Gestão acertada reduz demissão surpresa
*Por
Pedro Signorelli
Pesquisa da consultoria Produtive, realizada
nos meses de maio e junho deste ano, trouxe um apontamento interessante, 61,4%
dos trabalhadores demitidos disseram que não esperavam por essa decisão.
Para começar gostaria de tocar em algo
que venho falando com uma certa frequência que é o propósito em tudo o que
fazemos, aqui em especial focando no campo profissional. A pandemia deixou um
rastro que ainda não foi corrigido pelas empresas, que é o do excesso de
reuniões. Num período fazia sentido, não estávamos acostumados a trabalhar à
distância. Agora estamos. Porém não paramos com essa medida.
Essa não é uma ação sem consequências,
recente estudo realizado por Steven Rogelberg, professor de ciência
organizacional, psicologia e gestão da Universidade da Carolina do Norte,
conclui que as grandes empresas gastam US$ 100 milhões por ano com reuniões
desnecessárias. Naturalmente as companhias menores têm uma despesa ou um
desperdício menor com essas ações, mas é fato que também o tem. A conta tem que
ser feita conforme o tamanho de cada uma.
De forma prática, além de todo esse
gasto, se uso meu tempo participando de reuniões como resolvo aquilo que pede
minha atenção? Além disso, é comum que muitos participantes nem saibam o porquê
de terem sido convidados para aquele encontro. Isso pode de alguma forma
comprometer o resultado do trabalho? É claro que sim e se não há entrega,
naturalmente há um aumento na possibilidade de entrar na fila daqueles que
serão desligados, caso a empresa passe por algum problema financeiro, o que
temos visto de maneira recorrente, especialmente em startups.
É necessário adotar uma postura e
ferramentas que permitam fazer a análise do desempenho de cada um dentro da
organização da maneira mais objetiva e eficiente possível. Indico o uso dos
OKRs - Objectives and Keys
Results (Objetivos e Resultados Chaves) -, por ser uma ferramenta
ágil de gestão onde, dentre várias outras coisas, você atualiza um software com
o avanço do seu trabalho ou faz uma reunião bastante objetiva, aproveitando
melhor o tempo dispensando com isso diversas reuniões. Também o funcionário
sabe o que fez e o que precisa fazer, se não souber, cabe a liderança atuar e
fornecer os elementos necessários. Naturalmente, se ele estiver em débito com
suas atividades, não será surpreendido se entrar numa lista de demissões.
Outro ponto importante em todo esse
cenário é o de que é preciso entender os motivos do atraso nas entregas das
atribuições de cada um. Neste caso, valem os feedbacks pontuais e frequentes
para que se entendam essas razões e, mais, para ajudar aquele integrante do
time a se desenvolver melhor. A pesquisa da Productive mostra, inclusive, que
35,7% dos funcionários desligados não ficam sabendo nem na hora da demissão
quais foram as razões que os colocaram naquela condição. Há aqui uma
demonstração clara de que a troca de informações é rara. Em alguns casos,
vários até, aquele que não tem uma entrega satisfatória não está na função
ideal. Basta um ajuste pequeno. Esse apontamento está nas premissas da gestão
por OKR aliada ao Constant Feedback and Reward (CFR) ou feedback e
reconhecimento constante.
Uma boa troca de informações com cada
membro da equipe, com ajustes pontuais, rende muito mais que uma reunião geral,
que tira a todos de suas funções, mas que, na verdade, serve apenas para um ou
outro. Nesses encontros pontuais e pessoais, indico apontar o que foi alcançado
e o que ainda não se conseguiu alcançar para, não só corrigir uma rota, como
também, se necessário, mudar, ou, no caso, trocar aquele membro da equipe de
função.
Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKR. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/
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