Reputação é questão de atitude e também diz respeito a médias e pequenas empresas
De um jeito ou de outro, não há empresário que
não se preocupe com a forma como sua empresa é vista pelo mercado
A reputação de marcas e
empresas pode parecer restrito a grandes organizações com suas complexas
estruturas internas e externas, suas agências especializadas no que quer que
seja, seus especialistas em gestão de crise prontos para entrar em cena se
houver um incêndio a apagar.
Mas pouco importa o
tamanho da empresa. Cada negócio tem seu mercado, seus fornecedores,
funcionários, clientes de diferentes tamanhos e personalidades, tem
influenciadores decisivos, bancos com que se relaciona com maior ou menor
intensidade, pessoas de carne e osso em cada um desses segmentos, pessoas que
podem falar bem ou mal sobre sua empresa, tenha ela o tamanho que tiver.
O mercado também não é
uma questão. Indústrias de parafusos, fábricas de queijo, hospitais, hotéis,
lojas tintas, revendas de automóveis, seja qual for o gênero da atividade, toda
e qualquer empresa, tem que se preocupar, de uma forma ou de outra, com sua
reputação, resultado líquido da forma como interage com as pessoas com que
cruza em suas múltiplas formas de atividade.
Cada vez que um
comprador recebe um fornecedor; cada vez que um entrevistador fala com um
candidato a emprego; ou quando um vendedor expõe seus argumentos ao comprador
de um cliente; quando o motoboy entrega uma encomenda, quando um consumidor
avalia o seu produto no ponto de venda; sempre, sem parar, a reputação da
empresa está sendo consolidada, positiva ou negativamente.
“Reputação não depende, apenas, do que
dizem eventuais anúncios. Tudo contribui para a reputação de uma empresa ou de
uma marca”, explicam José Carlos Stabel e Victor Olszenski.
Eventuais problemas
detectados na maior parte das vezes têm solução e na maior parte das vezes
dependem de um fator não muito fácil de ser alcançado, mudança de atitude,
disposição para enfrentar mudanças. Em muitos casos, boa dose de humildade para
reconhecer que quase sempre há problemas comportamentais cuja origem está nas
lideranças da empresa.
“Trabalhei para uma empresa que tinha
três sócios e um deles, muito competente, era extremamente agressivo, ou para
falar a palavre correta, grosseiro e, pior, até orgulhoso de sua grosseria, o
que contaminava o relacionamento tanto interno como externo. Havia clientes que
só concordavam em ter reuniões se houvesse compromisso de que aquele sócio
estivesse ausente. Num ambiente desses é difícil evitar danos à reputação da
empresa como um todo”, comenta o especialista.
Quando a palavra
“relacionamento” vem à tona, é importante lhe dar o verdadeiro significado.
Entenda-se: programa de relacionamento não é o simples cadastramento de
clientes para mandar cartão de aniversário, de Natal, um ou outro desconto
baseado na ideia “compre-10-que-o-11º.
será-por-nossa-conta”.
Relacionamento íntegro,
sério, por exemplo, do comprador com um fornecedor de matéria prima, leva, em
primeiro lugar, a flagrantes benefícios para as duas partes e pesa
favoravelmente na formação da “imagem” ou da reputação de uma empresa. Sem
falar dos inúmeros benefícios que advêm disso.
Coloque-se esse mesmo
raciocínio em relação a áreas tão distintas como Recursos Humanos, Vendas,
Finanças, Marketing, Produção e todas as demais. São inúmeros os “pontos de
contato”. Cada um contribui para a reputação da empresa.
Relacionamento, ainda
que passe em determinados momentos por diálogos até espinhosos e tensos, não
precisa deixar, sempre. respeitoso, coerente, leal. Esse clima, em todos os
setores de uma empresa, gera confiança, e empresa confiável tem, numa outra
ponta, o chamado “benefício da dúvida”, de valor inestimável em algum momento
de crise, quando antes de condenar a empresa por alguma falha, provoca reações
atenuadas com comentários do tipo “trata-se
de uma empresa tão séria, isso deve ter sido um acidente”.
Num tempo de contínuos
cortes de despesas como este que estamos vivendo, são as empresas médias e
pequenas que ficam mais expostas a riscos provocados por falta de zelo à sua
reputação, com reflexos os mais diversos.
“É preciso começar por uma análise mais
formal ou menos formal para detectar eventuais pontos fracos que estejam a
exigir cuidados mais urgentes. E seguir com a participação ativa, estilo mão na
massa, para que os fatores capazes de afetar a reputação sejam corrigidos. E
percebidas pelo mercado”, finalizam os especialistas.
Sobre José Carlos
Stabel
Jornalista e
Publicitário. Foi sócio da Lage, Stabel & Guerreiro BBDO. Foi ainda
Vice-Presidente da Norton Publicidade, Sócio-Fundador da Grey Direct no Brasil,
Sócio-Diretor da B-to-B Marketing Communication. Desenvolveu trabalhos, entre
outros, para Bayer; Cia. Müller de Bebidas (51 Pirassununga); Sadia; Unibanco;
São Paulo Alpargatas; Du Pont; Mercedes-Benz; Gilette; Citibank; Unilever;
Procter & Gamble, TMS Call Center, Central Surf, Rede Eldorado de Hotéis,
Hospital 9 de Julho.
Sobre Victor Olszenski
Mestre em Ciências da Comunicação, graduado em Publicidade e Propaganda, é Executivo de Marketing, Comunicação e Relações Institucionais com 30 anos de experiência acumulada em empresas como Telefônica/ VIVO; Pial-Legrand; Deca e Toyota além da Agência de Propaganda Z+G Grey. Desenvolve estudos nas áreas de Marketing Estratégico; Marcas e Comunicação Corporativa; Relações Governamentais e Institucionais; é palestrante e professor em vários Programas de MBA em Marketing, Branding e Comunicação, entre eles, Franklin Covey Education, ESPM, Anhembi-Morumbi, FMU, Faculdades Rio Branco, UNIP e UNITAU. É coautor do Livro: Um Profissional para 2020 – Editora B4.
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