Mídia programática e o DOOH: uma relação promissora para a publicidade
Por Bruno Campos de Oliveira, CMO da ADSPLAY
A mídia programática utiliza tecnologia
automatizada para comprar e gerenciar anúncios e, no caso de digital
out-of-home (DOOH), significa que os tempos de entrega da campanha podem ser
reduzidos de um dia para uma hora. A programática também permite a entrega mais
rápida de campanhas e dinâmicas que podem reagir a fatores externos como o
clima. Isso também é possível via OOH tradicional, mas exige uma logística que
praticamente inviabiliza a operação.
Antes de entrarmos nos detalhes, há
outra coisa que você precisa lembrar: o DOOH (digital out-of-home) programático
não é um canal muito diferente do DOOH tradicional ou OOH. É simplesmente uma
maneira diferente de comprar inventário (ou seja, o público) digital fora de
casa. Se a mídia programática remete a automação, então DOOH programático
significa utilizar machine learning e dados para automatizar o planejamento,
compra, segmentação, venda, entrega e medição de anúncios em telas digitais
fora de casa. Melhor ainda, é que essa tecnologia pode ser usada por todo o
ecossistema de publicidade, o que significa que tanto os anunciantes quanto os
editores (veículos) podem utilizar o DOOH programático para melhorar seus
resultados.
A publicidade programática nas mídias
DOOH vem crescendo nos últimos anos, com a tecnologia permitindo que os
anunciantes pausassem ou reduzissem quase instantaneamente as campanhas - algo que
sempre foi um desafio para o OOH tradicional. Agora que o mundo está de volta
ao 'normal', o uso de DOOH programático tornou-se um fator-chave na recuperação
de OOH. Nos EUA, está crescendo na mesma proporção ano a ano de quando a
exibição programática estava começando - de 2010 a 2013, a participação
programática da publicidade em exibição digital alcançou um crescimento de 4,5
vezes e, de 2019 a 2022, cresceu 4,6 vezes.
A mídia programática também reduziu as
barreiras, o que significa que muitas marcas novas e menores podem incluir DOOH
em suas campanhas pela primeira vez. A flexibilidade, o direcionamento
específico do local e a natureza orientada a gatilhos do DOOH programático
fornecem a eficiência e a agilidade que essas marcas precisam, em tempo hábil,
e estão gerando receita incremental para os proprietários de mídia, validando
sua decisão de habilitar a negociação programática.
É claro que o DOOH programático não pode
ser a única estratégia em uma campanha de mídia. Além disso, é preciso considerar
os formatos. Por exemplo, não é porque uma campanha de vídeo funciona no
YouTube que irá funcionar em um painel de rua. É preciso considerar as fontes,
o criativo, a comunicação, ou seja, tudo que envolve uma campanha de mídia
programática.
A programática também pode ser benéfica
ao executar campanhas em vários territórios. No passado, se você quisesse
agendar uma grande campanha, teria que negociar com um representante de cada
país, enquanto agora é possível dirigir tudo de um só lugar, o que é uma grande
vantagem. A natureza pública do DOOH exige moderação criativa mais rigorosa e,
em alguns casos, um grande número de restrições criativas precisa ser
considerado. Automatizar o processo de moderação, mantendo o controle do
proprietário da mídia, significa aprovações mais rápidas e confiança para os
anunciantes de que os anúncios serão exibidos nas telas certas em locais
apropriados.
Assim como no espaço online, o
anunciante em DOOH compra impacto. Na mídia programática online, geralmente
utilizamos o CPM (custo por mil impressões) para calcular as impressões, que
são 1:1. Ou seja: cada exibição gera um impacto. No DOOH, há o multiplicador de
impressões - um cálculo usado para determinar a impressão por reprodução de
anúncio para uma tela DOOH individual, já que a mesma pessoa pode ser impactada
diversas vezes pelo mesmo anúncio. Assim, o CPM é o custo por mil
impactos.
Não estar no espaço pessoal da pessoa é
um dos benefícios do DOOH. Se alguém se incomoda com a mídia programática em
seus dispositivos enquanto navega na internet, quando esse anúncio é visto na
rua, a pessoa simplesmente considera que se trata de uma mídia no caminho, seja
na rua, no elevador, na academia, no salão de beleza. Claro, que, como citei
acima, também é preciso investir em criativos para não cansar o target com o
mesmo anúncio o tempo inteiro.
Atualmente, no exterior, já existem
comitês OOH que estão trabalhando em padrões para DOOH para ajudar a reduzir a
fragmentação no processo e tornar mais fácil para as DSPs otimizar suas compras
em vários SSPs OOH. Embora ainda em desenvolvimento, ter os principais players
do setor trabalhando juntos para se alinhar, é fundamental para reduzir o
atrito no processo de compra e permitir a demanda futura.
O DOOH programático é cada vez mais capaz
de participar de forma integrada em campanhas omnichannel, com uma posição na
jornada do cliente, tanto no reconhecimento da marca quanto nos objetivos de
desempenho. Juntamente com os desenvolvimentos em andamento, a programática
continuará a tornar ainda mais fácil e desejável que mais anunciantes em todo o
mundo invistam em DOOH.
Bruno Campos de Oliveira é CMO da ADSPLAY. É formado em Marketing pela EACH-USP e se especializou em digital através de imersões diretamente no Vale do Silício - EUA. Também concluiu o xBA, Xponential Business Administration, ministrado pela StartSe University (EUA) e Nova SBE (Portugal). Há mais de dez anos trabalha com marketing digital, mídia de performance, e-commerce, tendo a oportunidade de trabalhar com diversas grandes marcas no Brasil e no exterior. É professor e embaixador de digital marketing da Escola Britânica de Artes Criativas e Tecnologia no Brasil e co-autor do livro “Mídia Programática de A a Z”, o primeiro livro impresso sobre o tema no Brasil.
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