[Nova alta de juros FED 02/11] Como devem ficar os investimentos após quarto ajuste consecutivo de 0,75 p.p. em reunião do FED
*entrevista com Guilherme Loures - economista e
head de renda variável da WIT Invest
Guilherme Loures, economista e head de Renda Variável da
WIT Invest
1- Quais as
expectativas para a reunião do Fed dia 02/11? É esperado que o Banco Central
faça o sexto ajuste monetário, sendo dessa vez em 0,75 p.p. Você acredita que
seja necessário este ajuste?
O FED deve subir em
0,75p.p. uma vez que em setembro tivemos o núcleo do CPI (Índice de Preços ao
Consumidor) bem acima do esperado, apesar de o resultado dessa sexta-feira
(28/10) ter ficado abaixo das expectativas. O ajuste é necessário, visto que os
atuais níveis de inflação estão muito longe da meta de 2% a.a.
Resumindo o cenário
americano, a economia dos EUA voltou a crescer no terceiro trimestre, quebrando
dois trimestres consecutivos de contração. Mas o relatório do Produto Interno
Bruto (PIB), divulgado ontem, também mostrou sinais de uma ampla
desaceleração, com os consumidores e as empresas reduzindo gastos diante da
inflação elevada e do aumento das taxas de juros.
O relatório do
Departamento do Comércio trouxe duas boas notícias. Primeiro, o PIB cresceu a
uma taxa anualizada ajustada à inflação de 2,6% no terceiro trimestre,
resultado que foi melhor que o esperado pelos economistas. Além disso, mesmo
com os gastos do consumidor com bens caindo pelo terceiro trimestre
consecutivo, os gastos com serviços permaneceram vigorosos, uma indicação de
como a economia continua a fazer a transição de volta aos padrões
pré-pandemia. Os gastos de capital das empresas também continuaram crescendo.
Mas a crise imobiliária foi dura, com os investimentos em moradias caindo uma
taxa anualizada de 26,4%, suficiente para cortar cerca de 1,4 ponto porcentual
da taxa de crescimento do PIB.
Então, o ajuste do
FED é necessário, visto que os atuais níveis de inflação estão muito
longe da meta de 2% a.a.
2- Até qual patamar
você acredita que devem chegar os juros americanos?
Os juros americanos
devem chegar na faixa dos 4,75% a 5,00%, considerando que o FED faça um ajuste
de 0,75p.p. em novembro, 0,5p.p. em dezembro e mais 0,25p.p. em
fevereiro.
3- Caso o Fed aumente
as taxas de juros mais uma vez, quais os seus conselhos para os investidores
brasileiros?
É natural uma migração
para ativos mais seguros, como os títulos públicos americanos. Isso tem um
impacto negativo na nossa bolsa brasileira e podemos observar as quedas que vêm
ocorrendo. Para o investidor se proteger da volatilidade da nossa bolsa, a sugestão
é aplicar em ativos de menor risco atrelados à SELIC ou ativos atrelados à
inflação, que têm apresentado uma rentabilidade real acima da média histórica.
4- Quando você acredita
que deve se iniciar o ciclo de queda de juros nos EUA? E quais os impactos
previstos nos investimentos?
Atualmente, o mercado
de juros americano precifica uma queda de juros a partir do segundo semestre de
2023. O impacto nos investimentos é positivo para quem tem ações em bolsa, uma
vez que a tendência é a procura por mais risco.
5- E o quanto a alta de
juros nos EUA atrapalha o Brasil? E o quanto pode ajudar, visto que o Brasil
está encerrando o ciclo de alta?
A alta de juros nos EUA
tem duas consequências imediatas: fortalecimento do dólar e queda na atividade
econômica. O Brasil é diretamente impactado pelas duas, dólar mais alto tem
impacto direto na inflação e queda na atividade econômica dos Estados Unidos
afeta negativamente o desempenho de todas as economias do mundo. Por outro
lado, o Brasil está no fim do seu ciclo de aperto monetário, além disso, as
commodities têm um peso muito grande na bolsa brasileira, que acabou se
tornando um ativo extremamente atrativo comparado aos demais mercados globais.
6- A alta na taxa de
juros nos Estados Unidos, iniciada no final de março, é um dos principais
fatores que vem gerando volatilidade nos mercados globais. O maior receio é de
que os esforços para combater a maior inflação em 40 anos no país acabem
levando a economia a uma recessão. O Fed conseguiria subir os juros nos EUA sem
que isso signifique necessariamente uma recessão? Fala-se em pouso suave, por
conta do mercado de trabalho aquecido…
Atualmente isso parece
improvável, as projeções atuais indicam uma probabilidade de 60% de ocorrer tal
recessão, apesar do mercado de trabalho aquecido. As consequências de uma
política econômica mais restritiva, ou seja, um juro mais alto tende a esfriar
a economia.
7- Pensando no
investidor brasileiro, quais são as melhores oportunidades no momento?
No cenário atual,
sugiro posições cautelosas, setores e empresas perenes que foram testadas e
aprovadas no teste do tempo. Em um cenário de juros elevados, empresas
geradoras de caixa com baixo endividamento se destacam, ou seja, empresas que
pagam bons dividendos são preferidas pelas empresas de tecnologia.
8- É hora de evitar
ativos de riscos? Como deveria ser a exposição à renda variável de um cliente
moderado neste momento?
As melhores
oportunidades são encontradas nos cenários de maior estresse. O importante é o
investidor ter um portfólio equilibrado, com ativos que fazem sentido ao seu
perfil de risco. Nesses níveis de preços descontados da bolsa brasileira, a
preferência é para ativos de qualidade. A indicação para um cliente moderado é
de 15% do seu portfólio em ativos de renda variável.
9- A renda fixa é uma
oportunidade? Que tipos de ativos chamam a atenção no momento?
Sim, é uma boa
oportunidade dado o atual nível da SELIC. Para investimentos de curto prazo, os
ativos atrelados ao CDI apresentam retornos interessantes. Para investidores
que não têm necessidade de liquidez imediata, os ativos atrelados à inflação,
principalmente os mais longos, apresentam uma relação de risco/retorno
atrativa.
10- Fundos multimercado
podem ganhar mais espaço no portfólio?
Sim, a classe
multimercado tem surpreendido positivamente esse ano. Gestores brasileiros são
especialistas em operar juros, por isso os fundos macros têm ganhado espaço nos
portfólios dos investidores.
11- Para quem está
querendo começar investimentos no exterior, esse pode ser um bom momento?
É difícil dizer se a
bolsa americana atingiu o fundo do poço, mas independente do nível de preços
investir no exterior é diversificar. A única certeza que temos é que a bolsa
está mais barata que um ano atrás.
Guilherme Loures | Head
de renda variável da WIT Invest
Graduado em Economia
pela PUC-SP. É gerente de renda variável na WIT Invest em Ribeirão Preto e
região. Mais de 18 anos de experiência no mercado financeiro.
Sobre a WIT - Wealth,
Investments & Trust
A WIT - Wealth, Investments & Trust é uma empresa especialista na gestão de patrimônio para pessoas, grupos familiares e empresas, atuando nas áreas de câmbio e remessas internacionais; assessoria de investimentos; seguros e benefícios; ativos imobiliários; consultoria patrimonial; e serviços financeiros. A WIT tem escritórios em Curitiba (PR), São Paulo e nos principais centros econômicos do interior paulista: Campinas, São João da Boa Vista, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Araçatuba e Votuporanga. Conta com uma equipe de mais de 200 profissionais que agregam valor ao seu patrimônio para que você valorize o melhor da vida.
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