Como estimular a busca pela aprendizagem e não pela nota
Estudar para tirar uma boa nota, passar de ano, prestar vestibular e, por fim, se formar. Esta é a caminhada que muitos estudantes vivenciam durante os anos na educação básica. Mas, até onde as avaliações tradicionais das escolas evidenciam o quão o estudante aprendeu? Ou mesmo, como transformar o processo de estudo em aprendizagem e não somente em nota?
Apesar dos processos avaliativos serem
parte importante da trajetória educacional, atualmente, este fator tem ganhado
um novo papel, passando de um instrumento meramente classificatório, para um
pilar direcionador e orientador da aprendizagem.
Quando a avaliação é embasada apenas em
tirar notas, os resultados referem-se à classificação e rotulação, apontando
dados somente de uma parte do processo, o que gera expectativa de sucesso ou
fracasso, limitando a certo ou errado, ao bom e ao mau estudante. Além disso,
pode reduzir o processo de avaliação a uma
prova ou exame, desconsiderando as demais fases da trajetória de aprendizagem.
Diante das demandas atuais, de um mundo não
linear, ansioso, frágil e incompreensível, a aprendizagem precisa acompanhar
essas necessidades e promover o desenvolvimento de habilidades para responder a
essas demandas. Diante disto, o modelo de avaliação, exclusivo baseado em
notas, torna-se “old school”. Para uma educação atenta às demandas atuais, há
uma necessidade emergencial em valorizar a experiência do estudante na
construção do conhecimento e no seu desenvolvimento como indivíduo, para
assegurar aprendizados para formá-lo um cidadão que saiba “aprender a
aprender”, a tomar decisões assertivas e a trabalhar de maneira colaborativa.
Se temos a expectativa de que os estudantes
desenvolvam habilidades complexas nas mais diversas áreas e disciplinas, tais
como resolver problemas pensando em grupo, argumentar e criticar argumentos e,
pesquisar de modo profundo e criterioso, há necessidade validar esse
desenvolvimento. Nesta perspectiva, a aprendizagem deve acontecer por meio de
uma metodologia que proporciona sentido, que possa ser vivenciada na prática
para que o estudante possa ser entendido como o centro do processo de
aprendizagem. Nesta lógica, as aprendizagens que acontecem dentro deste
processo são avaliadas por meio das suas evidências e não apenas pela
quantidade de acertos em uma prova ou teste.
E, como a avaliação deve ser feita?
A resposta é simples: por meio das
evidências de aprendizagem e uma mescla nos processos avaliativos (avaliação
somativa e formativa). A avaliação somativa tem como objetivo avaliar de
maneira geral o grau em que os resultados mais amplos têm sido alcançados ao
longo e no final da etapa, incluindo a síntese a respeito das aprendizagens,
focando na hierarquização de excelências. Ela tem como função classificar o
estudante ao final do percurso, segundo níveis de aproveitamento e o rendimento
alcançado tem como parâmetro objetivos previstos.
Já a avaliação formativa, prioriza a
promoção da aprendizagem em processo, referindo-se a um conjunto de práticas
inter-relacionadas que, de forma comprovável, aprimoraram a aprendizagem dos
estudantes. Ela é desenhada para informar aprendizagem durante o processo para
que as evidências coletadas sejam realmente utilizadas para adaptar o ensino às
necessidades dos estudantes, que são ativamente envolvidos, recebendo e
emitindo feedback sobre si e sobre os colegas.
Desta forma, a lógica neste processo
torna-se a regulação das aprendizagens e um dos instrumentos que podem ser
utilizados para avaliar as habilidades de alta complexidade é associar rubricas
de avaliação a outros instrumentos de avaliação diferenciados, uma vez que a
rubrica promove benefícios para todo o processo avaliativo. Elas também
constituem ferramentas de apoio ao aprendizado do estudante e ao seu
desenvolvimento integral, pois conduzem a práticas de aprendizagem mais
adequadas aos estudantes ao longo de todo o percurso. Para o professor, promove
clareza quanto a tarefa e o objetivo de aprendizagem, foca no critério e não na
tarefa e busca referência ao resultado da aprendizagem, permitindo tomar as
decisões que possibilitem atingir os resultados esperados.
Esta perspectiva permite ao estudante
refletir sobre onde está, traçar onde quer chegar e saber como é o próximo
nível de exigência. Este cenário o desafia a crescer, trabalhar com auto
avaliação e oferece visibilidade às habilidades desenvolvidas, tanto as
cognitivas, quanto socioemocionais. E, para a família, promove a transparência
do processo avaliativo, já que os mesmos saberão onde o filho está e onde deve
chegar, quais os critérios foram utilizados, bem como quais as habilidades
foram desenvolvidas. Com essa proposta, a escola cumpre seu papel com
excelência na formação de qualidade e os estudantes são melhor preparados para
os desafios da vida, garantindo aprendizagem e sucesso em sua trajetória.
Rita Rangel é Gestora Educacional Brasil da rede de colégios Santa Marcelina, instituição que alia tradição à uma proposta educacional disruptiva e alinhada às principais tendências do mercado de educação.
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