A otimização do uso de dados no open banking: oportunidade de inovação e o papel das fintechs
*Luiz Fernando Ohara é Head of Financial
Markets na Semantix
O Open Banking teve sua implementação
iniciada em 2021 e representa um enorme passo em direção ao desenvolvimento de
novas tecnologias no mercado financeiro. Criado para promover o acesso ao uso
de dados, melhorar a experiência do cliente, e consequentemente aumentar o
leque de opções de produtos do setor, o sistema considera a autonomia do
consumidor em relação aos seus dados bancários, fornecendo assim o controle
sobre as organizações que terão acesso a eles. Representando, em julho de 2021,
2,5% do ativo total e 23,2% de todas as instituições financeiras nacionais, as
fintechs apresentaram o maior crescimento em participação entre as demais
empresas do setor financeiro - desde 2016, houve um aumento de 1,9% na
participação dos ativos totais e 5,2% na quantidade de empresas, segundo dados
do Banco Central. O crescimento associado a modelos ágeis de desenvolvimento,
estrutura mais leve de capital, e a modernização na regulação bancária, faz com
que esses players sejam grandes catalisadores do movimento.
O consumo de serviços financeiros
permeia por questões relacionadas tanto à diversificação e democratização do
acesso a diferentes soluções, quanto a problemáticas complexas como as fraudes
bancárias. Visando uma mudança basilar no modo com o qual as instituições
financeiras se organizam no mercado brasileiro, o Open Banking promove a
concorrência ao empoderar o consumidor, fornecendo poder de escolha sobre os
dados que pretende compartilhar e quais instituições terão acesso a essas
informações, obtendo então, como benefício do compartilhamento, o acesso a uma
gama de produtos mais adequados ao seu perfil, por um menor custo. Esse
processo é digital, conta com a supervisão do Banco Central e utiliza os
aplicativos e infraestrutura já existentes nas instituições financeiras. A
tecnologia conhecida como API (Interface de Programação de Aplicações) é o que
permite a troca de informações entre as instituições financeiras.
Ferramentas como as APIs, o Big Data,
soluções que contam com inteligência artificial, Machine Learning e hubs que
são criados com o objetivo de integrar todos os agentes da operação,
possibilitam a criação de produtos personalizados e oferta adequada ao cliente,
enriquecendo os sistemas de classificação de risco e beneficiando
principalmente o bom pagador. Algumas das informações que levam a uma
maturidade de dados e à consequente eficiência desse tipo de análise são:
consulta à situação financeira do consumidor em outras instituições,
reclamações realizadas quanto a produtos e serviços, questões mais procuradas
em relação ao suporte ao cliente, e outros materiais que possibilitam a análise
de dados detalhada por meio de um data lake extremamente completo, que traça
padrões e oferece soluções e sistemas de classificação de riscos cada vez mais
assertivos.
O Brasil é um país avançado quanto às leis financeiras. A solução gerada pelo open banking é inovadora em relação a outros países: a regulamentação brasileira permite a alocação de outros produtos financeiros nas iniciativas de abertura e controle de dados, sistema já denominado Open Finance, iniciativa mais ampla que o Open Banking. Assim, o Open Finance engloba asset managers, tesouraria, previdência privada e outros produtos e serviços. Além de um complexo financeiro que exige adequação à regulação para garantir que o cliente tenha controle sobre os dados, o Open Finance é apresentado como oportunidade às instituições financeiras para atingir novos públicos, democratizar o acesso e conquistar novos mercados, promovendo autonomia financeira. As ferramentas são formadas por arquiteturas de dados mais simples que podem ser aderidas até por players menores, em especial as fintechs, uma enorme oportunidade para os pertencentes a esse mercado.
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