Os riscos e vantagens de investir em FIIs
Hoje, encontramo-nos em situação de alta
da taxa Selic, que vinha registrando aumentos a cada reunião do Comitê de
Política Monetária (Copom) desde março de 2021 e no momento está fixada em
13,75% ao ano (a.a.). Nesse contexto, é natural que haja um movimento de
investidores para ativos mais conservadores.
Apesar disso, constata-se o crescimento
de um tipo bem específico de renda variável: em agosto deste ano, a B3
ultrapassou 1,8 milhão de investidores em fundos imobiliários (FIIs), segundo a
última edição do boletim da bolsa de valores brasileira sobre o tema. A título
de comparação, em dezembro do ano passado eram 1,5 milhão de investidores. Três
anos antes, eram 208 mil.
Os FIIs foram constituídos no país pela
Lei n. 8.668/1993, mas foi somente alguns anos depois que o primeiro fundo do
gênero foi lançado. Se no início eram considerados uma classe alternativa de
investimentos, o tempo mostrou que podem ser bastante rentáveis, tendo se
tornado uma opção interessante em tempos de Selic baixa. Com os bons retornos,
mantêm-se no radar dos investidores mesmo com a retomada das altas da taxa
básica de juros.
Quando o investidor compra cotas de um
FII, está entregando o dinheiro a um gestor para que a quantia seja aplicada no
mercado imobiliário. A Lei n. 8.668/1993 prevê que os fundos devem distribuir
aos cotistas, no mínimo, 95% dos lucros semestralmente, mas é comum que a
distribuição ocorra todos os meses.
O tipo mais comum de FII são os
popularmente conhecidos como Fundos
de Tijolo, que distribuem o que for arrecadado com a locação ou
arrendamento de imóveis como lajes corporativas, shoppings, galpões, hotéis e
até mesmo hospitais. Mas há, também, os Fundos
de Papel/Fundos de Recebíveis Imobiliários, quando o dinheiro
de quem adquire o título é emprestado a uma empresa, que oferece um imóvel em
garantia, e os Fundos de
Desenvolvimento, caracterizados pelo fato de que o fundo se
torna sócio de um projeto de incorporação imobiliária e o dinheiro dos cotistas
é utilizado em tal projeto, visando o lucro da incorporação.
Os Fundos de Fundos, por sua vez, contemplam
cotas de outros fundos imobiliários em seu portfólio, enquanto a renda dos Fundos Residenciais é
gerada pela exploração do aluguel de empreendimentos residenciais, já prontos
ou em construção.
Para falar de vantagens e riscos dos
FIIs, é preciso ter em mente, antes de tudo, que cada modalidade tem suas
particularidades. Alguns pontos, porém, são convergentes. Destaque-se, por
exemplo, o baixo valor mínimo de aplicação, consideravelmente menor do que o
necessário para adquirir um imóvel – e com menos burocracia envolvida. Os FIIs
também são seguros, por serem regulados e fiscalizados pela Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), sendo que a presença de um gestor, de um profissional
capacitado, confere proteção extra.
A liquidez dos FII é outra vantagem que
costuma ser citada por especialistas. Para ganhar dinheiro com um imóvel,
deve-se esperar que apareça um comprador ou locatário. No caso dos fundos, se o
investidor estiver precisando de dinheiro, basta vender as cotas. Ademais, a
distribuição dos rendimentos que decorrem de FIIs é isenta de Imposto de Renda
(IR). Não podemos, ainda, esquecer-nos da diversificação aos investimentos que
os FIIs trazem.
Mesmo assim, é claro que há riscos.
Fundos de Tijolo, por exemplo, têm riscos de inadimplência e vacância. Nos
Fundos de Papel, por sua vez, tem-se o risco de crédito, porque a empresa pode
dar o famoso “calote” – e executar o imóvel que foi dado em garantia pode não
ser tão simples assim.
Já quando se fala em Fundos de
Desenvolvimento, o cenário que se tem no momento da entrega do projeto pode ser
completamente diverso daquele que se tinha no momento da construção. Trata-se,
portanto, de um risco inerente a qualquer incorporação. E quando o assunto são
os fundos residenciais, a dificuldade envolve a gestão dos contratos, dado o
elevado número de inquilinos, e a necessidade de ingressar com ações de despejo
em situações de inadimplência.
Por fim, é necessário reforçar um risco comum a todas as modalidades de investimentos em renda variável: as oscilações do valor de mercado. É por isso que contar com auxílio especializado é sempre o melhor caminho. Em qualquer tipo de investimento, “prudência” é a palavra de ordem.
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