Janeiro Branco: saiba como a ansiedade afeta sua segurança no trânsito
Especialistas explicam como a saúde mental do
brasileiro pode provocar mais mortes e sinistros
O Brasil é o
país mais ansioso do mundo e também o que mais se preocupa com a saúde mental.
Mas, apesar desses números alarmantes, pouco se fala sobre o impacto que esse
transtorno provoca no trânsito. Segundo a psicóloga Angelica Reis e o médico Alysson Coimbra,
especialistas em Trânsito, a ansiedade está diretamente ligada a sinistros,
brigas e violência nas ruas, estradas e rodovias do Brasil. “Qualquer transtorno de ansiedade pode
afetar a maneira como o condutor dirige e como se sente no trânsito. Ela afeta
a percepção e atenção e, dependendo da intensidade, pode travar a pessoa, que
terá muita dificuldade para dirigir”, explica a psicóloga.
Tanto Angélica
quanto Alysson, ambos coordenadores da Mobilização Nacional de Médicos e
Psicólogos Especialistas em Trânsito, atendem motoristas diariamente e afirmam
que a saúde mental dos condutores degringolou nos últimos anos. “A maior alteração observada é o aumento
do estresse associado à ansiedade, impulsividade e impaciência. Essa saúde
mental fragilizada está provocando um trânsito caótico e violento, com
motoristas mais agressivos, desatentos e imprudentes”,
observa Coimbra.
O surgimento de novas variantes e a ameaça de uma nova explosão de casos de Covid pioraram esse cenário. “Em momentos de frustração, preocupação ou medo, as pessoas têm mais dificuldade em controlar os seus impulsos e isso é um combustível para as brigas e desentendimentos no trânsito”, diz a psicóloga.
Ansiedade contribui para um trânsito mais violento
(Foto: Freepik)
Outro efeito desse
cenário é a dificuldade de concentração, algo indispensável para a condução de
um veículo. “Pessoas
ansiosas têm maior dificuldade em manter o foco, mesmo por curtos períodos de
tempo. A pressão para dar conta de todas as atividades gera pessoas desatentas,
sem concentração, cansadas e muito irritadas”, afirma
Angélica.
Coimbra lembra
que a falta de atenção é um dos principais causadores de sinistros de trânsito.
“É urgente cuidar da
saúde mental e psicológica dos motoristas e isso só vai acontecer quando o
poder público e a sociedade entenderem o trânsito como um espaço coletivo amplo
e multidisciplinar. Negligenciar a saúde física e mental dos condutores é
contribuir para que o Brasil tenha cada vez mais mortes evitáveis”,
completa.
Alysson Coimbra é médico e diretor
científico da Ammetra
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