Como humanizar a gestão de funcionários no trabalho remoto
A pandemia acelerou a transformação
digital nas empresas e uma das principais revoluções aconteceu na área de
gestão de pessoas. Especialistas no mercado de trabalho já vinham sinalizando
que o home office era uma tendência, porém havia resistência em sua adoção,
motivada principalmente pela dificuldade em mensurar os resultados
proporcionados pelo formato.
Quando não foi possível “fugir” dessa
inovação por conta do isolamento social, os benefícios começaram a aparecer,
entre eles um aumento nos índices de produtividade dos profissionais, como
mostra a pesquisa Novas Formas de Trabalhar, realizada pela Fundação Dom Cabral
em parceria com a Grant Thornton e a Em Lyon Business School. O levantamento
aponta que mais de 58% dos entrevistados afirmam ser mais produtivos ou
significativamente mais produtivos em home office, uma elevação em comparação
com 2020, quando esse índice ficou em torno de 44%.
Com o avanço da vacinação e a redução
nos índices de contaminação, algumas empresas decidiram adotar o modelo híbrido
de trabalho, que inclusive tem sido um importante diferencial no momento de
atrair novos talentos. Muitos profissionais estão considerando a possibilidade
de trabalhar remotamente como um fator decisivo no momento de escolher o
próximo emprego.
Outra inovação que veio com a
transformação digital ocorreu nos processos seletivos, que mudaram
completamente com a automação e o uso da inteligência artificial – que são,
inegavelmente, marcos importantes pela agilidade que trouxeram aos processos.
No entanto, é preciso estar atento ao uso dessas ferramentas, pois o componente
humano é imprescindível e parte essencial de uma experiência positiva para os
candidatos.
Outro ponto importante é repensar os
processos atuais, já que muitas empresas ainda estão presas a processos
burocráticos e morosos. Em um cenário em que mudanças repentinas serão cada vez
mais comuns, é mandatório reduzir burocracias e otimizar etapas, ao mesmo tempo
em que garantimos a qualidade e a assertividade dos processos.
Considerando todos esses pontos, o foco
dos gestores de RH deve estar na adoção de estratégias para humanizar os
processos seletivos e no incentivo para que líderes e gestores se relacionem
com os profissionais que estão trabalhando remotamente também de forma mais
humanizada. Uma forma de fazer isso com sucesso é conhecer o perfil
comportamental dos profissionais que compõem uma equipe.
Sabemos que para muitos líderes a gestão
remota ainda é um desafio e, pensando em facilitar esse processo, foram
desenvolvidas ferramentas que ajudam nessa função. A Thomas International, por
exemplo, criou um relatório de assessment específico, o Gestão de Profissionais
a Distância, cuja base é a metodologia DISC, que classifica o comportamento das
pessoas em quatro tipos – dominância (D), influência (I), estabilidade (S) e
conformidade (C) – e é usada para melhorar a produtividade, a comunicação e o
trabalho em equipe.
Essa nova ferramenta da Thomas se
aprofunda em pautas de gestão, contribuindo para que o líder possa entender o
estilo de comunicação de cada profissional da equipe para, depois, desenvolver
formas e estratégias de motivar e gerir cada profissional individualmente.
Porém seu diferencial vai além disso: ela permite que os gestores descubram
como cada integrante da equipe está lidando com as mudanças impostas no dia a
dia de suas atividades.
É fantástico poder ter acesso a
informações ricas como essa e, além do assessment, é importante fazer reuniões
de alinhamento e acompanhamento de atividades, em que o gestor mostre seu apoio
e parceria. Ter objetivos claros e alinhados à organização faz com que o
colaborador se sinta parte do processo e se engaje ainda mais para alcançar os
resultados esperados.
Como especialistas em Recursos Humanos,
estamos sempre buscando inovar na oferta de serviços e produtos que sejam
capazes de humanizar os contatos com as equipes no home office, mas nada supera
o olho no olho, mesmo por meio de reuniões virtuais. Além das reuniões formais
de metas e de acompanhamento de área, é importante promover encontros mais
descontraídos, como cafés on-line com toda a equipe, com pautas informais, em
que todos possam falar um pouco do seu dia a dia. Esses “encontros” casuais são
críticos para que o colaborador sinta-se fazendo parte efetiva de uma equipe
coesa e produtiva.
Com tudo que mencionamos e os
acontecimentos atuais do ambiente de negócios, já podemos afirmar que o futuro
do trabalho é flexível. Não há dúvida de que existem times que ainda precisam
trabalhar dentro do escritório ou em áreas operacionais, mas já percebemos que,
para muitas empresas, o trabalho híbrido veio para ficar. Então, o desafio é
dar condições para que os colaboradores equilibrem a vida pessoal e a
profissional. Na minha opinião, essa tem que ser a prioridade zero de qualquer
líder ou gestor.
Assim, investir no Employee Experience é
uma prioridade. Muitas companhias focam recursos e investimento na captação de
novos profissionais, mas não investem na experiência de quem já está na
empresa. Precisamos fortalecer cultura, melhorar comunicação e engajar nossos
times.
Uma forma de priorizar essa perspectiva
é promover uma cultura de feedbacks contínuos, que não precisam necessariamente
ser formais. É fundamental comemorar pequenas conquistas e compartilhá-las com
outros colegas, estar sempre aberto para conversar, acompanhar as atividades,
esclarecer dúvidas logo que elas surgem e investir em treinamento e
desenvolvimento contínuo, estimulando o lifelong learning.
Se os gestores conseguirem incorporar em
suas atividades pelo menos algumas dessas dicas, certamente darão uma
importante contribuição ao futuro do trabalho e prepararão seus funcionários
para os cenários mais ambíguos que possam surgir – afinal, um time
bem-preparado é capaz de enfrentar e superar qualquer situação.
Rejane Matos – É administradora com especialização em Inteligência de Mercado e gerente de Marketing do Grupo Soulan e da Thomas International Brasil.
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