Análise dos impactos da Super Quarta no Brasil, com FED e Copom
*Entrevista com André Crepaldi - Diretor de
Gestão de Patrimônio da WIT
Como nesta
quarta-feira, dia 21/09,
teremos mais uma Super Quarta, com reuniões de FED e Copom,
respectivamente, elaboramos junto à multi familly office WIT – Wealth, Investments and Trust -
algumas respostas sobre diversos pontos e desdobramentos que devem ser feitos
ao longo desta e das próximas semanas.
Fique à vontade para
usar as respostas do André
Crepaldi, Diretor
de Gestão de Patrimônio da WIT. E estamos à disposição para
abordar outros temas do mercado financeiro.
PERGUNTAS E RESPOSTAS – Super Quarta
André Crepaldi – Diretor de Gestão de
Patrimônio da WIT
- Quais as
expectativas para a reunião do COPOM dia 21/09? É esperado que o Banco
Central do Brasil aumente os juros ao patamar de 14%? Você acredita que
seja necessário este ajuste?
Acredito que a taxa
básica de juros não precise subir, porque teremos um cenário eleitoral, que
pode trazer novos desdobramentos. Mas para essa reunião do dia 21/09, eu diria
que a inflação está sendo contida, que já é resultado desse aumento da taxa de juros,
que vem acontecendo desde março de 2021. Por isso, estamos chegando no final do
ciclo de alta, os juros futuros já estão sinalizando o fechamento dessa curva
de crescimento, então acredito que não seja necessário aumentar nesta reunião.
O Banco Central
sinalizou que tenha espaço para aumento no sentido de dizer que talvez precise
aumentar em 0,25%, não necessariamente nesta reunião, pois já estamos
enxergando o resultado da desaceleração da inflação. Nos últimos dois meses, já
tivemos deflação e estamos caminhando para as expectativas do final do ano.
- Caso o Banco
Central aumente as taxas de juros mais uma vez, quais os seus conselhos
para os investidores?
Mesmo que o Banco
Central aumente um pouco, ele aumentará de forma mais leve, não continuará
subindo para 14,5% ou 15%, talvez seja um ajuste de 0,25 para chegar nos 14%,
no máximo 14,25%. Então, continua sendo um bom investimento o pós-fixado, que
fica atrelado à Selic e, também, já trava algumas taxas olhando um fechamento
de curva mais para frente. Agora pode ser uma boa hora para dar atenção aos
pré-fixados, porque a curva de juros deve começar a fechar no ano que vem, já
que a inflação começa a dar sinais de ficar mais controlada. Pensando no
horizonte de 2024, já tem sinais de que vai baixar a Selic. Então, travar o
pré-fixado agora pode ser algo que faça sentido, sempre olhando a
diversificação da carteira.
- E no caso de
se manter em 13,75%? Existe um movimento positivo em ações de varejo e
também nos fundos imobiliário. Seria uma retomada destes setores?
Eu diria que ainda
temos que ter cautela nesse sentido. Ao mesmo tempo que aqui estamos chegando
em um patamar de, possivelmente, um teto da Selic e começar a olhar o
fechamento da curva de juros futuro, nos Estados Unidos ainda estamos em um
movimento de aumento de juros para conter a inflação lá. Quando os juros ficam
mais fortes nos Estados Unidos, há o movimento de capital para uma moeda forte,
para uma taxa de juros norte-americana mais alta. E isso pode fazer com que
investidores, principalmente estrangeiros, olhem a renda fixa no exterior e
isso desacelere um pouco o movimento da bolsa brasileira. Além disso, ainda
temos as eleições, que pode ser um rally que vai afetar a bolsa. Não vejo com
tranquilidade para começar a montar essas posições, elas ainda podem sofrer
bastante oscilação nesse curto espaço de tempo de 60 dias.
Estamos enxergando mais
proteção das carteiras de ações com algumas operações estruturadas, do que
ficar posicionado em uma retomada 100%.
- Quando você
acredita que deve se iniciar o ciclo de queda de juros no Brasil? E quais
os impactos previstos nos investimentos?
O ciclo de queda ainda
levará mais um tempo, talvez no segundo semestre do próximo ano e tudo
dependerá também de como será o comportamento do novo presidente, como o
mercado vai enxergar. Se for o Lula, por exemplo, ainda não temos ideia de quem
serão os novos ministros da economia, o presidente do Banco Central não está
claro ainda quem que poderia assumir e isso pode ter um impacto no mercado.
Mas o impacto para a
economia é superpositivo, não olhando apenas os investimentos, mas a economia
em geral, porque os juros mais baixos voltam a estimular o consumo, a economia
gira, o que gera emprego e uma série de outros benefícios que são importantes
para o país.
- O Brasil,
aparentemente, está no fim do seu ciclo de aperto monetário. O BC vai
conseguir vencer essa batalha contra a inflação?
Sim. O fim do ciclo
está sendo enxergado porque o Banco Central já começou a dar sinais de uma
inflação contida, para começar a ter deflação. Então, por isso acho que o Banco
Central está conseguindo vencer essa batalha contra a inflação.
- A deflação e
o crescimento do PIB estão relacionados com o corte dos impostos e pacote
de auxílios. Como você vê o cenário em janeiro de 2023?
Depende muito das
eleições, mas em janeiro de 2023 eu acho que o cenário começa a ficar mais
claro, porque os juros ainda estão muito altos, o que impacta diretamente o
financiamento imobiliário e de veículos. Então, isso reduz um pouco o consumo
e, dessa maneira, temos um pouco da redução da inflação.
- Em dia de
Super Quarta, quais as expectativas para a reunião do FED dia 21/09?
O mercado já está
enxergando que os EUA precisarão aumentar mais os juros em 0,75% ou até chegar
a 1%, que é uma taxa de juros bastante alta, que não acontecia há mais de 40
anos nos Estados Unidos. Isso pode causar uma desaceleração nos Estados Unidos,
então já tem alguns players, bancos e casas de análise olhando até risco de
recessão nos Estados Unidos. Com uma recessão em um país como esse, acaba
desacelerando um pouco o resto do mundo, pois reduz consumo americano e
importações, e isso pode afetar inclusive o Brasil. O que se enxerga é que sim,
eles precisam subir os juros nos Estados Unidos para conter a inflação que está
muito alta.
Ano que vem será um ano
desafiador, no Brasil será um pouco mais tranquilo que o restante do mundo.
- E o quanto a
alta de juros nos EUA atrapalha o Brasil? E o quanto pode ajudar, visto
que o Brasil está encerrando o ciclo de alta?
Um dos principais fatores
é que o mundo vê países emergentes como o Brasil, como oportunidade de
investimentos, por terem os juros mais altos e oportunidades de retorno mais
altos. Mas quando temos um país que, em teoria, tem um risco muito menor, que
seria um país como os Estados Unidos, com uma moeda forte como o dólar, isso
atrai os investidores para a renda fixa americana, atrai os investidores
globais para a segurança de um país mais forte.
Este cenário pode fazer
com que investimentos que viriam para o Brasil acabem permanecendo lá nos
Estados Unidos. Acredito que isso pode afetar diretamente quando falamos de
investimento em renda fixa no Brasil. Não é apenas na bolsa, não é o capital
estrangeiro comprando ações na bolsa, pelo contrário, é comprando tesouros,
títulos públicos brasileiros que são a renda fixa e o volume grande que de fato
faz diferença para o país. A dívida pública nada mais é do que uma forma de o
país se capitalizar para poder investir em infraestrutura, educação e em tudo
que precisa ser investido. E se temos menos dinheiro sendo colocado para isso,
a atratividade dos títulos públicos diminui e faz com que venha menos dinheiro
para investimentos no país.
- A alta na
taxa de juros nos Estados Unidos, iniciada no final de março, é um dos
principais fatores que vem gerando volatilidade nos mercados globais. O
maior receio é de que os esforços para combater a maior inflação em 40
anos no país acabem levando a economia a uma recessão. O Fed conseguiria
subir os juros nos EUA sem que isso signifique necessariamente uma
recessão? Fala-se em pouso suave, por conta do mercado de trabalho
aquecido…
Seria um mundo ideal se
o país continuasse crescendo e gerando empregos, apesar de juros mais altos.
Como os países estão vindos de uma retomada pós-pandemia, eu acredito que pode
ser possível um aumento nos juros sem necessariamente causar uma recessão nos
Estados Unidos, porque se este ajuste monetário for sendo feito gradativamente,
pode ser como "um pouso mais suave", como o presidente do banco
Central americano, Jerome Powell, espera. Mas tem que ser dosado conforme o
tempo, acompanhando a reação do mercado e como a economia se comporta em
relação aos movimentos do Fed.
- A tendência
é de termos inflação e juros altos até quando nos EUA e Europa?
Acredito que vamos ter
juros altos ao longo de todo 2023 nos Estados Unidos e, principalmente, na
Europa, em decorrência da questão de oferta e demanda de gás, que já causou uma
inflação altíssima. Enquanto não há uma previsão de desenrolar da guerra da
Ucrânia, a tendência é de inflação alta.
- Por outro
lado, já se fala em uma estagflação na Europa. Quais cenários você
acredita que sejam mais prováveis em EUA e Europa e como isso afeta os
investimentos globais e no Brasil?
Eu acredito que a
Europa está caminhando para um cenário de estagflação. Teremos a questão de
conter a inflação pós-pandemia e, além disso, temos a questão da demanda
energética da Europa que ainda vai perdurar por mais um tempo até que as coisas
se controlem por lá devido à Guerra na Ucrânia. Então eu acredito que a Europa
ficará, de fato, nesse cenário de estagflação.
Os impactos para o
Brasil são talvez um pouco menores, mas ainda são altos, porque as demandas de
exportação podem ficar piores para o Brasil nesse sentido, de redução na
exportação da produção do agronegócio que são destinadas à Europa. Mas,
acredito que o Brasil está com mais chances de crescimento, porque o
agronegócio é muito forte, vem puxando a nossa economia e continuará nos
próximos anos. Então, o Brasil tem condição de se destacar, apesar da economia
internacional.
- Pensando no
investidor brasileiro, quais são as melhores oportunidades no momento?
Eu acredito que é
possível aproveitar o fechamento da curva de juros futuros, que seria
justamente quando a inflação estiver contida e começar a ter os cortes na taxa
Selic. O mercado financeiro sempre tenta trabalhar por antecipação, então é o
momento de aplicar agora, de montar as posições agora, travando as taxas, seja
em títulos de inflação e mesmo com ela contida, você está travando a porção
pré-fixada deste título, que tem uma parte pós-fixada que seria indexada à
inflação, mais uma parte pré-fixada, que estão com taxas interessantes para se
carregar à longo prazo e, também, em algo títulos pré-fixados, travando uma
taxa que pode ficar interessante para se carregar nos próximos 2 ou 3 anos.
Para aqueles que têm
mais apetite, já podem começar a montar algumas posições em ações, que deve
haver uma retomada, já que, historicamente, em anos eleitorais sempre se
enxergou uma retomada das ações, do Ibovespa nos seis meses subsequentes à uma
eleição. Então, em meses anteriores à eleição, o estudo não é conclusivo
se o mercado cai ou sobe, mas historicamente, após eleição, independente do
governo que assuma, temos uma retomada pois existe uma confiança maior do
investidor.
- O mercado
financeiro já está precificando as eleições brasileiras ou os fatores
externos, como as altas taxas de juros, estão pesando mais no momento?
Eu acredito que os
fatores externos estão pesando até mais que a eleição. A eleição já está até
precificada, mas o investidor estrangeiro acaba olhando um Brasil a longo
prazo, em 10, 15 ou até 20 anos e quando ele enxerga isso, não se vê tanta
diferença entre um governo ou outro. Hoje o mercado está precificando muito
ainda a questão dos juros nos Estados Unidos e na Europa com guerra até mais que
a própria eleição.
- Diferente de
todo o mundo, a China não tem acenado para o aumento da taxa de juros.
Quais os impactos para o Brasil?
Como o Brasil exporta
bastante para a China, um dos principais impactos aqui seria na balança
comercial, na nossa reserva de moeda estrangeira e, de fato, no impacto direto
da exportação de como isso poderia afetar as indústrias brasileiras. A China é
um país que consome muito, até pela população chinesa e pela demanda que eles
têm do restante do mundo, uma desaceleração da China pode impactar não somente
o Brasil, mas vários países que fazem negócios com a China. Querendo ou não, o
mundo é dependente da China, eles são uma grande potência. Uma potência
desacelerando acaba desacelerando o Brasil e o resto do mundo.
A própria política
Covid Zero na China acaba se tornando uma política monetária, então não
precisou subir os juros para poder conter um pouco a inflação e já causou uma
desaceleração na China.
Sobre a WIT - Wealth,
Investments & Trust
A WIT - Wealth, Investments & Trust é uma empresa especialista na gestão de patrimônio para pessoas, grupos familiares e empresas, atuando nas áreas de câmbio e remessas internacionais; assessoria de investimentos; seguros e benefícios; ativos imobiliários; consultoria patrimonial; e serviços financeiros. A WIT tem escritórios em Curitiba (PR), cidade de São Paulo e nos principais centros econômicos do interior paulista: Campinas, São João da Boa Vista, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Araçatuba e Votuporanga. Conta com uma equipe de mais de 200 profissionais que agregam valor ao seu patrimônio para que você valorize o melhor da vida.
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