Fábrica Escondida: o potencial inexplorado que freia o crescimento das organizações
Investimento em metodologias como o TPM é uma
opção para garantir maior competitividade e a continuidade nos negócios
*Por Moisés Ramos e Tatiana
Tanikawa
O termo “Fábrica Escondida”, ou Fábrica Oculta, ficou conhecido no final dos anos de 1970 graças ao empresário e especialista em controle de qualidade, Armand Feigenbaum. Segundo ele, “a não utilização de métodos que evitassem o retrabalho e o desperdício de materiais reduzia drasticamente o potencial de produção”. Seguindo essa definição de Feigenbaum, é fácil entender porque muitas empresas desconhecem as reais perdas que existem durante o processo produtivo, justamente por não possuir uma metodologia eficiente para identificar esses desperdícios e, consequentemente, não fazem uso pleno da sua capacidade instalada, surgindo assim a fábrica escondida.
Neste cenário, um dos gargalos de
produção e lucratividade das organizações é a falta de capacidade de
implementar técnicas eficientes de manutenção industrial. De acordo com a
Confederação Nacional da Indústria (CNI), apenas 15% das empresas têm o
objetivo de manter a capacidade produtiva com manutenção das máquinas, enquanto
11% pretendem introduzir novos produtos. Os dados revelam o tamanho do desafio
que a indústria tem pela frente quando o assunto é manter máquinas e
equipamentos em perfeita condição de uso.
Mas onde há problema, também existem
oportunidades. Para manter equipamentos funcionando de forma adequada e
entregando o máximo de desempenho, as empresas devem investir em Manutenção
Produtiva Total (ou Total Productive Maintenance - TPM), uma metodologia para
identificar perdas, interrupções e garantir a qualidade contínua dos processos
produtivos.
TPM abraça a Indústria 4.0
Se o conceito alinhado com as
tecnologias 4.0 tem como objetivo otimizar a produção, diminuir custos e
potencializar os resultados da organização, a metodologia TPM se torna uma peça-chave
para a Indústria 4.0, pois ela cria um senso de propriedade para os operadores,
que passam a enxergar um maior valor com o processo e com a sua máquina, além
de auxiliar na prevenção de falhas e paradas não programadas de equipamentos,
eliminar desperdícios e aumentar a disponibilidade e o ciclo de vida de ativos.
Nesta revolução 4.0, máquinas
interligadas por meio de dispositivos de IoT fornecem dados aos operadores, que
podem usar essas informações para implementar medidas a favor da conservação dos
equipamentos. Sob o prisma de manufatura enxuta, a IoT permite, por exemplo,
fazer manutenção preditiva ao identificar irregularidades ou anomalias na
máquina com antecedência, aumentando assim, a confiabilidade e disponibilidade
dos ativos.
Integração “Total” entre áreas
O primeiro passo para uma implementação
bem-sucedida de uma estratégia de manutenção produtiva é enxergar para além da
rotina dos operadores de máquinas. O “Total” do TPM refere-se a integração
entre setores da empresa, isso porque envolve engenharia, segurança do
trabalho, manutenção de máquinas e equipamentos, meio ambiente, qualidade,
treinamento e lideranças. Essa integração permite aumentar a performance global
dos ativos, identificar necessidades de melhorias no equipamento para evitar
custos de manutenção, reduzir os riscos de acidentes, além de avaliar a
capacitação de operadores, manutentores e áreas de apoio para melhorar a
atuação dos equipamentos.
Segurança do trabalho
Não é somente nos casos de manutenção,
mas também segurança operacional no dia a dia. Operadores precisam mitigar os
riscos operacionais para terem um ambiente seguro.
Em qualquer empresa e, sobretudo na
indústria, garantir a segurança dos colaboradores é primordial. Quanto maior
for a urgência da manutenção, maior é a probabilidade dos operadores correrem
riscos desnecessários durante a reparação. Por isso, o método TPM também tem um
pilar voltado para criação de um local de trabalho seguro e a integridade das
pessoas é inegociável.
Um ambiente seguro para as pessoas
trabalharem, zero desperdícios, fim das interrupções não programadas e maior
produtividade. Esses são alguns dos benefícios do TPM, que surge como uma
resposta à demanda por maior eficiência dos processos produtivos.
Na indústria 4.0, a metodologia pode
otimizar cada etapa do processo produtivo, a fim de implementar estratégias
eficientes de manutenção de ativos, aumentando a disponibilidade e o ciclo de
vida dos ativos, melhorando a performance de produção, bem como os índices de
qualidade e, principalmente, atingindo a meta de máxima eficiência. Esse é um
cenário que está em curso e a tendência é que o TPM siga no caminho para a
integração de todas as áreas das empresas.
*Tatiana Tanikawa é Consultora de
Negócios da Atech
* Moisés Ramos é Consultor Lean e Coordenador de TPM na Embraer
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