Será que o problema de não fechar um contrato é o preço?
Segredo para um maior número de propostas aceitas está na experiência envolvida na negociação
Fechar um negócio não é tarefa fácil
para muitos empresários ou profissionais atuantes em todos os ramos, incluindo
o do Direito. Mas, com propostas mais assertivas e atenção às etapas de
negociação, é possível fechar de 70% a 80% das negociações. O segredo para não
perder clientes está na experiência proporcionada na negociação, começando pela
empatia e pelo relacionamento construído.
Essa é a visão desenvolvida pela
contadora Beatriz Machnick, especialista em Controladoria e Finanças. Ela
argumenta que, normalmente, pensamos que o não fechamento das propostas está
relacionado ao preço, o que não encontra respaldo em estudos de viés técnicos
relacionados ao preço, mas apenas mercadológicos ou na percepção de quem atua
no dia a dia com o tema. Se esse fosse o caso, argumenta ela, o cliente
solicitaria uma diminuição do preço – o que nem sempre chega a acontecer,
demonstrando que o preço não é necessariamente o motivo para o abandono da
negociação. “O preço é consequência: o cliente quer uma experiência, e não
apenas um serviço. É isso que vai ficar na memória do cliente. Se ele não
fechou, nós o perdemos em alguma etapa da negociação que antecede o preço. É
necessária uma conexão pela empatia”, explica Beatriz. E completa: “Se o
cliente gostou de você, o preço é negociável.”
Dessa forma, ela sugere três etapas para
que o número de negociações formalizadas aumente:
- A negociação começa com empatia
e relacionamento: ao não receber retorno em uma
negociação, é necessário analisar o que deu errado. É importante saber o
motivo, já que o preço é negociável. Ao vender um serviço, o foco precisa
estar na entrega. Uma orientação da especialista é se perguntar se você se
contrataria e se contrataria o seu escritório. Em outras palavras, isso
significa dizer que é necessário se imaginar na perspectiva do cliente.
- No momento de negociação, não
foque no fechamento da proposta foque na entrega:
se o cliente entender o valor da entrega, vai entender o valor do preço.
Afinal, o cliente está interessado na dedicação do profissional no momento
em que ele precisa. Uma dica importante é listar três diferenciais que o
negócio tem, pois é isso que agregará valor ao preço. Quando um negócio
não for fechado, deve-se analisar em que momento se perdeu o cliente. A
negociação precisa transcorrer de forma leve. Por isso, a formação do preço
exige profissionalização.
- Pensar a longo prazo. Se o
cliente gostou de você, o preço é negociável:
nesse quesito uma boa comunicação é fundamental. Um indicador de sucesso
de uma reunião é quando o cliente fica ansioso pela próxima. Além disso, o
cliente tem que sair melhor da reunião do que quando chegou. Para a
formação de preço, o recomendado é analisar quanto tempo será gasto no
trabalho como um todo, e não por horas, considerando que ele pode ser um
cliente de longo prazo ou mensal. O tempo precisa ser quantificado, e
então daí precificado. Uma maneira de medir o trabalho é utilizar uma
ferramenta de timesheet.
Sem dúvidas, a formação do preço é uma
etapa fundamental para o sucesso de qualquer negócio. Errar precificação pode
comprometer toda a empresa, já que o preço está ligado diretamente à geração de
faturamento. Como já dizia Warren Buffet “preço é o que você paga, valor é o
que você leva.”
*Beatriz Machnick é contadora, especialista em
Controladoria e Finanças, mestre em Governança e Sustentabilidade. É pioneira
da metodologia de Formação de Preços na Advocacia e palestrante na Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB). É sócia-fundadora da BM Consultoria em Precificação
e Finanças. Autora dos livros Gestão Financeira na Advocacia - Teoria e Prática
(2020), Valorização dos Honorários Advocatícios – O Fortalecimento da Advocacia
através da Gestão (2016) e Honorários Advocatícios – Diretrizes e Estratégias
na Formação de Preços para Consultivo e Contencioso (2014).
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