Empresas da nova economia precisam de análise de crédito para além do extrato bancário
* André Wetter, confudador e presidente da a55
As empresas da nova
economia, que unificam o online e o offline e focam especialmente na
experiência do consumidor, são cada vez mais digitais. Isso fica muito claro
quando falamos de e-Commerce e ainda mais claro com o período da pandemia de
2020/2021 que acelerou exponencialmente a digitalização de comércios de todos
os segmentos e todas as regiões do País. Para se ter uma dimensão, só no
primeiro trimestre do ano, o setor aumentou em 72% o seu faturamento, segundo
pesquisa da Neotrust.
O segmento também
cresceu em todas as regiões do país no começo do ano, segundo números da
Synapcom - em alguns locais, como o Nordeste, esse aumento passou de 600%.
Marketplaces como Magazine Luiza, Americanas e Mercado Livre (que já cresceu
quase 200% durante a crise do Coronavírus) comprovam que o modelo digital não
apenas veio para ficar como também para ser o principal canal de vendas de muitas
empresas.
Com a digitalização da
economia, as empresas vêm enfrentando novos desafios quando o assunto é
financiar o crescimento de suas operações. O modelo de negócio é fortemente
baseado em tecnologia, com computação em nuvem, por exemplo, que dá a capacidade
de aumentar ou reduzir o uso de servidores conforme a demanda. Isso é muito
melhor para a empresa como decisão estratégica, do que montar um data center
próprio.
Bancos e financeiras
tradicionais usam modelos de análise de crédito que, na maioria dos casos, se
escoram em um ativo físico como garantia da operação. Imóveis, maquinário e
frotas de veículos são as principais fontes de garantia. Ora, empresas digitais
não possuem esses ativos porque eles simplesmente não fazem sentido para seu
negócios e, por isso, contam com poucos ativos físicos para lastrear operações
de crédito.
A chegada do Open
Banking pode melhorar esse cenário, dando mais opções aos empresários que
poderão compartilhar suas informações com diversas instituições. Essa abertura
não significa, necessariamente, uma mudança na análise de crédito. Acesso a
mais informações ajuda, mas não é o bastante. É preciso olhar a empresa de
maneira holística, usando todos os dados da empresa que sejam relevantes, não
apenas o extrato bancário.
Aprender a avaliar as
empresas levando em conta múltiplos pontos de dados, de fontes variadas e com
pesos diferentes é o grande salto evolutivo na concessão de crédito. Essa
análise deve ir além dos birôs tradicionais e levar em consideração não só o
histórico financeiro como número de clientes, fluxo de caixa, histórico de
vendas e por que não dados de redes sociais?
Uma loja que vende em
diversas plataformas precisa ser avaliada com critérios super específicos e que
não precisam, ou devem, se limitar a análise financeira. Outros fatores, como
tráfego do site ou seguidores em redes sociais, talvez, podem fazer parte de um
mix de dados que será levado em conta para se chegar a uma nota de risco muito
mais próxima da realidade da empresa do que uma pontuação meramente financeira.
As fintechs já haviam
antecipado esse movimento, identificado esse ‘déficit’ na análise de crédito
para empresas da nova economia e trazendo soluções para além do extrato
bancário utilizado por grandes bancos. As empresas digitais já começaram a
entender que os dados que possuem sobre suas operações contam uma história
muito mais favorável para o seu negócio e já é possível utilizar desde
histórico de vendas até tráfego em redes sociais para conseguir melhores
condições para capital de giro. A digitalização veio para ficar.
* Com formação em Administração de
Empresas pela Universität St.Gallen (HSG), na Suíça, André Wetter é
confundador e presidente da a55, fintech brasileira especializada em crédito
para empresas da nova economia
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