A importância do Cobre na perspectiva da Economia Verde
Por Márcio Rodrigues da Silva
A Economia Verde, de acordo com os pesquisadores
Tilman Altenburg e Claudia Assmann, pode ser definida como um conjunto de
medidas destinadas a acelerar a transformação estrutural rumo a uma economia de
baixo carbono e eficiente no uso de recursos. Esse conceito pode ser
complementado por Aaron Cosbey, o qual descreve a política industrial
verde como a busca de estruturar meios de produção capazes de atuar de forma
favorável ao meio ambiente e produzindo bens de melhor desempenho ambiental em
comparação aos seus concorrentes, tratando diretamente os problemas ambientais.
São vários os benefícios a serem alcançados com a
adoção dessas estratégias, tais como: a criação de novos postos de trabalho
especializados, ganho de vantagens competitivas dos produtos e sobretudo, a
possibilidade futura de manter o planeta em um crescimento populacional
saudável e sustentável. Dentro dessa
perspectiva e da urgência do tema, muitos trabalhos já estão em andamento e
muito ainda precisa ser feito. Mas, sem dúvida, em grande parte deles, o uso
consciente do Cobre tem feito e continuará fazendo a diferença.
O impacto do Cobre para o avanço da Economia Verde
O Cobre é um diferencial para o atendimento da meta
de uma economia de baixo carbono e eficiente no uso de recursos. Inclusive, a
intrínseca e significativa relação custo-benefício x eficiência energética do
Cobre tem impulsionado ações de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) para sistemas de transporte elétricos,
equipamentos de geração de eletricidade de fontes renováveis e desenvolvimento
de aparelhos mais eficientes energeticamente, com a redução do uso de
combustíveis fósseis.
Isso é tão notável que, conforme o International Copper Association (ICA), a Comissão
Europeia o classificou com um insumo essencial para a transição energética
e eletrificação dos modais de transporte em larga escala. Devido a essa
característica única, é esperado um aumento de 35% do mercado de Cobre até 2050
por conta desse esforço rumo à descarbonização.
É crucial salientar ainda que, com base em dados do
ICA de 2022, a cadeia de produção do Cobre representa 0,2% das emissões de
gases estufa do planeta, e o crescimento dessa demanda aumentará a necessidade
do contínuo investimento em técnicas de mineração e na crescente
profissionalização do mercado de recicláveis, trabalhos aos quais a indústria
brasileira do Cobre permanece atenta e atuante.
Somado a isso, estudos da Empresa
de Pesquisa Energética (EPE), mostram o Brasil em posição favorável na
adoção de energias limpas. Atualmente, a matriz energética brasileira (conjunto
de fontes de energia necessárias para mover os veículos, gerar eletricidade e
outros usos) é composta por 47,4% de fontes renováveis, enquanto a matriz
elétrica (conjunto de fontes utilizadas apenas para a geração de energia
elétrica) é composta por 87,9% de fontes renováveis.
Nesse sentido, estamos diante de um grande
potencial sinérgico entre a aplicação do Cobre e o desenvolvimento e geração de
energia limpa (quanto mais Cobre, mais energia limpa), pois é largamente
utilizado nos geradores eólicos, solares, hidráulicos e nos sistemas de
distribuição. E quanto mais energia limpa, menor a geração de carbono para se
produzir o Cobre. Essa perspectiva é ainda mais promissora se constatarmos os
dados globais das matrizes energética e elétrica apresentando respectivamente
14,1% e 26,6% de fontes renováveis.
Os efeitos antimicrobianos do Cobre
O Cobre, além dos inequívocos aspectos citados
anteriormente, também tem papel fundamental no desenvolvimento de meios de
produção favoráveis ao meio ambiente e no crescimento populacional saudável e
sustentável. Isso se dá por um conjunto de características, ainda pouco
difundidas no Brasil, e suportadas por significativa quantidade de evidências
científicas.
Primeiramente, o Cobre é um mineral essencial e
indispensável à saúde de todos os organismos vivos. Os benefícios do Cobre para
a saúde humana, em sua posologia correta, vão desde efeitos positivos para o
desenvolvimento do cérebro até resistência óssea e manutenção de uma resposta
imunológica eficaz.
Outro destaque está nas propriedades
antimicrobianas do Cobre, sendo as superfícies de Cobre capazes de matar uma
quantidade significativa de fungos, bactérias e vírus, e podem ser usadas em
hospitais e locais de grande circulação para inibir o acúmulo e o crescimento
de bactérias em superfícies comumente tocadas, levando a uma redução na
transmissão de doenças e consequente redução da pressão sobre os sistemas de
saúde. O Cobre também é comumente utilizado em sistemas de refrigeração e
ar-condicionado, tendo impacto positivo na qualidade do ar, com a inibição do
crescimento de mofo nesses sistemas.
Do ponto de vista da produção de alimentos, as
propriedades antimicrobianas do Cobre serão propulsoras do crescente mercado da
Agricultura Orgânica. Entre várias alternativas, um estudo do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, lista o
emprego de defensores agrícolas tradicionais à base de compostos de Cobre,
conhecidos como Caldas Bordalesa, Viçosa e Cúprica. Estes, quando corretamente
dosados e utilizados, permitem o manejo seguro de fungos presentes em hortas e
pomares e têm um efeito indireto sobre bacterioses e na adubação das plantas.
Desta forma, alcançar o status de Economia Verde
permitirá produzir para uma população mundial em crescimento sem que, para
isso, degrademos nosso estimado meio ambiente e planeta, utilizando os recursos
de forma otimizada e assegurando a saúde das pessoas. As evidências colocadas
reforçam o protagonismo da cadeia do Cobre nesse cenário, e o contínuo
investimento do segmento permitirá mais do que somente a sobrevivência dos
negócios existentes, pois garantiremos a perenidade da sociedade e do nosso
meio de vida.
Márcio Rodrigues da Silva é Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Termomecanica, empresa líder na transformação de Cobre e suas ligas.
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