Há futuro para o mercado de tecnologia sem cultura organizacional diversa?
*Por Patrícia Kost
“A tecnologia move o mundo”. Essa é uma
das frases mais emblemáticas de Steve Jobs e segue atemporal. Trata-se de uma
alusão ao importante impacto que a tecnologia causa à sociedade, seja por meio
de inovações, facilidades ou de recursos cotidianos na vida das pessoas.
Seguindo essa linha, as pessoas são
fundamentais para a tecnologia. São elas as responsáveis pelo desenvolvimento
de soluções para o mercado e novidades para o consumidor. No entanto, o que
falta para que as organizações do mercado de T.I. tenham mais talentos?
A pergunta é pertinente se for
considerada a estimativa de déficit de 408 mil postos de trabalho do setor, com
perdas em acúmulo de cerca de R$ 167 bilhões, segundo levantamento da
Softex.
Pessoas profissionais da área de Ciência
de Dados, Desenvolvimento de Software, Design de Produtos, entre outros. Há uma
infinidade de possibilidades para atuar na área de tecnologia. Ao buscar razões
para essa sobra de vagas, é possível elencar a falta de experiência e/ou
competências necessárias de profissionais da tecnologia.
No entanto, a alta rotatividade,
precedida por falta de motivação, condições e ambientes considerados adequados
por profissionais, também fazem parte da realidade deste mercado. Portanto, um
dos desafios é compreender o que é necessário não somente para contratar, mas
também para manter talentos nas organizações.
Sob a ótica de uma profissional da área
de Pessoas de uma empresa consolidada há 12 anos no mercado de tecnologia, é
possível dizer que a Diversidade é um fator que precisa ser considerado. Mas,
quando falo em Diversidade é sobre todas as suas vertentes.
Em um período no qual o trabalho remoto
faz parte do cotidiano das empresas, a Diversidade Cultural é importante.
Vivemos em um país repleto de pessoas criativas, com culturas distintas que
podem ser complementares no dia a dia das organizações, então é necessário um
ambiente onde as trocas culturais complementem umas às outras.
O estímulo ao diálogo também é
necessário. É preciso debater e compreender as Diversidades de Gênero,
Étnico-Racial, PCD e Neurodiversidade no mercado de trabalho. Além disso, gerar
oportunidades para pessoas da geração 40+ também há de se tornar hábito nas
discussões organizacionais.
Se os debates são importantes, o
respeito é obrigatório. De nada adianta as discussões, palestras, workshops e
treinamentos, se os ensinamentos não são colocados em prática. Muito mais do
que construir uma cultura organizacional diversa, é essencial desconstruir
conceitos da sociedade que já não cabem mais atualmente.
Ao falar em desconstrução de conceitos é
que se ajuda na redução e no combate aos preconceitos, como machismo,
capacitismo, gordofobia, LGBTfobia, racismo, em suas mais diversas esferas e na
busca pela igualdade e respeito. É através de ações como discussões de
diversidade sem tabu e prezando por um ambiente que foque na inclusão, que
contribuiremos para transformar os ambientes de trabalho no mais seguros
possível para todas as pessoas.
A partir do momento em que as
pessoas pertencentes a grupos minoritários tiverem mais oportunidades,
atingiremos parte do problema e inevitavelmente teremos diminuição do déficit
de profissionais em um mercado tão necessário como é o de tecnologia. Mas, para
isso, é fundamental perceber que as pessoas são ainda mais
importantes.
Se Jobs disse no passado que a
tecnologia move o mundo, então é válido dizer que são as pessoas que movem o
futuro da tecnologia.
*Patrícia Kost é psicóloga e Líder da Área de Pessoas da Lambda3
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