Zona Sul de São Paulo ganha sua primeira casa de acolhimento a mulheres trans
Centro de Acolhida Especial Casarão Brasil é
inaugurado na região de Interlagos
A Zona Sul de São Paulo inaugura
importante equipamento público visando mulheres trans em situação de
vulnerabilidade. O Centro de Acolhida Especial Casarão Brasil, que está em
operação há nove meses, será inaugurado, oficialmente, nesta sexta-feira, dia
10 de junho, às 11h, e contará com a presença do Secretário Municipal de
Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Carlos Bezerra Júnior.
Até então, as vagas em projetos
predominavam na região central da cidade, o que poderia desestimular quem veio
de comunidades periféricas. “Hoje, numa cidade do tamanho de São Paulo, há
apenas 90 vagas de acolhida especial para mulheres trans e travestis e 30 para
homens trans. Além disso, conforme as diretrizes do SUAS (Sistema Único de
Assistência Social) a pessoa deveria ter direito de ser acolhida sem ser
afastada de seu território de referência, onde tem família, amizades e
trabalho. Assim, é fundamental ter um serviço assim na zona sul de São Paulo,
que até então não existia”, afirma Ataulfo Santana, gerente do novo espaço.
O Centro de Acolhida Especial conta com
10 quartos com três leitos cada, e mais um adaptado a pessoas com deficiência.
A ideia é auxiliar as mulheres trans que estão sem moradia e trabalho
remunerado, ou em outras situações vulneráveis, como dependência de
entorpecentes.
“Na casa, elas têm atendimento
psicológico, jurídico e assistencial. É um acolhimento provisório, porque a
intenção é que sejam reinseridas na sociedade. Então, ficam um tempo nesse
espaço para se organizarem, poderem estudar e buscar um emprego”, explica
Rogério de Oliveira, coordenador da ONG Casarão Brasil. “Nós fazemos orientação
socioeducativa, promovemos debates e preparamos as conviventes para as questões
do mundo do trabalho. Em relação a capacitação profissional, temos parcerias em
rede com outras iniciativas de profissionalização ou espaços de entrada para o
mercado”, completa Ataulfo Santana.
Mesmo com pouco tempo de existência, o
Centro de Acolhida já tem casos de sucesso, tanto na reinserção ao mercado de
trabalho, quanto nos acompanhamentos psicológicos para desintoxicação. A casa
está em plena operação e já conta com fila de espera para futuros atendimentos.
“Já houve ex-conviventes que tiveram
saída autônoma na casa, alugando o próprio espaço e conseguindo acesso ao seu
direito à saúde e aposentadoria. Temos também conviventes que conseguiram
trabalho e inscrição em programas como o Transcidadania. Entretanto, num
acompanhamento de três meses, saídas para moradia autônoma ocorrem quando a
atendida já tem uma certa organização. Há alguns casos em que a boa resposta é
a adesão à reabilitação na diminuição do álcool e drogas”, aponta Ataulfo
Santana.
Além de oferecer atendimentos
essenciais, o Centro de Acolhida honra a história do movimento LGBT para
estimular o orgulho e a autoestima das hóspedes. Por isso, os cômodos levam
nomes de grandes ícones da comunidade, além de contarem com exposição
permanente de fotos. A casa tem referências a Brenda Lee e Divinas Divas,
enquanto os quartos relembram as trajetórias de Andrea de Mayo, Xica Manicongo,
Gisberta, Condessa, Phedra de Córdoba, Claudia Wonder, Anyky, Lacraia, Thelma
Lip, Jaqueline Welsh, Thina Rodrigues e Janaína Lima.
Para obter maiores informações sobre o
espaço, solicitar ou oferecer apoio aos projetos do Casarão Brasil, acesse o
site https://www.casaraobrasil.org.br/
ou entre em contato pelo telefone (11) 98813-6755 ou pelo email contato@casaraobrasil.org.br.
Serviço
Inauguração do Centro de Acolhida
Especial para Mulheres Trans da Zona Sul da Cidade de São Paulo - Casarão
Brasil
Data: 10 de junho, às 11 horas
Endereço: Rua Igará Paraná, 94, Vila
Emir - Próximo à Estação Autódromo (Linha 9 - Esmeralda da CPTM)
Sobre Casarão Brasil | Casarão Brasil - Associação LGBTI – é uma organização social sem fins lucrativos fundada em 2008, criada com o intuito de inovar as atuações política e social em favor da cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais (LGBTI). Como parte das ações nesse sentido, oferece diversos serviços para a comunidade em seus espaços físicos, além de realizar eventos e campanhas.
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