Ao contrário de FIIs, cotas de empreendimento imobiliário trazem dividendos sem risco de mercado
Cotas não são negociadas na bolsa; investimento
é feito para financiar a construção do imóvel, que futuramente será negociado
pelo valor de mercado
Os fundos imobiliários (FIIs) têm se
popularizado rapidamente entre os investidores brasileiros. Segundo números da
B3, a presença deles nessa modalidade cresceu 660% de dezembro de 2018 a
janeiro de 2022.
O pagamento de dividendos, que podem
superar 1% ao mês em relação ao total do aporte, é o grande atrativo desse
investimento. Porém, a queda do mercado financeiro vem corroendo os rendimentos
dos FIIs. De acordo com o Ifix, indicador que reflete o desempenho dos
principais fundos imobiliários na bolsa brasileira, a rentabilidade média desta
classe de papéis foi negativa em 13,41% de 1º de janeiro de 2020 até 1º de
agosto de 2022.
O que isso significa? Na prática, ainda
que os FIIs paguem dividendos mensais superiores a 1%, a instabilidade atual do
mercado financeiro traz elevados riscos de desvalorização do papel,
comprometendo a rentabilidade final. Nesse sentido, uma das formas de fugir
dessa depreciação é investir em cotas de investimento imobiliário.
“As cotas de empreendimento imobiliário
também oferecem dividendos, mas sem o risco de desvalorização de papel como
acontece com os FIIs, pois não são negociadas em bolsa”, explica Jonata
Tribioli, especialista em cotas de empreendimento da Neoin, construtora e
incorporadora de São Paulo.
“Além disso, a inflação e a alta da
Selic nada alteram a rentabilidade da cota de empreendimento imobiliário, que
varia entre 18% e 24% ao ano”, explica Tribioli.
Principais diferenças
Os FIIs são negociados na bolsa de
valores. Para ter acesso a eles, o investidor precisa criar uma conta em uma
corretora e executar ordens de compra para as opções de seu interesse.
Já as cotas de empreendimento
imobiliário não são negociadas na bolsa. Para investir, a pessoa deve procurar
uma construtora e participar de uma rodada de investimentos. Após essa
conversa, ele poderá aportar seu capital em um projeto tocado pela empresa.
Ou seja, é um investimento direto em
imóveis para financiar sua construção. Até alguns anos atrás, as grandes
construtoras restringiam essa opção a milionários. “Hoje, porém, já é possível
adquirir cotas com um capital a partir de R$ 10 mil”, comenta Tribioli.
Como funcionam os lucros?
Os FIIs permitem ao investidor lucrar de
duas maneiras. A primeira é através de dividendos mensais, que são isentos de
Imposto de Renda. Eles resultam do pagamento que os inquilinos fazem pelos
aluguéis das cotas adquiridas.
O principal risco desse tipo de
remuneração está relacionado à vacância ou inadimplência. Durante a pandemia,
por exemplo, alguns fundos reduziram significativamente ou até mesmo
suspenderam os pagamentos, especialmente os do setor hoteleiro e de shoppings
centers.
Já a segunda maneira que os FIIs geram
renda é pela valorização das cotas no mercado. Porém, como os preços estão
sujeitos à lei da oferta e da demanda, os ativos também podem se desvalorizar e
até mesmo anular os ganhos obtidos pelos dividendos de aluguel.
As cotas de empreendimento, por sua vez,
geram lucro principalmente pelo momento em que o investidor entra no negócio.
Ao financiar as obras, o cotista paga pelo preço de construção do imóvel, que
futuramente será negociado pelo valor de mercado.
Além disso, o investidor pode optar por receber mensalmente, como acontece com a remuneração dos FIIs, ou ao final do período. O lucro do cotista também é pago na forma de dividendos, ou seja, sem a incidência de impostos. “Porém, enquanto as corretoras cobram a partir de 0,5% para administrar os fundos imobiliários, as cotas de empreendimento não estão sujeitas a nenhuma taxa adicional”, finaliza o especialista da Neoin.
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