IBM e Michael J. Fox Foundation usam IA para prever a progressão da doença de Parkinson
Nova pesquisa publicada no Lancet Digital Health descreve um novo modelo de inteligência artificial (IA) que agrupa os padrões de sintomas típicos da doença de Parkinson;
O modelo também prevê a
progressão desses sintomas em termos de tempo e gravidade. Para fazer isso, o
modelo aprende com os dados longitudinais do paciente.
Você provavelmente sabe que Michael J. Fox, o
ator que interpretou Marty McFly nos icônicos filmes De Volta para o Futuro,
sofre de mal de Parkinson. Quando ele anunciou sua doença em 1998, o mundo
ficou alarmado: o ator revelou que havia sido diagnosticado com Parkinson sete
anos antes, aos 29 anos. Alguns anos depois, em 2000, Fox lançou a Michael J.
Fox Foundation (MJFF) para Pesquisa de Parkinson, que procura descobrir
tratamentos e uma cura para esta condição que, de acordo com estimativas, afeta
mais de seis milhões de indivíduos no mundo.
Desde então, a equipe de neurocientistas e
estrategistas da MJFF tem trabalhado em estreita colaboração com pesquisadores
de ciência e tecnologia, médicos, parceiros do setor e pacientes em todo o
mundo para financiar as pesquisas mais promissoras para entender e encontrar
melhores tratamentos para a doença. Em julho de 2018, a MJFF e a IBM Research
lançaram uma parceria exclusiva, com o objetivo de aplicar machine learning
(aprendizado de máquina) para promover avanços científicos.
Esta colaboração alcançou recentemente um marco
importante. No trabalho mais recente, "Descoberta dos estados da doença de
Parkinson usando aprendizado de máquina e dados longitudinais", publicado
pela equipe da IBM com cientistas do MJFF na Lancet Digital Health, foi
detalhado um novo modelo de inteligência artificial que agrupa padrões de
sintomas típicos da doença de Parkinson. O modelo também prevê a progressão
desses sintomas em termos de tempo e gravidade, aprendendo com o que é
conhecido como dados longitudinais do paciente, ou seja, descrições do estado
clínico de um paciente coletadas ao longo do tempo.
O objetivo é usar IA para apoiar o gerenciamento
de pacientes e o design de estudos clínicos. A importância desse objetivo é
atribuída ao fato de que, apesar da prevalência de Parkinson, os pacientes
apresentam uma variedade única de sintomas, tanto motores quanto não motores.
Espera-se que o uso de aprendizado de máquina
para aprender com grandes quantidades de dados de pacientes forneça aos médicos
e pesquisadores uma nova ferramenta para prever melhor a progressão
notoriamente variável dos sintomas em pacientes individuais com Parkinson.
Espera-se também que isso permita um melhor manejo e tratamento da doença, e
que leve à possibilidade de identificar os melhores candidatos a ensaios
clínicos mais específicos e eficazes.
Colocando a inteligência artificial para
trabalhar
Os resultados têm como precedente uma investigação publicada anteriormente. Esse trabalho se concentrou no
desenvolvimento de um método para alguns dos desafios exclusivos das aplicações
de saúde, incluindo a ativação de previsões personalizadas e a contabilização
dos efeitos dos medicamentos nas medições dos sintomas. Desta vez, foram
testados os métodos de IA com dados da Iniciativa de Marcadores de Progressão
de Parkinson (PPMI). A Michael J. Fox Foundation patrocina este estudo
internacional e disponibiliza seu conjunto de dados - um dos maiores do mundo
sobre a doença de Parkinson - para pesquisadores em uma modalidade não
identificável pessoalmente.
Ter acesso a um grande conjunto de dados é a
chave para o sucesso em modelos de aprendizado de máquina, portanto, os
valiosos dados coletados pela iniciativa PPMI se tornaram vitais para a viabilidade
de nosso modelo. O conjunto de dados serviu de entrada para a abordagem do
aprendizado de máquina, fato que permitiu a descoberta de padrões complexos de
sintomas e progressão.
Embora há vários estudos anteriores dedicados a
caracterizar a doença de Parkinson usando apenas informações de base, esse
método usa até sete anos de dados de pacientes. Além disso, o modelo faz
suposições a priori limitadas sobre as vias de progressão, em comparação com
estudos anteriores.
Novos insights sobre a progressão da doença
Essas decisões de modelagem permitiram obter mais
informações sobre os estados da doença e as vias de progressão. Os resultados
sugerem que a condição de um paciente pode variar em diversos aspectos, como a
capacidade de realizar as atividades diárias; problemas relacionados à lentidão
motora, tremor e instabilidade postural, bem como sintomas não motores,
incluindo depressão, ansiedade, deficiência cognitiva e distúrbios do sono.
Foi determinado que os resultados apoiam a
hipótese de que existem várias vias de progressão, conforme indicado pelas
muitas trajetórias de doença estudadas. No entanto, o modelo de IA contém a
capacidade de fazer previsões precisas. Como o modelo se baseia em um conjunto
de dados, ele foi capaz de prever com sucesso um estágio avançado da doença de
Parkinson associado a consequências como demência e incapacidade de andar sem
assistência.
É importante ressaltar que o modelo foi capaz de
estimar com 80% de precisão se um paciente atingiria um determinado estado em
dois anos. Além disso, ele foi capaz de fazer previsões sobre os padrões de
sintomas típicos e sua progressão.
Devido à diversidade de experiências na doença de
Parkinson, é esperado que, ao permitir tais previsões, o modelo possa ajudar no
tratamento do paciente e fornecer critérios de inclusão e definições de
resultados mais específicos durante o desenho do ensaio clínico.
No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito.
Por exemplo, espera-se refinar o modelo para fornecer uma caracterização ainda
mais granular dos estados de doença, incorporando avaliações de biomarcadores
emergentes, incluindo medições genômicas e de neuroimagem.
*Acesse o texto original de Kristen Severson,
Soumya Ghosh e Jianying Hu, aqui .
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