprovados
no concurso de 2014 para preencher 1593 cargos de agentes penitenciários.
O envio da PEC à
Assembleia Legislativa cumpre a ordem constitucional. Em dezembro de 2019, o
Congresso incluiu na Constituição brasileira a criação da Polícia Penal em todo
o país, mas a efetivação dependia de mudanças nas legislações estaduais. “São Paulo, que possui um quarto dos
presos do país, foi só o vigésimo Estado a anunciar a regulamentação da Polícia
Penal. O governo permaneceu inerte o quanto pôde, até que uma ação do PSB, que
partiu de uma iniciativa do SIFUSPESP, chegou ao STF e foi analisada pela
ministra Rosa Weber. Isso obrigou o governador a se movimentar”,
analisa Gilberto Antônio,
secretário-geral do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São
Paulo (SIFUSPESP).
O que muda
para o cidadão?
A Polícia
Penal fica inteiramente responsável pela segurança do sistema prisional no
Estado: desde a vigilância de muralhas e escolta de presos, às ações em caso de
rebelião e até na recaptura de fugitivos.
A nova polícia também é
responsável pela segurança de todo o perímetro das unidades prisionais,
incluindo a de advogados, médicos e visitantes. “Os agentes penitenciários já são vistos pelos detentos
como policiais. Muitos de nós perderam a vida porque criminosos nos consideram
policiais, mas não temos armas e nem temos poder de polícia. A segurança de
importantes unidades é feita pela PM, viaturas são tiradas das ruas para
escoltar presos. Agora, teremos uma força policial especializada, treinada e
estruturada para isso”, comenta o sindicalista.
Hoje, em 151 presídios
paulistas a PM ainda faz a segurança das muralhas e a escolta dos presos para
transferências, audiências e atendimentos de saúde. Seis mil policiais
militares são usados nesse trabalho. Além dos salários, todo o custo dessa
operação, como a manutenção de viaturas, abastecimentos e pagamento de diárias,
sai do orçamento da PM. “Esses
militares serão liberados para sua função principal, que é o patrulhamento das
ruas e a segurança da população. Agora a Polícia Penal terá gestão e orçamento
próprios. Com isso pode alterar a lógica dos investimentos feitos até aqui, que
nunca visaram a ressocialização dos presos e o bem-estar dos servidores. Por
isso chegamos à atual situação, à beira do colapso”, explica
Gilberto.
O secretário-geral do Sifuspesp Gilberto
Antônio
O que muda
para o servidor?
O deficit
de servidores no sistema prisional não para de crescer. Atualmente há 12 mil
funcionários a menos e uma estimativa de 4 mil aposentadorias em 2022. As raras
contratações não cobrem o buraco deixado por quem sai. “Em média temos 350 aposentadorias por
mês. A autonomia da Polícia Penal vai permitir mais investimentos em
treinamento, estrutura e também na realização de concursos para reduzir o
deficit funcional. Os policiais penais passam a ter, além do porte de armas, os
mesmos direitos das outras carreiras policiais, incluindo aposentadorias
especiais”, explica Gilberto Antônio.
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