Como o emprego no exterior pode fazer parte do seu plano de carreira
Por Thomas Jay
Brasil, maio de 2022 – Embora não haja estatísticas formais
sobre o tema, os recrutadores dão preferência a candidatos que tenham
comprovada experiência profissional no exterior. No atual cenário brasileiro,
de desemprego alto - quase 12 milhões de pessoas (Pnad IBGE, 1º
trimestre de 2022) e crescimento baixo – estimativa de 1,1% para este ano,
segundo o Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada –, contar com esta “simpatia” dos
responsáveis pela contratação é um enorme diferencial.
As vantagens para quem trabalha fora e
retorna ao país vão do desenvolvimento de competências técnicas na área e do
domínio de um segundo ou terceiro idioma – o que, por si só, já colocam o
candidato em posição privilegiada. A vivência no exterior agrega atributos
subjetivos, as chamadas competências comportamentais (soft skills), como
habilidade de conviver e trabalhar em equipe com pessoas de diferentes
culturas, capacidade de decidir e dar respostas rápidas a situações imprevistas
(algo bastante comum para quem mora fora de seu país de origem) e networking
vasto e globalizado, entre outras - características bastante valorizadas pelos
recrutadores.
Planejar é preciso
Considerar o trabalho no exterior no
plano de carreira requer planejamento prévio para decidir o melhor momento
profissional e pessoal para dar este passo. Chegado o momento, é preciso
considerar vários aspectos para evitar contratempos e tirar o melhor proveito
da experiência.
É fundamental dominar o idioma do país
onde se quer trabalhar e muitas agências de recrutamento e empresas exigem
prova de proficiência. Além disso, o candidato deve pesquisar sobre a situação
da sua profissão em termos de vagas, salário, carga horária, necessidade de
revalidação do diploma, legislação vigente, inscrição no respectivo conselho
profissional e exigências para obtenção do visto de trabalho.
Questões do dia-a-dia também devem ser
levadas em conta, como valor do aluguel e despesas com transporte e
alimentação, e é possível buscar estas informações em agências de recrutamento
ou com pessoas conhecidas que já residem no país. Antes de embarcar, tenha em
mãos um bom currículo ou, de preferência, seu perfil no LinkedIn atualizado na
língua estrangeira.
Da mesma forma que ao buscar uma vaga no
Brasil, prepare-se para a entrevista de emprego pesquisando sobre o
funcionamento e valores da empresa. Em frente ao entrevistador, transmita
confiança, tranquilidade e demonstre que você deu este passo importante na sua
carreira porque está disposto a enfrentar desafios. Uma vez instalado no país
estrangeiro, não deixe de investir no networking, desenvolver soft skills e manter uma
atitude de aprendizado contínuo não só pelas perspectivas técnicas, mas também
as culturais.
Vantagens imediatas
Para além da maior qualificação do
profissional quando ele retornar ao Brasil, o trabalho no exterior oferece
vantagens imediatas. Para ficar no exemplo dos profissionais de saúde,
especialidade da Health Recruitment UK, o salário
inicial no sistema público de saúde do Reino Unido, o National Health Service
(NHS), está em torno de R$ 25.000 (£3.333) para médicos e R$ 17.500 (£2,333)
para enfermeiros – neste último caso, mais que o triplo do piso brasileiro de
R$ 4.750 recém-aprovado pelo Congresso Nacional e que ainda carece de sanção
presidencial.
Para se ter uma ideia, há hoje na
Inglaterra cerca de 130.000 vagas para enfermeiros e técnicos de enfermagem (e
mais 50.000 devem ser criadas pelo atual governo britânico), 30.000 vagas para
médicos e cerca de 105.000 para cuidadores e enfermeiros em asilos. A maioria
dos países europeus têm taxa de desemprego menor que a do Brasil, o que aumenta
as chances dos candidatos a uma vaga. No Reino Unido, por exemplo, está em
3,7%, enquanto a média na zona do Euro gira em torno de 6,8%.
Outra vantagem é que o Brasil mantém
acordos internacionais de previdência com uma lista de países para que o tempo
trabalhado no exterior possa ser somado ao daqui para efeito de cálculo da
aposentadoria. Entre eles estão o Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai),
CLCP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e outros como Estados Unidos,
Canadá, Alemanha, Bélgica, França, Espanha, Itália.
Não importa qual o atual estágio da sua
carreira. Com planejamento e o apoio de uma agência de recrutamento idônea,
sempre é tempo de turbinar o currículo e vivenciar o desafio de uma carreira
internacional.
(*) Thomas Jay é CEO da Health Recruitment UK, agência de recrutamento especializada na busca de talentos para atuar em hospitais públicos e privados, asilos e organizações de saúde mental do Reino Unido, e County Councillor (equivalente a Deputado Estadual no Brasil) na Inglaterra. A empresa já recrutou centenas de especialistas para empresas, além de mais de 2.500 médicos estrangeiros para trabalharem no sistema público de saúde do Reino Unido.
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