Direct to Consumer: o que fazer para chegar mais perto do consumidor?
A evolução nas formas de comércio muda hábitos,
funções e exerce mais pressão sobre as empresas de manufatura
*Por Waldir Bertolino, Country Manager
da Infor
Há poucas semanas, a Nike anunciou um
crescimento de 23% no último trimestre fiscal impulsionado por vendas diretas
ao consumidor, por meio do seu canal Nike Direct. Assim como a empresa, outras
têm investido na estratégia de levar seus produtos até o usuário final, função
que antes era reservada para distribuidores e varejistas.
É o caso da Nestlé, que criou o Empório
Nestlé para atender aos consumidores de toda a região Sudeste; da Belgo
Bekaert, que se tornou a única fabricante de arames de aço a vender diretamente
para o consumidor quando lançou, em agosto, uma loja online de produtos e
soluções para o agronegócio; bem como outras marcas de produtos esportivos como
a Wilson e a Fiber.
Durante décadas, a norma foi a produção
em massa, a força por trás da eficiência e lucratividade modernas. Em seguida,
vieram os modelos “feito sob encomenda” e “engenheiro sob encomenda” para
máquinas e equipamentos industriais de alta complexidade. Aí veio a tecnologia
que ajudou a gerenciar o processo colaborativo, especificações exclusivas,
alteração de pedido simplificando lotes de um. A partir daí, a mudança foi
rápida e transformadora, atingindo bens de consumo e inovações operacionais,
como a montagem sob demanda, módulos, ferramentas de configuração de acordo com
as especificações; e robótica fácil de programar para mudanças rápidas viraram
a manufatura tradicional de cabeça para baixo.
Além disso, outros fatores contribuíram para
chegar ao cenário de vendas diretas que temos visto hoje, como o avanço do
comércio eletrônico; a conveniência do consumidor e a intimidade da marca com
esse público; produtos inteligentes, tecnologia móvel, redes sociais e a
ascendência dos nativos digitais, que ignoram todos os outros tipos de
comércio.
Mas como a indústria pode “surfar nessa
onda” e otimizar essas tendências?
A tecnologia desempenha um papel
importante nessa mudança para que as vendas diretas aos clientes sejam práticas
e lucrativas. Sem a infraestrutura e os recursos de TI adequados, isso seria um
desafio caro e de alto risco. Sistemas manuais, tecnologias antigas podem
comprometer o relacionamento com os clientes. Por isso, listo aqui sete fatores
que toda empresa de manufatura precisa prestar atenção, antes de se lançar no
mundo das vendas diretas.
Relações: clientes com altas expectativas podem
trazer oportunidades para as empresas que se comprometem a usar todos os
recursos necessários, dedicando tempo e investindo em tecnologia. Uma companhia
que se destaca no fortalecimento do relacionamento e redes conectadas, se sairá
melhor do que aquelas que demoraram um pouco mais para decidir investir em
inovação. Soluções de CRM para engajamento do cliente são importantes quando o
assunto é a gestão do ciclo de vida do cliente.
Configuração: para desenvolver uma estratégia centrada
no cliente, lance mão de uma solução que o ajude a gerenciar a configuração do
produto. Algumas tecnologias conduzem o usuário pelas opções do projeto,
garantindo que elas estejam dentro dos limites pré-estabelecidos pela
engenharia. Em seguida, um orçamento e um gráfico CAD são gerados
automaticamente para que o cliente visualize o produto final. Isso contribui
para economizar tempo das equipes de engenharia e de vendas, liberando-os da
necessidade de especificar e fazer cotações manuais para cada pedido
personalizado.
Comércio eletrônico: as soluções modernas também ajudam as
empresas de manufatura a lançar programas de comércio eletrônico. Existem
muitos programas de compras, mas a empresa de manufatura precisa de uma solução
de e-commerce que possa ser integrada à solução ERP, sincronizando a entrada de
pedidos, estoque e back-end e finanças. É tão simples quanto clicar no site.
Para fidelizar verdadeiramente o cliente online, é necessário dialogar,
proporcionar valor dando visibilidade sobre os produtos e a empresa e,
sobretudo, apresentar o desejo autêntico de ouvir as necessidades do cliente.
Inovação: Estar próximo do consumidor traz várias
vantagens, incluindo feedback imediato para inovação e desenvolvimento de
produtos. Carrinho de compras online, portais interativos, redes sociais ativas
que fornecem exposição em primeira mão, permitem encurtar os estágios de
desenvolvimento do produto.
Gerenciamento do ciclo de vida do
produto (PLM): As
empresas de manufatura otimizam o desenvolvimento de novos produtos com
soluções de PLM que ajudam a rastrear metas, marcos e comunicação em cada
estágio do ciclo de vida do produto, do início ao fim.
Gestão avançada de armazém: Velocidade e precisão são fatores que
impactam na experiência dos consumidores. Portanto, deve-se investir em
soluções para otimizar a gestão do armazém, para oferecer aos lojistas uma
visão holística de todo o processo, desde a separação de produtos, armazenagem,
até a entrega. Essa é uma medida necessária para transformar o armazém em ativo
estratégico para a empresa, e não um centro de custo.
Processos de suporte: O movimento de vendas diretas ao cliente
carrega alguma responsabilidade. As empresas de manufatura tradicionalmente
proporcionavam a seus distribuidores e varejistas a capacidade de se envolver
diretamente com os clientes, manter o estoque e ser consultores de confiança,
proporcionando uma experiência de compra individual.
Ao eliminar esses estágios, ela precisa desempenhar esse papel. Porém, com certa frequência, a indústria não está pronta para construir relacionamento direto com o cliente, nem possui o básico, como um call center, um centro de despacho projetado para lidar com grandes volumes ou para devoluções de clientes insatisfeitos. Passar para a venda direta aos clientes exige uma mudança geral na empresa, com novos processos operacionais e novos departamentos.
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